jota 07/07/2015Véia safada...Com Pornô Chic a escritora Hilda Hilst fez literatura ou pornografia? As duas coisas, mas logicamente que ela privilegiou a arte e não a obscenidade. Verdade que choca um pouco a crueza de certas situações que ela nos conta ou a abundância (epa!) de palavrões que ela emprega. Sim, eles são abundantes, escandalosos, cabeludos, safados.
Como diz a certa altura uma de suas personagens participando de uma historieta rural, um “pornô-jeca”, como a autora chamava: “Hirda Hirste, (...) essa véia é safada.” E põe safadeza nisso especialmente quando HH conta aquela que deve ser, para muitos leitores, a melhor das histórias do livro, O Caderno Rosa de Lori Lamby. E certamente a mais safada (ou chocante, depende), pois a personagem é uma incrível menininha sobre quem o sobrenome diz muito...
Podemos ficar espantados com certas coisas que HH diz, conta ou imagina. Mas nos divertimos demais com tudo isso. E ainda tem, de verdade, o caso envolvendo ela mesma, Marlon Brando e o namorado dele, um ator francês. Caramba!
Enfim, não dá para levar tudo a sério em matéria de literatura, ler o tempo todo escritores altamente intelectualizados que nos dizem muito pouco da vida em suas várias facetas. Especialmente vivendo num país pornograficamente corrupto como o Brasil e tendo como presidente alguém que em vez de fazer um elogio à loucura (como Erasmo) ou outra coisa, faz elogio à mandioca.
Certamente HH tinha – ou teria - uma boa história para contar sobre esse tubérculo de duplo sentido. Muito mais útil para a vida dos brasileiros do que uma “mulher sapiens” na presidência da república.
Lido entre 02 e 07/07/2015.