Lu 19/02/2020Um presente passado de geração à geração "Four little chests all in a row,
Dim with dust, and worn by time,
Four women, taught by weal and woe
To love and labor in their prime."
Eu sei que um livro é maravilhoso quando me percebo borbulhando de coisas para falar sobre ele. Uma resenha jamais resumiria com sucesso tudo o que eu tenho para dizer sobre Little Women, então eu nem vou tentar dizer tudo. Sendo um clássico, ele tem possibilidades inesgotáveis de conversas, reflexões e problematizações em suas páginas. Cada geração e cada leitor(a) em seu pequeno universo atualizará essa história, que segue precisando ser contada mesmo hoje. As minúcias do dia-a-dia de mulheres que cuidam da casa, dos filhos e da própria comunidade não são assunto corriqueiro, não são assunto pequeno. E eu sempre vou admirar Louisa May Alcott pela coragem de contar a história dessas mulheres (mulheres do seu mundo e mulheres do nosso mundo ainda hoje) mesmo em uma época em que existiam tantas políticas de silenciamento delas.
Logo que começei a ler a segunda parte desse livro (Good Wives), assisti ao filme de Greta Gerwig e, olha, não existe melhor tributo à Little Women e à memória da Louisa do que o filme. Não tenho vergonha de dizer que gostei mais da experiência de ver o filme do que da experiência de ler o livro, isso porque o filme foi feito na minha geração e a diretora teve liberdades criativas que a Louisa não teve. Ambos são trabalhos magistrais que não devem ser deixados de lado por parecerem coisa da mulherzinha e, em vez disso, merecem ser enaltecidos justamente por serem coisa de mulherzinha.
Considerei muito a nota que daria ao livro e, embora eu tenha ficado ~levemente~ frustrada com alguns aspectos (e com o capítulo Daisy and Demi inteirinho), cheguei à conclusão de que um livro que me faz refletir tanto não merece menos do que cinco estrelas.