Pornô chic

Pornô chic Hilda Hilst




Resenhas - Pornô Chic


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readwithjuly 28/02/2021

Uma banana
Acho que ninguém tá realmente preparado pra o começo do livro, Lori Lamby gera muita repulsa e faz vc quase abandonar o livro, então sim não é um livro pra muita gente, mas com o final você passa a entender o propósito das bananeiras/bandalheiras que a Hilda quis alcançar com Pornô Chic.
Daniel1841 03/03/2021minha estante
Hahhaha "uma banana", excelente definição.




Raissa 25/01/2023

Simplesmente, pornografia!
Primeira obra q leio da HH e me surpreendi bastante; senti nojo, raiva, confusão e tb ri em algumas partes. N acredito q eu tenha entendido a obra por completo, mas realmente existem críticas à indústria pornô aí. Mtos homens escreveram críticas dessa forma e são vistos como gênios, já a coitada da Hilda sofreu bastante... N digo q é uma obra perfeita, mas se vc tiver mente aberta, acredito q vai levar alguma coisa dessa experiência
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Robert125 30/01/2021

Apreciei sem moderação.
Você não pode julgar um livro sem ter o terminado, isso é óbvio! Se tu parou na terceira página da obra e deu 1 estrela, eu sinto muito... Você perdeu uma ótima obra!

O objetivo de Hilst é chocar, causar sensações perturbadoras no leitor, através de reviravoltas inimagináveis. É preciso ser levado o contexto que o escrito foi produzido, acima de qualquer outra coisa, para que a leitura se torne mais palatável.

Eu gostei, mas mesmo assim fiquei extremamente confuso em algumas partes da narrativa devido ao fluxo usada pela autora, porém é inegável a forma como Hilda sabe contar bem uma história. Infelizmente, durante minha leitura, sinto que alguns pontos ficaram desconexos e sem sentido em sua totalidade, transformando alguns pornôs chic em apenas modestos.

Ri bastante. Fiquei perplexo. Perdido. Hilda Hilst cumpriu de maneira magnífica seu propósito, criando seu próprio lixo chic e vintage.
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Tamires 19/07/2019

Pornô Chic, de Hilda Hilst
Apesar de não ser um gênero que atualmente eu leia muito, já li uma boa quantidade de Sabrinas, Julias… (insira um nome feminino qualquer aqui que estampou a capa de algum romance de banca de jornal). Além disso, não passei incólume à febre literária capitaneada por Cinquenta tons de cinza, que levou o estilo erótico soft porn para as prateleiras das livrarias e que ainda mantém a temperatura de alguns leitores lá nas alturas.

Mas Pornô Chic, coletânea dos livros eróticos de Hilda Hilst, é totalmente diferente de qualquer coisa que eu já tenha lido (e talvez ainda vá ler). Sabe aquele livro que você não sabe bem definir se gostou ou não logo depois de ler? É esse da Hilda Hilst.

Acontece que Pornô Chic é um ótimo livro. Se você gosta de literatura erótica e ainda não leu, leia assim que possível. Mas os livros que compõem a fase obcena de Hilst não são como os que comumente lemos como pornografia, como os citados acima. São textos (prosa e poesia) que exploram temas como incesto e pedofilia, e também prostituição e uma sexualidade despudorada, tudo isso com um refinamento ímpar de escrita, bom humor e brasilidade.

