Resenhas - Abusado

Mariana.Gaia 28/01/2024

Esse livro fez um BUMMM na minha cabeça. O trafico vai além das favelas, vai além do playboy que mora na zona sul do RJ?vai muito além.

carolina 12/01/2024

Nossa, meu deus, que livro foda. Sério, isso aqui é muito bom, mesmo.

Abusado foi um livro que me prendeu desde o início. Desde o começo eu fiquei fascinada na história do VP e queria saber mais e mais o que ia acontecer a medida que eu ia passando as páginas.

A visão de bandido/traficante social do VP que a gente tem é absurda de boa, e faz a gente repensar bastante em como é a reação da polícia a essas pessoas.

Foi uma leitura incrível e eu agradeço ao meu pai por ter me recomendado a ler esse livro. Muito bom, mesmo.

Thales.Santos 11/01/2024

Infelizmente eu vim descobrir tarde as maravilhas do gênero livro reportagem, principalmente os mais ligados a área investigativa na segurança pública. De lá pra cá, vim consumindo alguns e sinceramente é uma surpresa atrás da outra.

Eu venho de um curso das ciências sociais aplicadas e já cansei de ouvir comentários (tanto de graduandos, quanto de figurões da academia) depreciando o trabalho de jornalistas. Lembro de uma vez ouvir "essa pesquisa até que está bem boa para um jornalista".

Em geral, os grandes jornalistas não buscam se firmar dentro da academia, especialmente nas áreas de antropologia e sociologia, e são poucos que tentam de fato criar uma base forte de conhecimento nas áreas das ciências sociais ou humanas. Claro, na área do jornalismo político vemos bastante jornalistas bebendo mais da ciência política, há algumas exceções. Mas nesse caso, estou falando mais daqueles que se aventuram mais nessas dinâmicas de investigação na segurança pública.

Enfim, o que quero dizer com isso tudo é que durante um tempo cheguei a ver com certa hostilidade certos trabalhos assim, mas, felizmente minha visão mudou. O Caco Barcellos, por exemplo, em nenhum momento de seu livro tenta fazer análises sociais concretamente, no máximo recorre a períodos históricos, como faria qualquer bom biógrafo, para situar o leitor naquele contexto específico. Mesmo sendo um gaúcho, Caco mostra que fez o seu dever de casa ao descrever as terras fluminenses, especialmente as favelas, uma tarefa nem tão fácil assim.

Outra questão que o seu trabalho investigativo e apuração é uma coisa que claramente se destaca. Na verdade, esse trabalho se assemelha em muito a ida de um antropólogo ao seu "campo" para a realização de uma etnografia. E sendo honesto, esse livro foi muito mais interessante do que muitos relatos etnográficos que li por ai... Falo com toda certeza que muitos sociólogos e antropólogos matariam para conseguir estabelecer interlocutores como o Caco faz e os campos que ele consegue se introduzir. Isso só demonstra a experiência de anos de profissão.

Outro ponto que eu curti muito na leitura é como ele vai mostrando as falhas de Juliano. Dificilmente ao pensar em um traficante dono de um morro você consiga imaginar alguém que consiga se meter em tanta trapalhada e fazer tanta besteira como ele. O início do livro ele fazendo aquela incursão pela mata e a cada passo que dava ligando para uma mulher diferente; ele deixando o carro morrer toda hora; ele esquecendo a bíblia no meio do mato; ou mesmo posteriormente ele explodindo a granada pois tentava limpá-la; somado aos seus modismos como comer um prato de feijão, arroz, macarrão e ovo toda manhã deram um toque a mais na criação da personalidade do Juliano, deixando-o mais complexo e instigante. De fato o Caco acerta em muito e não é um trabalho fácil, pois o Marcinho VP era conhecido pelas suas excentricidade e personalidade única e retratar características assim é bem complicado.

Por fim, voltando ao que estava dizendo no início, digo com tranquilidade que essa hostilidade em relação ao jornalista deve ser repensada entre nós que aspiramos ser ou somos cientistas sociais.

Rssbnw 07/01/2024

Bom
Já tinha vontade de ler esse livro há tempos e por um ou outro motivo o li só agora, é um de vários relatos sobre os eternos problemas de segurança pública no rj, esse por ser feito por um repórter de uma grande emissora de televisão teve obviamente mais divulgação!!!

