Lauraa Machado 21/09/2019
Muito bom!
Este é um daqueles livros que eu comecei a ler com expectativas de que fosse excelente, não só pela sinopse, por resenhas positivas ou até pelo nome da série no Brasil — quem decidiu chamar de O Clã das Freiras Assassinas é um gênio! —, mas pelo primeiro parágrafo. O começo de um livro sempre diz muito sobre ele, e o deste me fez esperar uma escrita excelente e um enredo super elaborado e inteligente. O livro é realmente muito bom, só menos do que eu esperava que fosse.
Ele é um romance medieval, e essa é a minha parte favorita dele todo. A ambientação é ótima, principalmente nas roupas. Teria sido bem mais fácil para a autora ignorar certos aspectos medievais, mas ela fez questão de incluir até os detalhes, como as mangas das roupas que tinham que ser vestidas separadas. A religião "pagã" da protagonista encaixou perfeitamente, e a relação do encontro dela com o cristianismo ainda deu mais credibilidade à história. Nessa questão, o livro não deixa absolutamente nada a desejar.
O enredo promete conspirações e política da corte da Bretanha, e é exatamente isso que ele entrega. Fiquei abismada com a quantidade de problema, traição e tramoias que a duquesa tinha que navegar ao lado de seus aliados ou nem tão aliados. Fiquei ainda mais abismada quando li a nota da autora no fim, que dizia que a situação verdadeira era muito pior, mas que ela tinha decidido diminuir para o livro não ficar muito lotado. Se eu fosse a duquesa, tinha desistido há muito tempo! E pensar que ela só tinha doze anos!
A história é realmente muito boa, excelente, na verdade. A narrativa não é muito rápida, tem bastante questionamento pessoal da protagonista, o que às vezes pode parecer arrastado para algumas pessoas, mas não foi para mim. Eu até gostei do ritmo, porque a história é interessante mesmo assim. Tem cenas de ação também, tem algumas da Ismae em missões, agindo como assassina, que são sempre legais, então não poderia reclamar disso. Minha crítica mesmo é que o clímax acabou sendo mais anti-clímax do que qualquer coisa.
Talvez seja porque a autora fez tanta questão de escrever um livro realista e que condissesse com a época, mas o clímax teve pouca ênfase. Ficou vida real mesmo, importante, mas nem tão crítico e emocionante. Outra crítica minha, mas que é bem menor, é que eu queria ter duvidado de um dos personagens mais. Queria ter ficado mais em dúvida e com medo de alguma traição, como a protagonista ficou. Do jeito que ele foi descrito desde o começo, não tive qualquer receio em confiar nele — o que poderia ter sido a receita perfeita para fazer com que ele realmente fosse traidor e animasse mais a história. Não foi o caso. Mesmo assim, ele é um personagem bem querido!
Aliás, a Ismae é bem bacana, mas eu mal posso esperar pela Sybella no segundo livro. Ela e a Annith (que é a protagonista do terceiro) aparecem pouco aqui, mas já fazem diferença! A Ismae é a mais genérica delas, e confesso que provavelmente não vou me lembrar muito dela daqui a um tempo, enquanto me lembraria da Sybella mesmo com só algumas cenas dela neste primeiro livro. Às vezes, sentia que a Ismae era delicada demais, às vezes era o contrário. Faltou firmeza na voz dela, tanto em diálogos, quanto na narrativa. Faltou firmeza na personalidade dela. E essa é minha última crítica e razão para ter dado menos de cinco estrelas na nota.
Eu ainda gostei muito do livro, estou louca para ler os próximos e super recomendo! Também vou ficar de olho em todos os que a autora lançar, desse universo ou não.