Alê Ferreira 10/01/2020
Êxtase da Tranformação
Livro do Austríaco Stefan Zweig.
Publicado mais de 40 anos após sua morte. Zweig viveu exilado do seu país desde de 1934, quando o governo da Áustria começou a apoiar o nazifascismo, e os livros do autor começaram a ser condenados pelo governo e banidos.
Importante destacar que o autor era judeu. O exílio o levou a Londres, depois EUA e em 1941, o autor fixa-se no Brasil com sua esposa e secretaria com quem viria a cometer suicídio em 23 de fevereiro de 1942, em Petrópolis, RJ, na casa que hoje é um monumento em sua homenagem, a casa Stefan Zweig.
Tomei conhecimento sobre o autor e sua obra porque ele foi enviado pela @taglivros aos seus associados, após a indicação da escritora israelense Ayelet Gundar-Goshen, autora do livro Uma noite Markovitch (2012), que já está na minha lista de desejados. Por todo esse contexto percebe-se que se está diante de um livro que aborda temas dos mais relevantes, vazado pelo contexto do período entre guerras, com profunda carga psicológica, vez que mergulha nos anseios íntimos dos personagens que são extremamente humanos, marcados por influências externas como a guerra, a miséria, a desigualdade social, o anseio pela felicidade. O livro aborda ainda o suicídio e tem forte carga política, principalmente na segunda parte do livro, quando os anseios, sentimentos e angústias dos protagonistas se projetam num manifesto político e revolucionário. O cenário de extrema penúria de uma Áustria do período entre guerras, é tomado como pano de fundo para conhecermos Christine, uma moça de 28 anos que viu os melhores anos de sua vida passarem-se durante a guerra. Aos 28 anos só o que lhe resta é o burocrático emprego em uma monótona agência dos correios de uma cidadezinha do interior e os cuidados com sua adoentada mãe. Christine é então surpreendida por um inusitado convite de uma tia, a quem nunca conheceu, para passar as férias nos alpes suíços, onde se verá rodeada por uma atmosfera luxuosa, a qual ela não fazia ideia que existia
O cenário de extrema penúria de uma Áustria do período entre guerras, é tomado como pano de fundo para conhecermos Christine, uma moça de 28 anos que viu os melhores anos de sua vida passarem-se durante a guerra.
Aos 28 anos só o que lhe resta é o burocrático emprego em uma monótona agência dos correios de uma cidadezinha do interior e os cuidados com sua adoentada mãe.
Christine é então surpreendida por um inusitado convite de uma tia, a quem nunca conheceu, para passar as férias nos alpes suíços, onde se verá rodeada por uma atmosfera luxuosa, a qual ela não fazia ideia que existia.
Em poucos dias a moça pobre e simples se vê totalmente inebriada pela riqueza, pela fartura e pelo luxo e, rapidamente, transforma-se para se inserir naquela sociedade.
Mas com a mesma rapidez de sua elevação, a jovem se vê obrigada a voltar à sua antiga realidade, a reencontrar uma Christine da qual ela já havia se desfeito. E, nesse ponto do romance ?a alma aflita [de Christine] só sente que lhe tomaram algo, que ela deve sair deste ser alado para dentro de uma torpe e cega larva que rasteja no chão.?
A partir daí nos deparamos com a segunda parte do romance que em tudo contrasta com a eufórica imagem da Christine totalmente transformada pelo êxtase da descoberta de uma nova vida cheia de sonhos e perspectivas até então impensadas. Agora o autor nos mostra a face da revolta e do desespero de quem é confrontado com a injustiça das construções sociais. Christine, que só havia conhecido a vida num país saqueado e devastado pela guerra, que entregava os corpos mortos de seus soldados ou os trazia para sobreviver em um país devastado, agora descobrira que não era assim em toda a parte, que essa não era a realidade para todos.
Essa jovem não mais suporta aceitar passivamente que para ela estivesse reservada uma vida miserável, em que tudo ?era caro demais?, enquanto outros estavam destinados a uma vida de infinitos privilégios.