Confesso que, durante a leitura de O caderno rosa de Lori Lamby (1990), que abre a edição da Biblioteza Azul, eu senti um incômodo tão grande que pensei que não avançaria para os outros livros da coletânea, Contos d’Escárnio – Textos Grotescos (1990), Cartas de um sedutor (1991), Bufólicas (1992) e outros textos esparsos reunidos para essa edição. Hoje fala-se muito em causar; Hilda Hilst já fazia isso lá em 1990, antes mesmo do boom da internet e das redes sociais, ao lançar um livro em que a narradora, uma menina de oito anos, fala sobre as suas aventuras sexuais com homens mais velhos, atividade que lhe rendia mais dinheiro que os livros que seu pai escrevia. Lori nos conta que o editor de seu pai recomenda que ele parta para a bandalheira; bandalheira vende! Era Hilda Hilst criticando o mercado editorial brasileiro. A escritora sofreu com essa falta de leitores; por quase toda a vida foi publicada apenas em pequenas tiragens e por editoras independentes. Resolveu partir para a bandalheira para ser lida, mas não de forma comercial como muitos escritores. Hilda, que nunca teve medo das críticas, se jogou em uma literatura que explora o que temos de mais íntimo e grotesco.

Uma das coisas mais geniais deste livro é que, comparando com cenas de sexo de outros livros pretensamente eróticos, aqui temos sexo de verdade. A autora não usou artifícios de linguagem hoje repetidos quase a exaustão, como diversos eufemismos para os órgãos sexuais, cheiros irreais para o órgão sexual feminino, o leve conservadorismo travestido de libertinagem amplamente difundido (na atualidade) depois de Cinquenta Tons de Cinza e reproduzido por autoras de livros eróticos e romances de época mais ao estilo hot. Em Pornô Chic todos transam, ninguém precisa ensinar ninguém, com exceção, talvez, de O caderno de Lori Lamby. Também gostei das várias referências que Hilda fez a autores clássicos, grande parte ingleses, nos diálogos de seus personagens.

Pornô Chic foi um susto, um acontecimento literário na minha vida de leitora. Algo que vou ler e reler para entender (e me divertir, óbvio) e essa edição da Biblioteca Azul é perfeita, tanto na parte estética quanto no conteúdo. O livro é ilustrado (!) e conta com valiosos textos de apoio. Eu já era fã de Hilda Hilst por sua poesia, que foi outra experiência literária muito gratificante para mim. E agora tenho Pornô Chic: meu mais novo pornô de cabeceira.

Aprecie com moderação. Ou não.

site: https://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-porno-chic-de-hilda-hilst/
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Ná Silva 11/05/2023

Pornô Chic foi um acontecimento literário na minha vida de leitora.

Se você gosta de literatura erótica e ainda não leu, leia assim que possível. Mas não espere ver o que comumente lemos como pornografia. Porno Chic explora em poesias e prosas temas como incesto e pedofilia, e também prostituição e uma sexualidade despudorada, tudo isso com um refinamento ímpar de escrita, bom humor e brasilidade.

Em Pornô Chic todos transam, ninguém precisa ensinar ninguém, aqui a literatura explora o que temos de mais íntimo e grotesco. Boa leitura.
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MarAlia63 19/09/2019

Primeira impressão: ESSE LIVRO É A COISA MAIS LINDA DO MUNDO.
capa, ilustrações, detalhes... fiquei apaixonada por ele.
Hilda Hilst tava boladissíma porque pouquíssimas pessoas conheciam seu trabalho, foi lá, escreveu esses contos e poemas pra chocar... E CHOCOU!
Ouso dizer que não é um livro pra qualquer leitor.
Precisa-se de estômago... HH escreve sem censura, mistura um pouquinho de tudo que se diz proibido, personagens ousados, pervertidos e as vezes assustadores.
Possível escrever tudo isso com fineza? Pois é, ela conseguiu fazer isso.
Adorei a experiência de conhecer essa obra e a autora.
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Luana.Torres 03/01/2021

Abandonei
Não aguentei 3 páginas do livro que começa pelo Caderno Rosa de Lori Lamby, uma criança de 8 anos que é prostituida pelos pais.

Me enojei, é indigesto, grotesto, desnecessário.

Já havia lido um livro de poemas de Hilda e me encantei, então procurei colocar na minha lista de leitura outras obras suas, dentre elas, Pornô Chic. Não sabia do que se tratava, mas nem em um milhão de anos achei que fosse isso.

