spoiler visualizarRose 01/01/2020
O romance indianista de José de Alencar retrata um triângulo amoroso vivido pelo índio Araguaiano, Jaguarê(Ubirajara, Jurandir), sua noiva Jandira e a índia Tocantim, Araci. Todo o enredo se passa em uma época na qual os colonizadores ainda não haviam adentrado no território brasileiro, sendo esse ainda habitado apenas pelos seus nativos.
José de Alencar dá início à história narrando o episódio em que Jaguarê(Ubirajara) caça no rio Araguaia em sua região. No cotidiano indígena, a honra é o elemento mais importante dentro das conquistas humanas. Assim, com sede de possuir seu nome de guerra, Jaguarê -onça caçadora - almeja guerrear e vencer o inimigo.
Araci, índia tocantim, surge propondo-lhe que batalhasse com cerca de 100 guerreiros Tocantins pela disputa de seu coração, mas Jaguarê estava noivo de Jandira. Momentos depois, mediante troca de lanças, Jaguarê entra em um desafio com o índio da tribo rival, o tocantim chamado Pojucã. Ambos com as forças equiparadas, lutam o dia e a noite inteira, até que Jaguarê, com uma lançada, vence Pojucã e passa a se chamar então, Ubirajata: Senhor da Lança. Pojucã é levado ao encontro dos Araguaias, onde seria prisioneiro e servo. No entanto, prefere que passe diante da morte guerreira que sujeitar-se aquela situação. Ubirajara, já pensante sobre Araci, que mexera com seu emocional, decide por meio das tradições de seu povo, oferecer-lhe a mulher pura mais bela da tribo para ser esposa de morte de Pojucã, visando livrar-se então, de Jandira, que não aceita de maneira alguma essa imposição.
Deixando Jandira, Ubirajara vai de encontro aos Tocantins, que os recebe como um visitante, cujo o qual não deveria identificar-se e não revelar seu segredo de estar ali. Após a guerra e a posterior unificação das tribos araguaias, Tocantins e tapuias, ubirajara dá início a nação dos ubirajara na região de Tocantins.
ANÁLISE:
Ao contrário de o Guarani e Iracema, Ubirajara é puramente composto por índios, sem a presença do homem branco em seu conto. O romance é rico em elementos da cultura indígena, passando uma visão real e fiel dos costumes e formas culturais do cotidiano indígena. Ademais, a proposta da primeira geração romancista, em especial José de Alencar, é da retratação e massificação da identidade brasileira ampliada de modo que gerações futuras possam vir a tomar conhecimento da verdadeira essência Brasilis. Nesse contexto, vale ressaltar a construção da identidade pura e nacional sem as interferências europeias. Buscou-se, então, reconstruir a visão que se tinha desses povos, afim de ampliá-la.
VALORES ABORDADOS NA OBRA:
- Exaltação da figura indígena
- Legitimidade da cultura nacional
- Último publicado da trilogia O Guarani, Iracema e Ubirajara, considerado o livro irmão de Iracema.
- Índio como símbolo de bravura e honra
- Índia como virgem, arquétipo de pureza
- Herói medieval do período pré cabralino
- Destaque da natureza brasileira
- Tradições indígenas
FINALIDADE DA OBRA:
Alencar, logo no início, faz uma advertência a seus leitores de que as informações que temos até hoje sobre os indígenas provinham ou dos jesuítas ou dos aventureiros que chegavam no novo continente e que, nem sempre, a linguagem utilizada para descrevê-los estava de acordo com os costumes dos indígenas. Por isso, Alencar critica a visão destes primeiros viajantes e religiosos, pois davam ao indígena um caráter meramente bárbaro, sem levar em consideração o aspecto sentimental e cultural da vida dos nativos.
Um dos ideais de José de Alencar era relatar realidade do índio divergente da “realidade” repassada pelos viajantes jesuítas que limitaram a figura do índio como ser primitivo e bárbaro. Assim, Alencar afirma que o indígena também tinha em sua realidade o aspecto sentimental e cultural.