Fernanda Almeida 24/12/2023

Uma leitura bastante pesada, mais por saber que aquilo aconteceu com pessoas de verdade do que por qualquer outro motivo. Um dos melhores livros que li em 2023, com certeza. Fecho o ano com chave de ouro

Clauclau/Eu leio sim e daí 16/12/2023

Abusado
Este livro sempre foi muito discutido, pela conduta de Caco, estar em um local tão adverso, ouvindo e até vendo determinadas situações. Mas Caco, sempre deixou clara sua posição que está bem descrita no livro que não poderia ver determinadas situações ( avisou Juliano VP sobre isso), porque senão ele teria que denunciar, portanto este livro tornou-se muito polêmico. Denunciar ou não sua fonte? Qual atitude tomar se estivesse na mesma situação que ele? O Estado seria conivente com as atuações do crime e como empedi-lo?
Mas existe uma enorme certeza, nem todas as pessoas que moram nos morros são criminosos, pelo contrário são trabalhadores e dignos.
Fica aqui uma ótima reflexão para nós, leitoras.
Eu recomendo a leitura!

Giovanna857 24/11/2023

Eu só quero é ser feliz na favela onde eu nasci
Tal qual o Rap da Felicidade, canção de Cidinho & Doca lançada nos anos 00 e que toca costumeiramente em qualquer festa até hoje, Abusado é um retrato da cidade do Rio de Janeiro. Especifico sobre a cidade porque embora haja tráfico e crime em todo o país, a cultura carioca e fluminense é muito descolada de um senso comum de realidade.

Caco Barcellos, em um excelente trabalho jornalístico, apura a vida e história da favela Santa Marta, localizada no Morro Dona Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro, acompanhando de perto Juliano VP, traficante jovem vinculado ao Comando Vermelho e com ideais progressistas. O livro é, além de tudo, uma aula de história, expondo como a cidade maravilhosa se transformou no que é hoje e como a política de repressão e extermínio das favelas nos morros apenas estimulou a construção de um universo paralelo com língua, cultura, território, leis e líderes próprios.

A ausência do estado e a sua sede de sangue pobre e preto construiu uma resistência violenta que se organiza por princípios próprios e que seduz intensamente jovens que não encontram na realidade comum, "o asfalto", uma oportunidade de vencer e viver. A falta de dinheiro, a exposição à violência desde nascença e o escancarado descaso público propiciaram ao crime um ambiente perfeito para sua existência.

O livro é forte e, embora seja narrado como romance, traz de forma clara, crua e verdadeira o que é o crime e as consequências dele. O que mais me interessou é a forma como o Caco faz questão de retratar a humanidade de todos os envolvidos, já que todas as personagens são pessoas em busca da sobrevivência. A maldade e a bondade cometidas neste contexto são narradas explicitamente e, ao menos em mim, causam uma inquietação mental de como pode tudo coexistir neste universo.

Para além da violência e pobreza, o livro apresenta o Rio de Janeiro exatamente como é: com um quê de romance em meio a tantas catástrofes, e um lugar onde as pessoas só querem ser felizes no lugar em que nasceram. Um dos melhores livros que já li.

Fer Paimel 04/11/2023

?O lado certo da vida errada?
Cada vez mais, quando leio e estudo sobre organizações criminosas, vejo como a discussão permeia sempre a dualidade entre a banalização e a romantização dos motivos do crime.
Caco Barcellos consegue equilibrar bem esses fatores, sem pender muito para um dos lados. O livro é resultado de uma pesquisa de décadas e foi um trabalho admirável, sem dúvidas.
Minha dificuldade foi com a sedimentação dos nomes dos ?personagens? (entre aspas, pq são pessoas reais, com nomes falsos ou alcunhas). Muita informação, fui processar, mesmo, na segunda metade do livro, a qual, na minha opinião, é a melhor.
Consegui visualizar bem as descrições de Caco, ele tem um jeito muito acessível de ler. Ele acompanhou a história de vários moradores da comunidade de Santa Marta, no Rio de Janeiro, narrando histórias de vários anos antes até o começo dos anos 2000. Seu foco foi em ?Juliano VP? (não é o nome real da pessoa retratada) conhecido como ?dono do morro Santa Marta?, e apontou as viradas da vida dele. A frase mais usada por Juliano é ?lado certo da vida errada?, como forma de justificar suas ações no mundo do crime.
A maioria dos capítulos o autor descreve eventos distantes, mas na terceira e última parte, ele se coloca em primeira pessoa para narrar eventos que aconteceram na sua presença enquanto ele realizava a pesquisa, o que foi bem interessante.
É um livro não muito fácil de ler, por causa do volume de informações, mas vale a pena, gostei muito! Quero ler o Rota 66, do Caco Barcellos, agora :)

