@pedro.h1709 04/03/2019Demonologista"Como a verdadeira liberdade poderia ser. Sem regras, sem vergonha, sem amor para conter você. Liberdade como um vento frio pelos campos. Como estar morto. Como não ser nada... Sim, acredito que isto capta a ideia. A liberdade de não ser absolutamente nada."
A trama é bem encaixada e a narrativa é muito contagiante, atrativa e fluida. Prende o leitor com o intuito de descobrir logo o desenrolar da história.
O livro aborda a transformação pessoal do professor David Ullman, um acadêmico ateu que produziu vários trabalhos com bases em textos religiosos e de cultura cristã e que, além de vivenciar diversos problemas familiares, carrega muitas cicatrizes de um passado conturbado.
Após a visita de uma misteriosa mulher ao escritório do professor e uma proposta de trabalho suspeita; uma sequência de eventos e fenômenos sobrenaturais poderão provar que o que um dia foi considerado mito pelo protagonista pode, na verdade, ser mais real do que se esperava levando-o em uma busca interminável para salvar o que lhe é mais precioso, a própria filha.
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SPOILER
(Somente àqueles que concluíram o livro)
"Um homem razoavelmente promissor, abençoado por uma sorte melhor que a maioria, mas ainda assim uma ruína, a testemunha da morte de uma criança, um suicídio violento."
Esse é o trecho em que David Ullman descreve seu pai, um homem que assim como o próprio David e sua filha, enfrenta uma melâncolia constante, uma espécie de Depressão crônica.
Essa doença psicológica somada à separação de sua esposa, abre uma brecha para uma interpretação além do que é apresentado em primeiro plano no livro.
*Primeiro: A possibilidade de que uma alucinação (Quando a mulher magra, um demônio, oferece a proposta de ida à Veneza, assim como o encontro inesperado de um outro estudioso possuído) tenha evoluído para um surto psicótico após o suicídio de sua filha Tess, já que David é o único capaz de observar as varias manifestações do Inominável, como o chama.
Pode-se perceber também as muitas similaridades do passado de Ullman com os demônios por ele enfrentados, como por exemplo uma das gêmeas que comete suicídio com uma espingarda, assim como foi feito pelo pai do protagonista.
*Segundo: Outra possibilidade é a de que Ullman tenha sido responsável pela morte da filha, se considerarmos sua experiência pessoal como um reflexo do momento em que o personagem principal relata observar o pai no que, a primeiro momento, parecia ser uma tentativa de resgate de seu irmão que se afogava em uma lago, mas que revela-se um homicídio.
Além do mais, isso seria compatível com a sua constante fulga de um perseguidor, que seria não um coroinha da igreja mas um agente da lei que busca levá-lo a justiça. E a sua tentativa de resgate pela filha seria, na verdade, uma manifestação psicológica de culpa pelo ato de atrocidade.
Essas outras duas narrativas, são no entanto, apenas divagações sobre o tema e só se sustentariam amparadas no texto a seguir, mencionado algumas vezes:
"A mente é onde eles habitam, e nela
Podemos fazer do inferno um paraíso, do paraíso um inferno."
Comprovando que todos os acontecimento anormais se passaram apenas na imaginação do personagem.
Portanto, é livre a interpretação, concordância ou discordância do que foi exposto.