Nay C 03/01/2020
As emoções nunca param
Essa segunda parte com certeza foi mais agitada. Ao decorrer da história teve dois momentos tensos e de bastante expectativa que não ocorreram da forma que imaginei, foram surpreendentes, quebrando todo o ritmo que eu esperava na história. A escrita, descrições do cotidiano, de ferimentos, sentimentos, ambientes, muito bem feito, novamente consegui imaginar tudo com facilidade. A amarração dos conteúdos continua envolvente e belíssima. Há muito o que comentar, mas darei destaque a alguns pontos somente.
Novamente aqui me encontro em conflito com nosso querido Roger, que toma o protagonismo em várias cenas com sua onda de azar e como isso o desenvolve, seja positiva ou negativamente. Amo Claire e Jamie, e Bree também é ótima, mas acho que aqui Roger é quem faz realmente eu perder a minha cabeça e entrar na cabeça dele. Nossa relação unilateral tem compreensão, compaixão, indignação, momentos hilários, desespero, autopiedade e vontade de dar uns socos para ver se acorda! Porque ele tem muitos defeitos, como ser egoísta, impulsivo e machista. Como Roger pode deixar Brianna sendo dona de casa, e ele sair em "aventuras"? Deixá-la cuidar da casa e do filho, e ainda perguntar o que mais ela fez no dia? Naquela época era assim, mas nem Jamie poderia ser tão machista quanto Roger. Não desmerecendo o trabalho das donas de casa, mas ela sabe desenhar e projetar, estudava engenharia, para ficar sendo dona de casa e não ter um reconhecimento adequado do próprio marido? Eles viveram numa época mais evoluída. Roger é um personagem muito real e nada perfeito.
E o que mais me deixou louca em todo o livro foi Jamie e Roger planejarem matar Bonnet, a qualquer custo, é quase uma obsessão, achei totalmente insensato e inconsequente da parte deles. Sim, agiram mais por se sentirem impotentes, em não querer viver com a iminência da ameaça de Bonnet, de ele aterrorizar os sonhos de Brianna. De não terem sido capazes de agir quando Bree foi pega por ele, é isso que eles querem reparar. Se sentirem capazes de proteger a família novamente, em parte não tem nada a ver com o que Bree e Claire pensam ou querem, é como se elas não tivessem voz nessa questão. Mas não foi Jamie quem disse para Brianna conceder o perdão e não a vingança? Todo esse plano trouxe relatos e consequências que nem imaginávamos ser possível!
As conversas sobre o destino nesse contexto de viagem no tempo, trazem discussões que repercutem na minha mente: há ou não escolha? É possível mudar o passado? É passado para um, mas é o futuro para outro, então o outro pode mudar? E Claire, ela não é dessa época, as mudanças feitas por sua presença e ação foram significativas, ou o futuro que ela conheceu já foi moldado levando em consideração sua volta ao passado? Qual a época real de Brianna? Se foi a notícia da morte dos pais que fez Bree voltar ao passado, então se a tragédia for evitada, como ela verá a notícia e fará o que fez? É um paradoxo. Ou é uma morte forjada... E quantas pessoas já não atravessaram as pedras (por acidente ou não) e impactaram a história? Outlander tem o poder de nos fascinar cada vez mais.