Fechei o kindle e entrei nas avaliações do Skoob para tentar entender que porra era aquela que tava lendo. E me surpreendi com tanta gente elogiando um livro que começa por pedofilia e exploração sexual. Nojo.

Ainda bem que nao gastei dinheiro com isso, era PDF. Ja deletado do kindle.
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Victória 03/02/2023

O que mais gostei foi do caderno rosa. Os textos de escárnio fiquei sem entender um pouco o propósito.
A história do Tiu gostei de acompanhar, achei bem melancólico. Mas as cartas do Karl, eu não entendi. Foi apenas um recorte da vida deles que não entendi. A irmã está isolada há 15 anos, por que agora essa insistência?
A escrita dela é sensacional, isso não tem nem o que falar.

Foi o quarto livro do desafio de fevereiro: 28 livros em 28 dias
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jackpveras 15/07/2023

Bonzinho
Obra literária que satisfez o desejo da escritora, até então ignorada por muitos: chocar e atrair para si o olhar indiferente da crítica e dos eruditos literários.

Um petardo erótico/existencial que mistura tudo de bizarro da natureza humana nas páginas deste livro.

É uma pena que as histórias depois do Caderno Rosa se tornam enfadonhas (mas a do Crasso e Clódia é bem interessante e engraçada).

Recomendo para quem não tem pudores e/ou o filtro do politicamente correto. Isto aqui é literatura e, como tal, precisa ser tratada com a devida apreciação.
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Vicente.Sanches 24/01/2023

"É metafísica ou putaria das grossas?"
HH, em Pornô Chic, explora os limites formais e morais da literatura, misturando pornografia do mais baixo calão à mais fina prosa. Uma beleza.
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Thais M 27/02/2021

- Essa obra da Hilda Hilst pode ser no mínimo definida como impactante.

- E como alter ego de Hilda podemos encontrar em Crasso um narrador-personagem de "Contos d'escárnios - Textos grotescos", uma declaração que muito reproduz o sentimento de Hilda quanto a essa nova fase de sua escrita. Em que Crasso, que já era um sexagenário que resolve escrever seu primeiro livro, motivado pela baixa qualidade dos textos que lê nos diz no trecho: "Resolvi escrever este livro porque ao longo da minha vida tenho lido tanto lixo que resolvi escrever o meu. Sempre sonhei ser escritor."

- Conforme Caio Fernando de Abreu declarou no posfácio, com a publicação de O caderno rosa de Lori Lamby, Hilda renunciou publicamente à literatura "séria" - que lhe conferira, por parte do crítico Leo Gilson Ribeiro, o epíteto de "maior escritor vivo em língua portuguesa" - e decidiu publicar, daqui pra frente, apenas histórias pornográficas. Bem-sucedidas, essas histórias, já em segunda edição por Massao Ohno Editor, serão seguidas por Contos d’escárnio e Cartas de um sedutor.

- Portanto, Hilda é um mistério a ser desvendado, dividindo opiniões ora a considerando como uma escritora grotesca ou considera suas obras como excelentes.
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Ana Luíza 03/05/2020

Hilda Hilst é um furacão
Hilda é uma das maiores escritoras do Brasil. E, enquanto viva, sabia disso. Sua grandiosidade é tão inegável que, mesmo ousando escrever "bandalheiras" - como ela mesma afirma -, o leitor percebe e reconhece o perfeito trato linguístico, as vorazes referências e as intensas críticas (sobretudo ao mercado editorial) neste compilado de sua obra erótica que é o Pornô Chic.

Hilda bebe muito da fonte barroca, e isso é perceptível pela recorrência com que o grotesco se mistura ao divino em toda a sua obra, numa narrativa extremamente rebuscada, diria até difícil; é uma leitura árdua que nos atravessa - nos enoja também -, mas que não cansa nem entedia. Mas certamente intriga. E muito.

