ritita 07/11/2022Que diabos de amor é esse?Irresponsabilidade, preguiça, despreocupação, negligência, arrogância? Tudo isto e muito mais na criação de 4 filhos que não tem moradia certa - muitas vezes dormindo ao relento, e sem um mínimo de conforto e onde a educação é feita em pílulas, a alimentação muitas vezes recolhidas nos lixos.
Rex, o pai, tem-se em altíssima conta, vive fazendo projetos inviáveis, é alcoólatra e deve a todos, mas não aceita nada do "sistema" pois não aceita receber "esmola" de ninguém; fugir dos credores com 4 crianças pequenas de cidade em cidade, pode.
Rose - a mãe, sonhadora, pseudo artista, vive para suas pinturas - a moça era professora, mas sonhava que um dia iria ganhar muito dinheiro com suas telas que não vendia para ninguém.
Nesse cenário Rose e Rex Walls, totalmente disfuncionais, criaram os filhos.
A única coisa certa era o amor dos pais. Que raio de amor é este, me pergunto? Mas apenas ao crescerem um pouco, começarem a sofrer o que hoje chamamos de bulling, as duas meninas Lori e Jeannete começam a comparar as vidas de outros colegas, tão pobres como elas, mas menos sujos e tendo sempre o que comer.
Com toda esta miséria as crianças dedicavam-se aos estudos em todas as escolas que passavam e começaram a sonhar com um futuro onde houvesse comida, roupa limpa, uma cama que não fosse feita de papelão e agasalhos para o frio.
Nem preciso dizer que tomei um ódio mortal de Rex e Rose. Queria retalhá-los com faca cega.
Sendo uma história real levei um bom tempo para ler, porque em algumas horas o estômago embrulhava e os olhos marejavam com o sofrimento dos pequenos.
Apesar de conhecer "pela janela" a situação desgraçada de muitas crianças brasileira, saber que se pode receber assistência, seja governamental ou não, e arrogar-se em autosuficiente para criar filhos e deixá-los passar fome é absolutamente inacreditável. Pois é, mas aconteceu no país mais rico do mundo.
O livro é bom ou ruim? A narrativa é muito bem contada, sem maniqueísmo (nem haveria como), é como eu gosto - direto e reto, mas ainda não sei se gostei de saber do que soube.
"Adversidades podem ser vividas com leveza"... Algumas, fome, não.