Bru 07/04/2019Possessão QuestionadaAdoro ler no ônibus, no trem, e em qualquer outro veículo no qual eu seja uma mera passageira. Na última quinta-feira, voltando da faculdade, terminei de ler uma das obras que eu precisava para a disciplina de Português II. O livro é “Do amor e outros demônios”.
Para começar esta resenha devo dizer que o livro me deixou meio confusa. Não por a leitura ser complicada – apesar de ter algumas palavras que eu não tenho ideia de o que significam -, mas por não ter deixado claro (ao menos eu não identifiquei) qual era a idade da personagem principal, Sierva Maria, quando estava enclausurada no convento. E esta é uma informação crucial para o desenrolar desta história.
Mas bem, comecemos do início. Do amor e outros demônios conta a história de uma menina que é mordida por um cachorro que etá com a doença da raiva. Esta jovem, Sierva Maria, acaba ficando com alguns sintomas da doença.
Maria, com seu temperamento arisco, branca criada por negros e sabendo falar mais de duas línguas africanas, é levada por seu pai para um convento, onde lá ele acredita que ela poderá ser exorcizada. Como ele está em dúvida se a menina tem raiva ou um demônio no corpo, prefere mantê-la em mãos sagradas para tentar desvendar este mistério. O que acontece é que estas “mãos sagradas” não são tão santas assim.
Maria sofre violência neste convento e permanece lá sob condições desumanas, como se fosse um criminoso no corredor da morte. A jovem sofre tantos abusos das freiras, que acreditam piamente que ela está possuída pelo demônio, até que cruza seu caminho o padre Cayetano Delaura, e muda sua vida para sempre.
Em meio a tanta sordidez, Sierva Maria e Cayetano Delaura conseguem criar um mundo só deles, onde se amam, se protegem e se consolam um ao outro. É bonito de ver a construção do relacionamento dos dois. E é aqui que entra a minha confusão, comentada no início desta resenha. Eu jurava, no início do livro, que Sierva Maria havia sido mordida por este cachorro raivoso quando ela tinha cerca de 10 anos, e fora enclausurada no convento com esta mesma idade. E quando o romance dela com o padre começou eu fiquei chocada, pois ele tem mais de 30 anos. Fiquei sem entender nada, mas depois fui perceber que na verdade Maria não era uma criança.
Gostei bastante deste livro, principalmente do romance na reta final. Mas o que achei interessante foi a forma como trataram as autoridades do convento – bispo, abadessa, freiras, padre… – mostrando que lá dentro nem tudo são flores e muitas pessoas devotas que se acham santas acabam sendo mais demoníacas do que aquelas que o são julgadas assim.
Descobri há pouco que tem um filme deste livro. Já estou ansiosa para assistir e verificar se a história corresponde a do livro. Mas enfim, super recomendo esta leitura.
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