Hilda se despe completamente dos moralismos e do politicamente correto ao escrever suas "bandalheiras"; à época, foi criticada até mesmo pelos amigos mais próximos. Diziam que ela havia exagerado, ido longe demais. Sua obra erótica-pornográfica surgiu como uma "reação" ao fato de ser pouco lida, pouco criticada, tida como uma escritora "difícil". O tema talvez atraia diversos leitores, mas o fato de ser erótica-pornográfica não transforma a obra em algo mais tragável, fácil, uma leitura de passo e percurso leve. "O caderno rosa de Lori Lamby" é indigesto e grotesco; "Cartas de um sedutor", um tanto incômodo e difícil; e o "Contos d'escárnio" apresenta uma leitura bastante desafiadora. Pois, além de domar a narrativa de uma forma extremamente peculiar e própria, um traço interessante das obras da Hilda é a fluidez de gêneros textuais – num mesmo enredo, ora se escreve em cartas, ora em peças teatrais, ora em poesia, ora em uma prosa que se desloca entre os acontecimentos "reais" e a histórias dentro das histórias, que seus personagens criam.

A fortuna crítica é um deleite à parte e toda a edição é belíssima, muito bem diagramada. Das muitas frases impactantes, resolvi grifar e trazer esta, que muito dialoga com o momento presente: "(...) porque ser brasileiro é ser ninguém, é ser desamparado e grotesco diante de si mesmo e do mundo".

Seria muita pretensão da minha parte, que por enquanto sou apenas uma leitora iniciante e admiradora comum, dizer que compreendo Hilda Hilst em toda a sua imensidão. Dizer que entendi todas as histórias neste compilado que é o Pornô Chic. Dizer que a obra é somente sobre "bandalheiras". Não e não. Não é. E justamente por este inegável espanto, por essa incompreensão latente e, sobretudo, por essa narrativa arrebatadora e desafiadora, que considero, antes de tudo, Hilda um verdadeiro furacão e esta como uma das maiores obras da literatura contemporânea que já li.
Maria 24/12/2020minha estante
Adorei a resenha!




Julhaodobem 08/03/2021

Resenhando Porno Chic
Livros são a porta para o conhecimento dentro de um mundo que criamos em nossa mente sem percebermos, e quando damos conta você recebe o título mais gratificante, é chamado de leitor ou leitora. Quem esta entrando no mundo da leitura provavelmente já ouviu esta explicação em vários formatos, na vida de um leitor estamos sujeitos a várias transformações de leituras em uma simples virada de página. Ler Porno Chic foi uma delas, não foi pela putaria fantasiosa e sem ligação com a realidade como Cinquenta tons de cinza ou pela pedófilia mental em Lolita, Hilda Hilst possue uma história de vida na literatura brasileira que se tomarmos a devida atenção perceberemos que a tetralogia pornográfica de Hilda possue um significado simbólico tanto em sua literatura, como era ser uma mulher escritora e que pensava entre os anos 50 e 70.

Depois de ter publicado em torno de 30 livros desde os anos 50, até os anos 80 ela não teve nenhum reconhecimento de seus escritos como uma verdadeira literatura brasileira. Era algo estranho, as pessoas sabiam quem era Hilda Hilst mas nunca leram seus livros, era criticada por criticos ou pessoas do ramo da literatura mas nenhum nunca comprou um livro seu. Ela participava do projeto da faculdade Unicamp para escritores residentes, um projeto da instituição para colocar os estudantes que se interessavam pela literatura mais perto de escritores que estavam a muito tempo no ramo da escrita, mas ninguém conversava ou chegava em sua mesa para tirar dúvidas pelo seu comportamento sincero até demais, além de terem medo dela. Com quase 60 anos, Hilda jogou tudo para o alto e disse que dali em diante só escreveria livros pornográficos pois com mais de 30 livros publicados não conseguiu o merito que merecia, uma forma de dar uma "banana aos editores" como ela falaria algum tempo depois em uma entrevista a TV cultura. Não teria conhecido Hilda Hilst sem um pequeno empurrão, 2020 foi um ano caótico e 2021 ao que me parece é a parte dois, no meio de ansiedades e perturbações conheci o clube do Livro de Taty leite, do canal Vá ler um livro no YouTube, onde li com o clube Quarto de despejo de Carolina María de Jesus. Com o clube do livro aprendi a história da Hilda e o porque na metade da sua vida ela quis escrever textos tão fortes, o que me fascinou depois de estranhamentos e sensações eróticas que a tetralogia pornográfica é muito mais que paus, bocetas e zoofilia, a autora consegue jogar a sua vontade e a raiva escondida de uma escritora que trabalhou duro para ser reconhecida mas que acabou virando aos olhos dos editores uma escrita paria.

