Thamyres Andrade 25/09/2016Leitura gostosaAinda tô olhando pro teto e pensando em como e o que escrever sobre o que acabei de ler.
Esse livro tava parado na estante há uns bons meses, esperando a sua vez na fila interminável. Já tinha lido a sinopse, mas não dava nada por ele. Nossa! A única pergunta que me faço agora é: Por que não li antes??
Ao longo das 217 páginas acompanhamos a trajetória de Mark, um menino de 12 anos que tem câncer e tá cansado de ser tratado como "pobre coitado" por causa disso. Certo dia, sem que ninguém saiba, ele decide pegar seu cachorro Beau, uma mochila com alimentos, objetos, dinheiro e seguir sozinho rumo ao Monte Rainier, em plena tempestade e neve, a algumas cidades vizinhas. Seu objetivo é escalar até o topo pra se tornar um heroi, pra provar que, ao contrário do que todos pensam, ainda é capaz de viver uma grande aventura.
As situações que ele enfrenta são totalmente adversas e, em certo momento, eu nem queria mais que desistisse daquela ideia insana. Me peguei torcendo pra que tudo desse certo e aquele menino magricela alcançasse o topo da montanha. A força de vontade dele, apesar dos inúmeros obstáculos, é realmente impressionante. E foi aí que o autor pecou. Eu não consigo imaginar uma jornada tão árdua sendo realizada por uma criança, quanto mais por uma que carregue uma doença tão devastadora. Acho que ele forçou a barra em determinados momentos, enfiando goela abaixo do leitor cenas um pouco fantasiosas. Sem contar nas 812974026 vezes em que o garotinho fala: "Essa é a mais pura verdade". Gostei das reflexões que foram feitas ao longo do percurso, mas essa frase já tava me dando nos nervos.
Bom... Conforme ele avança, o primeiro pensamento que vem a mente é: "Isso é loucura".
A cada capítulo um novo impasse surge e nos flagramos torcendo silenciosamente de novo.
A escrita do Dan é muito boa. Devorei o livro em apenas um dia. Quando o retirei da estante, confesso que não tinha tanta expectativa. Eu sei que pode parecer só mais um amontoado de palavras sobre uma pessoa com câncer. Mas não se engane. Essa leitura vai além disso. Ele problematiza diversas questões familiares, fala de amizade, lealdade e, principalmente, do amor incondicional e companheirismo de um cão pelo seu dono. Me surpreendi bastante quando encontrei trechos doces e diretos que relatavam - e provavam - a importância de um cão na vida de alguém. Me emocionei um bocado como a coragem que Beau enfrentava as situações por Mark, principalmente no fim, que é digno de lágrimas. Várias cenas me fizeram lembrar como o meu cachorro demonstra diariamente o que sente por mim. Nessas partes, preciso dizer que as letras a minha frente embaçaram um pouco. Ou eu tô virando uma manteiga derretida ou essa leitura tocou fundo no meu coração. Talvez a segunda opção. Ou um pouco dos dois.
Se você tem um cachorrinho, não tenha dúvida de que esse livro foi escrito pra você. Nota 4.
"Os cachorros morrem. Mas os cachorros também vivem. Até um pouco antes de morrer, eles vivem. Eles têm vidas lindas e corajosas. Protegem suas famílias e nos amam. E tornam nossas vidas mais iluminadas."
(Pág. 96)