ragnaei 01/04/2019Uma nova perspectiva“(...)Meticulosamente ilustrado por Ashley Marie Witter, a versão em graphic novel do livro de estreia da rainha dos vampiros reconta a história sob um ponto de vista inédito: o da vampira criança Cláudia, a imortal de 6 anos de idade, órfã e assassina, vítima e monstro, representada por Kirsten Dunst na versão cinematográfica. As ilustrações em tons de sépia de Ashley Marie Witter retratam fielmente os personagens felinos e andróginos de Rice.”
A adaptação de Ashley Marie do livro “A entrevista com o Vampiro” se destaca ao colocar o ponto de vista de Claudia, que não tem sua própria perspectiva apresentada na obra original. Quem já assistiu ao filme ou leu o livro escrito pela autora Anne Rice, sabe que apresentação da série d’As Crônicas Vampirescas é contada a partir da voz do doce e atormentado Louis de Pointe du Lac, que, embora amasse Claudia imensamente, jamais soube compreendê-la por completo devido suas naturezas absolutamente diferentes.
Como uma grande fã dessa série de livros - embora eu não esteja meramente próxima do último livro -, eu mal pude me segurar ao ver esta graphic novel em promoção (obviamente comprei!). O estilo artístico da Ashley é uma mistura entre barroco e o gótico, chama atenção pelos detalhes e a semelhança palpável entre as personagens originais. As ilustrações se apresentam quase todas em escala de sépia, tendo apenas o sangue e o fogo destacado em vermelho vivo dando um toque especial na estética da obra.
De conteúdo, foi uma grande alegria poder conhecer aquela história pelo ponto de vista da criança-vampira Claudia, que, arrancada da humanidade ainda na tenra idade, sofre presa no corpo infantil ainda que tenha décadas e décadas de idade. Nesta obra, podemos sentir o ódio e o amor que ela nutre pelos seus dois pais, a angústia de ser prisioneira no próprio corpo e uma aversão pela humanidade que é tão diferente da narrativa de Louis e Lestat. Descobrimos mais mais da consciência daquela mulher rancorosa ainda que esperançosa que foi a vampira Claudia, uma das personagens que eu mais tive interesse em conhecer nos livros.
É angustiante, em muitas cenas, ler a evidente ignorância que a Claudia tem em relação ao seu vampiro criador Lestat. Para quem já leu o livro do personagem, rever toda a trajetória dessa problemática família de imortais, é reviver uma época em que sabemos que nenhum personagem realmente sabe algo sobre o outro, muito menos sobre famoso Lestat de Lioncourt, que nada podia compartilhar com seus “filhos”.
Embora se trate dos mesmo acontecimentos já contados, a narrativa tem um gosto especial pela mudança de perspectiva. Claudia é intensa e ativa, movida pela raiva e pela paixão, ela faz com que a história aconteça, diferente de Louis, que observava tudo quase que submisso aos abusos de sua vida eterna. E, talvez, por eu já saber qual seria o final, ler tudo aos olhos da vampira, tornou tudo ainda mais afligente e emocionante, deixando-me ávida e temerosa em relação a terminar o livro.
Para quem é fã dos livros da autora, essa graphic novel é essencial para rever o começo de tudo com um olhar diferente. E, para quem quiser saber mais da história, embora eu recomende fortemente ler o livro escrito originalmente e narrado pelo Louis, esta versão pode ser uma ótima porta de entrada.
# sejamos todos góticos :p
P.S.: Outra coisa sobre ler a mesma história, mesmo que - ou, por meio de - perspectivas diferentes é que, personagens que você pode ter amado no primeiro livro, você vê ali e quer meter uma bicuda. É isto!
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