Somente compreendi este livro com o clube do Livro de Taty leite, sem ele eu nunca leria este livro, provavelmente correria dele. Portanto deixo aqui um Jaba do bem, convido você a participar e ler conosco literatura totalmente brasileira e se aventurar nas páginas, conversas com mais de 700 pessoas que exalam suas energias literárias que vem de todo o Brasil e dos brasileiros que estão pelo mundo, deixo aqui o link do nosso grupo do telegram: t.me/lendojuntos

Com Porno Chic, a edição que junta toda a tetralogia, tive muitas sensações e leituras inesperadas, começando com O caderno rosa de Lort Lamby, uma menina de 8 anos discursando em seu diário sobre suas aventuras sexuais com homens mais velhos em formato de fantasias colocada por eles. No começo confesso que achei repugnante a forma com que começou o livro, o ato da pedofilia é algo que estamos vendo infelizmente a cada dia mais em jornais ou redes sociais, não coloco como algo comum mas em primeiro momento achei que era mais uma história grotesca de pedófilia, só que aos poucos fui entendendo muito mais que atos carnais. O formato em diário por mais que tenha erros gritantes de gramática, são compreensíveis pois percebemos que é para mergulharmos na narrativa e acreditar que seja realmente uma criança que esteja escrevendo em sua mais simples inocência, visando o formato imaginativo do sexo em sua visão infantil. No fundo somente as pessoas de mente aberta irão entender como eu, não ha nenhuma chance de uma Lory Lamby ser real com as ideias que são mostradas no livro, percebi que quando entendi a história virou-se uma chave em minha mente, juntando com o objetivo da autora de escrever o caderno rosa, percebe-se que realmente ela está dando uma "banana filosófica" aos editores que tanto a julgavam e consequentemente dificultavam a publicação de seus livros pelo brasil. O caderno rosa de Lory Lamby foi para mim talvez a minha leitura mais inesperada até o momento, somente depois de termina-lo olhei para o teto, sorri com uma simples cara de deboche e saquei a inteligência de Hilda Hilst em enganar, seduzir o ramo editorial com um livro em formato de protesto sem que percebam, tornando-os meros peixes caindo de boca em um ansol disfarçado.

Dentro do caderno rosa, há uma história junto que provavelmente é a história mais erótica em minha percepção nesta edição de porno chic, O caderno negro. Nele li uma fantasiosa perspectiva que em partes tem sua realidade, só que estrapola a um nivel que em algumas partes o meu nível de sanidade possa ter baixado por imagens eróticas muito descritivas mas que no fundo, entre quatro paredes, portas trancadas com cadeados e persianas fechadas, há pessoas que usurfluem de prazeres que a nossa sociedade "moderna" condenaria. Não irei tocar no quesito religião pois ja estamos cansados do mesmo discurso, portanto estou convicto que estamos a par deste assunto. No caderno negro percebi em alguns aspectos como o ato sexual, por mais que tenha suas conclusões diferentes, é um ato normal a ser feito, obviamente Hilda coloca seu toque para deixar seus leitores envergonhados, algo que só ela sabe fazer. Vendo por outro lado achei, com excessão de alguns acontecimentos carnais, a saciadez sexual mostrada é algo meramente realístico, quem lê acha repulsivo pois praticamente não se fala sobre o prazer sexual em lugares do nosso cotidiano, colocando o sexo como aquele velho tabu, portanto quando lemos fantasias como Cinquenta tons de cinza achamos aquilo normal mas quando nos deparamos com uma Hilda Hilst achamos repulsivo, mesmo sendo isto talvez a realidade do prazer do coito. Com uma leitura filosófica colocada com simples falas ou um nome de um personagem que remete personagens da filosofia e da história antiga, ao entender isto abre-se uma ligação paralela com o bacanal que acontece ao longo desta narrativa para algo de pura filosofia.