Joao.Guilherme 17/10/2023

Começei e não parei mais
A história do Juliano VP é tão surreal que não te faz parar de ler. A narrativa é tão bem
escrita que tem momentos que você se pega torcendo para que o traficante, Juliano VP, se dê bem.
A leitura é muito interessante pois você entende melhor a realidade dos morros cariocas e entende um pouco da dinâmica social ali dentro. Pra quem mora num bairro que tem favela e principalmente pra quem é de Botafogo/RJ, a leitura se torna ainda mais interessante, porque você consegue visualizar com mais facilidade por onde a história acontece.
Recomendo pra quem gosta de hisórias reais! Não gosto de livros muito longos, mas esse foi leve e rápido como se tivesse 200 paginas.

Testemunha de Kindle 15/10/2023

Uma história sem um final
O livro reporta muito mais do que a vida de um criminoso, conta a história de todo um grupo de pessoas, que nos faz ter uma outra visão do que acontece em uma favela e até do funcionamento de uma organização criminosa.

Retrata também, o surgimento das maiores favelas e seus incentivos.

Houveram alguns erros de revisão, mas nada que o desabone.

Assim como o fim do livro. Essa história continua até os dias atuais

Baconzitas 20/06/2023

Uma boa companhia
O livro é muito bem escrito e gera uma companhia muito boa. Mérito à escrita de Caco, através da qual muitas vezes senti que era uma amiga que acompanhava a correria dos personagens.

É importante dizer que há relatos fortíssimos de violência e tortura, que algumas vezes me deixaram paralisada e em choque. Muito triste saber que essa é a condição de vida de tantos brasileiros.

Ellen Rayane 14/05/2023

Gostei tanto dessa história
O Caco Barcelos definitivamente está no top 5 autores favoritos...
Gosto muito do jeito de contar histórias
Recomendo demais conhecer uma parte do nosso Brasil, que temos tanto pré-conceitos

Cristiane 09/05/2023

Me surpreendeu
Esse livro me fez perceber que eu adoro livros de jornalismo literário. O Caco te transporta para a favela santa Marta, através das descrições das ruas, das casas?

Foi interessante conhecer a dinâmica do tráfico no morro e perceber como alguns jovens veem essa ?profissão? como forma de melhorar a vida da família.

Muito triste perceber que o ?Juliano VP? poderia ter sido um baita de um sociólogo, se não tivesse entrando no caminho do crime.

Christiane.Leite 02/05/2023

Abusado conta a trajetória de Juliano VP - codinome de um conhecido traficante carioca - e seus companheiros de geração. A partir dos relatos de sua adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas, temos um retrato histórico da ocupação do morro pelo Comando Vermelho, principal facção criminosa no estado e da implantação de sua cruel disciplina. Com o pretexto de fazer uma biografia do traficante Marcinho VP (codinome Juliano), Barcelos mergulhou no submundo do crime, onde rivais transgridem a lei da maneira mais violenta. Ao mesmo tempo, invade o cotidiano da comunidade, apresentando ao leitor o processo de formação da identidade e de coletividade daquela parcela marginalizada da sociedade.

arantxa 30/04/2023

Vou levar semanas pra digerir tudo que li
Apesar de eu já estar ciente de que muitos dos jovens da favela acabam no crime pela questão social e exclusão que eles sofrem da sociedade, esse livro causa um baque de emoções na gente, raiva, nojo, angustia. Achei que eu fosse sentir empatia pelos bandidos, mas na maior parte das vezes tive raiva mesmo, falam do crime com maior orgulho, uns marmanjos andando com meninas menores de idade, fazendo uma penca de filhos por aí, pra terem a mesma vida bosta que eles, fazendo tudo errado, é revoltante.
E daí a gente acha que eles tão ganhando fortunas de dinheiro, mas alguns mal tem uma casa pra morar, tão ali só pra ter um salário melhor que o minimo. Tem muitas coisas que nós não temos nem noção da realidade. Os moradores desses lugares acabam ficando do lado dos traficantes porque eles fazem muito mais por eles do que os governantes. E de quebra ainda contamos com uma policia corrupta e pronta pra exterminar qualquer um, o que deve causar ainda mais revolta em quem mora na favela e não tem nada a ver com o crime, enfim, são muitas informações para absorver durante a leitura. 7
É um livro forte, pesado, indigesto, que nos causa um misto de sensações, não é meu tipo de leitura habitual e acho que ainda vou levar alguns dias digerindo todas informações obtidas. Achei uma leitura bacana, que nos tira da nossa zona de conforto e mostra como, de fato, é a vida na favela.