Caroline Gurgel 12/04/2015Uma boa surpresa... Bem envolvente!O Voo da Libélula tem uma capa bonita, um título interessante, uma excelente sinopse, ótimas críticas e recomendações e, com isso, a promessa de uma leitura maravilhosa. E foi! Eu só não imaginava que estava diante de uma história tão envolvente.
Esse livro conta a história da pequena sobrevivente, um bebê de 3 meses, da queda de um avião, em 1980, na fronteira entre a França e a Suíça. O grande problema é que haviam dois bebês naquele voo, da mesma idade e com características semelhantes. Duas meninas, Lyse-Rose e Émilie. Em uma época em os exames de DNA ainda não existiam, duas famílias ? uma pobre e uma rica ? aparecem para brigar pela criança.
Diante de tantas incertezas, uma dessas famílias contrata um detetive particular, Crédule Gran-Duc, para tentar desvendar o caso. Por 18 anos, ele esteve mergulhado naquela história, tentando desvendar o mistério daquele voo, tentando descobrir se Lylie era Lyse-Rose ou Émilie, sem sucesso. Ele resolve se suicidar, mas antes escreve um diário, uma espécie de resumo de toda sua investigação, e o entrega para Lylie. Prestes a apertar o gatilho da arma que tiraria sua vida, Crédule Gran-Duc vê diante de seus olhos a solução que não enxergou em todos aqueles anos.
O autor começa sua história nos sensibilizando com o trágico acidente e o desespero daquelas famílias. Esse vai e vem de notícia triste, alegre, triste, com as duas famílias perdendo seus entes queridos, depois recebendo a notícia de que a bebê estava viva e, logo em seguida, descobrindo que ela pode estar realmente morta, me deixou aflita, um pouco angustiada e completamente imersa na trama.
A partir daí começa um suspense que me fez virar página após página, curiosa, tensa, sem querer parar. Ficamos nos perguntando se as evidências são o que parecem ou se o autor está apenas nos manipulando.
A história ? no presente (no caso, 1998) ? é contada em 3ª pessoa e nela acompanhamos Marc, suposto irmão de Lylie, ler o diário que recebeu. Esse diário é, na verdade, a maior parte do livro, onde conhecemos a vida das duas famílias envolvidas, nos 18 anos que se passaram após o acidente.
A escrita do diário é feita em 1ª pessoa, e ele é uma das ressalvas que tenho em relação a O Voo da Libélula. Demorei a me acostumar com seu tom, pois em alguns trechos parecia que o detetive falava comigo, no ano de 2015, e não com os personagens de 1998. Lentamente ele foi me convencendo de que não haviam tantas inconsistências assim, mas o incômodo permaneceu, especialmente quando repetia frases como ?não tenha pressa, ainda vou chegar a esse assunto?. Achei isso bem desnecessário e, como ele ia e voltava no mesmo assunto, algumas partes ficaram repetitivas.
Apesar disso, gostei bastante do que li. Os dois personagens principais, Marc e Lylie, são adoráveis e bem construídos. O enredo nos traz algumas reviravoltas simples, mas boas. Ora achamos que sabemos de tudo, que o autor já entregou o jogo, ora percebemos que ele recolhe as cartas e que na verdade não nos contou ainda quase nada.
Fiquei esperando um final surpreendente, complexo, uma trama cheia de pontos, mas não foi bem o que aconteceu. Ele é bem simples, mas nem por isso ruim. Gostei do desfecho, do drama que se seguiu, da mistura do triste e melancólico com o bonito e esperançoso. Gostei de como me senti ao término na leitura, da boa sensação de ter estado e me envolvido com aquela criança que cresceu sem saber quem era, apreensiva, atormentada pelas incertezas, mas que se viu forte e cheia de esperança de dias melhores. Um bom livro, certamente.
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