Passando para Contos de escárnio, depois de ter lido o caderno rosa e o caderno negro, este pareceu-me o mais leve até aquele momento, talvez tenha sido por causa de já estar acostumado com a leitura e a escrita de Hilda Hilst que já tinha me causado todo o estranhamento possível com o livro anterior, mesmo assim o teor pornográfico continua em Contos de escárnio. Por mais que em certas partes mais separadas e com muito humor negro, algo que transforma simples atos nos personagens em tirar boas risadas com o contexto que é criado ao longo da história com doses de filosofia. A estética da arte está muito presente por meio de uma personagem que suprime até um certo ponto suas angústias e vontades por meio de uma tela para pintar obras de arte. Em contra partida o protagonista me faz lembrar o típico mulherengo fracassado socialmente mas que esconde-se por meio do sexo a pressão de ser alguém no mundo. No meio de tudo isto mais uma vez está presente o manisfesto da autora em nunca ter recebido o merito que merecia por meio de um personagem que é o escritor, algo que enquanto lia balançava-se com a narrativa dos três personagens, que me proporcionou olhar aspectos da sociedade de uma forma deprimente mas escondido por formas de prazeres sexuais ou vocações mal resolvidas. Contos de escárnio para mim foi a forma mais "saudável" de Porno Chic, é claro que o sexo e a putaria continuam mas se desprendem totalmente com o tabu como os textos anteriores e deixa fluir como um gozo em uma obra de arte. Quando terminei fiquei com vontade de ler um livro longo só com estes três personagens, tanto pela forma de carisma como suas formas utópicas com pontos de realidade de ver o mundo a sua volta.

Com cartas de sedutor a leitura mais leve continua, claro que a pornografia sempre é uma parte importante que paira entre a história. O formato de cartas é uma grande peculiaridade da obra, somente vemos as cartas do personagem principal, sem nunca ver a visão do remetente, algo que achei fascinante pois me fez refletir se a outra pessoa era realmente tudo aquilo que o destinatário se referia e qual seria a resposta para com que sempre tenha respostas tão intimas que ao longo da história era revelado seu passado. A dinâmica feita com cartas sempre achei algo difícil de ser condensado em um livro, além de ser tediante. Mas com os aspectos colocados pela autora remonta uma história que há referências de sua própria vida com pequenas frases ou pensamentos dos próprios personagens, fazendo-me refletir sobre temas da sociedade de uma forma engraçada, sendo jogado em sua forma crua e sem discursos muito elaborados. Estou certo que foi uma leitura rápida e de fácil compreensão pois até aquele momento da leitura já estava totalmente dopado de Hilda Hilst.

