Lauraa Machado 21/10/2021
Tocante, emocionante e detalhado
Toda vez que alguém me perguntava se eu já tinha abandonado algum livro, era obrigada a falar sobre esse daqui. Quando fui a uma livraria em 2014 (ironicamente, o último ano em que se passa essa história), estava buscando um livro que não tinha nada a ver com esse. Uma vendedora acabou me indicando esse e, vamos admitir, pela capa linda, fiquei animada para ler. Abandonei na página cem, exatamente, depois de muito lutar para continuar lendo.
Mas não foi um abandono comum. Desde então, já abandonei outro livro que até vendi. Este, em compensação, eu sabia que acabaria lendo e não me surpreendi por gostar tanto dele! Eu amo ficção histórica e me lembrava de que Anthony Doerr tinha conseguido introduzir um elemento sutilmente fantástico na sua história que só a deixou mais interessante.
Não é um livro perfeito. A leitura é bem lenta e eu acho que algumas partes do livro precisavam ter sido editadas e tiradas, além de que intercalar o passado e presente foi uma boa ideia, mas poderia ter ficado menos 'picado'. Vou tentar explicar melhor. A história é contada de vez em quando no presente e na maior parte no passado, contando sobre como Marie-Laure e Werner cresceram. Então às vezes o autor interrompia a narrativa do passado para mostrar alguns pedaços do presente. Acontece que esses pedaços na maior parte das vezes eram curtos e picados demais, mal tinham substância suficiente para conectar alguma coisa, e eu acho que teria ficado melhor se ele tivesse juntado os trechos em períodos maiores.
Sobre a parte a ser editada, acho que muitas questões da vida de Marie-Laure e de Werner acabaram sendo repetitivas. Por exemplo, a relação de Marie-Laure com seu pai e depois com seu tio-avô. Ambas eram interessantes, mas elas eram também bastante semelhantes em seus problemas e peculiaridades, e vê-la passar por cada uma como um processo se tornou repetitivo. Mesma coisa com o que o Werner 'conquista' quando ainda está no orfanato e o que conquista na academia.
Mas você pode se esquecer disso que eu falei, porque o que mais importa é que o livro é muito bom. É super bem escrito, com capítulos pequenos, mas interessantes e uma escrita detalhada e emocionante. Sim, é um pouco detalhado demais às vezes e tem mais de quinhentas páginas sem grandes acontecimentos emocionantes ou de ação, então nem todo mundo vai gostar da leitura, mesmo que ainda ache o livro bom. Depende mais do tipo de escrita que te agrada do que da qualidade do livro.
Eu realmente amei o enredo, amei as conexões entre os personagens, a vida que eles levam, as coisas que vêem e como se desenvolvem pela história. É tudo tão complexo e bem descrito, que é impossível não ser marcado pelo livro. Mesmo anos depois de abandonar, eu ainda me lembrava muito bem dele, nunca me esqueci e nunca desisti de ler. O fato é que eu amei esse livro demais, quero reler, queria um filme sobre ele ou talvez uma série.
Não é engraçado? Eu o abandonei anos atrás e agora, que faz só alguns meses que li, estou louca para reler e me lembrar da história, além de ele ter me feito querer ler mais vários outros livros. É exatamente a história tocante e emocionante, muitas vezes triste e desoladora, que a Segunda Guerra Mundial inspira. É exatamente do tipo de livro que marca sua vida.