Cho 16/05/2021
Não vá com a expectativa da série
Eu conheci o ladrão de casaca após assistir à versão da série Lupin, lançada pela Netflix, em 2021. O ladrão, criado sob encomenda para a revista Je Sais Tout, seria para a França o que Sherlock Holmes era para a Inglaterra. Ao contrário do detetive, Arsène Lupin era uma espécie de Robin Hood, não dava nada aos pobres, mas só roubava dos ricos.
Os contos, no entanto, se passam no início do século XX, mas na série a história acontece nos dias atuais, então a narrativa foi totalmente adaptada, ainda que várias das peripécias de Lupin recebam o mesmo título dos contos.
Mesmo não sendo um romance, os contos mantêm uma unidade. Talvez por não ter verossimilhança com os dias atuais, eu não entendi direito algumas situações dos primeiros contos, nem os achei divertidos. Sequer gosto desse gênero.
Sobre a edição, o que eu posso dizer é que a capa imita a versão que aparece na série, fato que me levou a comprá-la, além disso, o livro acompanha um pôster e um marca-página. Por outro lado, alguns erros gramaticais me incomodaram bastante, acho que o livro merece uma nova revisão. Somado a isso, há o fato de que em alguns momentos aparecem trechos com referências (com expoente, por exemplo: ¹), mas sem as notas de rodapé (???). O final do livro traz curiosidades: romances e adaptações de filmes em que o Lupin aparece, inclusive em mangá e anime (!).
Agora seguem os contos que compõem a obra, com breves comentários:
? A captura de Arsène Lupin ?
Arsène Lupin foi preso (ou se deixou prender, melhor dizendo) ao fim de uma viagem em um transatlântico. Contou também com a complacência da mulher que ele cortejava durante a viagem. Ela se desfez das joias que ele roubou. Depois disso, há uma mudança de narrador que eu achei bem confusa e inesperada.
? Arsène Lupin na prisão ?
No conto seguinte, já preso, ninguém esperava que Arsène Lupin pudesse cometer algum crime, mas, contra todas as expectativas, ele consegue executar seu plano. Porém, não vi nada de espetacular na história e em seu desfecho.
? A fuga de Arsène Lupin ?
Conta como Lupin, mestre do disfarce, conseguiu fugir da prisão.
? O viajante misterioso ?
Aqui, Lupin é o narrador e está fugindo da polícia. Daí entra no trem outro homem (um assassino) que rouba Lupin e uma senhora. Para escapar, Lupin faz com que todos acreditem que o assaltante é Arsène Lupin. A essência disso a série pegou e adaptou de uma forma excelente.
? O colar da rainha ? ?
Se eu não me engano esse é o primeiro roubo que acontece na série e que dá início a uma série de acontecimentos: roubar o colar da rainha, espalhar os diamantes, depois devolver o colar. No conto, o roubo do colar da rainha permanecia sem explicação, pois só havia a mera suspeita de uma mulher (a única que teria como ter acesso ao quarto onde o colar estava). Após vários anos, durante uma conversa entre amigos, um sujeito propõe uma explicação para o roubo. Eu gostei muito desse conto.
? O sete de copas ? ?
Conta como o narrador conheceu Lupin. Achei que este foi o melhor dos contos. O autor soube unir suspense e investigação policial muito bem. Qualquer coisa que eu contasse estragaria o plot.
? A caixa-forte da senhora Imbert ?
Primeira e única vez em que Arsène Lupin foi enganado.
? A pérola negra ?
Conta como Arsène Lupin subtraiu do criminoso o benefício de seu crime.
? Herlock Sholmes chega tarde demais ? ?
Isso mesmo que você leu: Herlock Sholmes. Já que Arthur Conan não autorizou a inserção de Sherlock Holmes nas histórias de Lupin, o jeito foi Leblanc mudar o nome do detetive para Herlock Sholmes. Conta como Lupin descobriu a passagem subterrânea do castelo de Thibermesnil para executar seu roubo. Há também o reencontro dele com uma personagem do primeiro conto do livro. E mostra como Herlock Sholmes desvendou o plano executado por Lupin, porém tarde demais.