Com o último "gostinho" de Porno Chic, Bufólicas é um pequeno compilado de alguns poemas da Hilda com histórias eróticas servindo como uma risada final depois de ler todo o livro, algo que a autora consegue fazer muito bem enquanto rima com palavras de muita putaria nos fazendo refletir de assuntos sexuais de uma forma que somente ela sabe fazer. Com Porno Chic tive alguns desafios, além de talvez ter escrito a maior Resenha de minha vida até agora, me possibilitou aprender uma literatura totalmente nova mais centrada, por incrível que pareça, na filosofia. Com temas de sexo mergulhei na vida de uma mulher muito afrente de seu tempo, uma escritora que não tinha limites para expressar seus pensamentos depois de um certo tempo, com isto talvez Lolita tenha perdido seu posto de livro mais aleatório que eu li para Porno Chic, pois diferente do primeiro este é um livro Brasileiro que crítica os próprios Brasileiros. Por mais que tenha sido escrito em tempos ditatoriais ele traz uma mensagem poderosíssima que eu, um pequeno jovem de 19 anos que sofreu apenas 15% da vida não conseguiria explicar totalmente a filosofia de Hilda Hilst, mas o pouco que compreendi para a minha idade entendi temas e suas discussões que provavelmente nunca iria pensar. Porno chic é sem sombra de dúvida um livro que deveria estar no ensino médio, nas ruas,nas salas de estar, nos hospitais e nos banheiros, principalmente nos banheiros de jovens garotos e garotas em sua calorosa puberdade.
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Cibele 11/05/2020

Indigesto, forte, pesado
Hilda traz uma leitura carregada, cheia de críticas e que leva o leitor ao limiar do absurdo, de se questionar sobre o que está lendo e de continuar a se surpreender. A leitura não é fluida, muito pelo contrário. Leva um tempo pra compreender o ponto de Hilda de fazer a ferida sangrar, sem que talvez isso sequer seja um objetivo da autora... mas sangra.
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jota 07/07/2015

Véia safada...
Com Pornô Chic a escritora Hilda Hilst fez literatura ou pornografia? As duas coisas, mas logicamente que ela privilegiou a arte e não a obscenidade. Verdade que choca um pouco a crueza de certas situações que ela nos conta ou a abundância (epa!) de palavrões que ela emprega. Sim, eles são abundantes, escandalosos, cabeludos, safados.

Como diz a certa altura uma de suas personagens participando de uma historieta rural, um “pornô-jeca”, como a autora chamava: “Hirda Hirste, (...) essa véia é safada.” E põe safadeza nisso especialmente quando HH conta aquela que deve ser, para muitos leitores, a melhor das histórias do livro, O Caderno Rosa de Lori Lamby. E certamente a mais safada (ou chocante, depende), pois a personagem é uma incrível menininha sobre quem o sobrenome diz muito...

Podemos ficar espantados com certas coisas que HH diz, conta ou imagina. Mas nos divertimos demais com tudo isso. E ainda tem, de verdade, o caso envolvendo ela mesma, Marlon Brando e o namorado dele, um ator francês. Caramba!

Enfim, não dá para levar tudo a sério em matéria de literatura, ler o tempo todo escritores altamente intelectualizados que nos dizem muito pouco da vida em suas várias facetas. Especialmente vivendo num país pornograficamente corrupto como o Brasil e tendo como presidente alguém que em vez de fazer um elogio à loucura (como Erasmo) ou outra coisa, faz elogio à mandioca.

Certamente HH tinha – ou teria - uma boa história para contar sobre esse tubérculo de duplo sentido. Muito mais útil para a vida dos brasileiros do que uma “mulher sapiens” na presidência da república.

Lido entre 02 e 07/07/2015.
Thiago 07/07/2015minha estante
Adorei o título da resenha, esse livro está entre os meus desejados.


Mayara ( @literaterapia ) 07/07/2015minha estante
Hilda é extremamente estimulante. Safada e inteligente, quem resiste?
Eu adoro "O caderno rosa de Lori Lamby", fala bastante dessa fase profissional que estava vivendo, mas "Contos d'escárnio" é demais. Literatura de altíssima qualidade!
A literatura da Hilda é a própria Hilda. Todos os temas que marcaram a vida dela estão presentes em suas obras trabalhados de forma fantástica!


jota 07/07/2015minha estante
Mayara: realmente, as história de HH são irresistíveis, safadas e muito bem-humoradas. Quero ler mais coisas dela.
Thiago: leia sim. Com HH o pornô é chic ou então é jeca. Jamais brega.




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