Tamara 14/09/2018
A primeira vez que tive contato com um livro de Kate Morton foi no início desse ano, com A casa do Lago, embora há anos eu via as sinopses dos livros dela por aí e elas já me despertavam muita curiosidade. Já durante aquela leitura, percebi que a autora tinha uma escrita fantástica e que sabia muito bem como construir romances históricos, mas foi só em O jardim esquecido que ela me deixou completamente encantada. Essa foi uma leitura incrível, daquelas que quando começamos não temos mais vontade de parar, e devorei as quase 500 páginas em 24 horas, o que surpreendeu até a mim mesma. Essa é uma história que traz mulheres fortes, mulheres que viveram em diferentes épocas e em diferentes condições, mas possuem alguma ligação seja ela de sangue ou afetiva. O enredo possui uma aura meio mágica, e acho até difícil falar sobre como me senti, pois por um lado tem um clima meio deslumbrante, encantador, um estilo intenso de conto de fadas devido ao jardim secreto, e também devido a uma das personagens ser justamente uma autora de conto de fadas, o que fez com que em alguns momentos fosse aplicada a expressão "a vida imita a arte", ou vice-versa, mas por outro lado trata na verdade de assuntos muito sérios, vidas que foram modificadas pela imprudência e maldade de alguém, e tem também sua dose de sofrimento e de solidão para cada personagem, embora não seja nada dramático ao extremo. No começo, o leitor pode se confundir um pouco, pois cada capítulo se passa em uma época, e trata de alguma das três personagens principais, no entanto, no início destes há a identificação de que ano vai tratar o capítulo, e à medida que vamos evoluindo na leitura, logo estamos familiarizados com todas as personagens, e quando estamos no capítulo de uma já sentimos uma vontade intensa de saber o que vai acontecer com a outra, e assim segue. Além disso, gosto muito dos finais da autora, que embora sejam bem fechados, também não tem aquela história toda de "no fim todo mundo viveu feliz para sempre", e sim aquele sentimento de sim, no final as coisas deram certo, ainda que não tenham ocorrido como todo mundo queria, mas alguns acontecimentos são irreversíveis e tudo bem, isso é vida real. Obviamente, no decorrer da trama tive minhas preferências e achei que houveram personagens que brilharam mais do que outras, mas sem sombra de dúvida a minha favorita foi Elisa, aquela chamada de autora e que é quem enfrenta os maiores sofrimentos e também proporciona toda a magia para a história. Além disso, ao contrário de A casa do lago, que foi um livro no qual achei que a autora enrolou demais e deu muitas voltas das quais não precisávamos, nesse aqui acho que tudo foi perfeito, e valeu a pena cada uma das 496 páginas. Recomendo muito, especialmente para fãs de Lucinda Riley, pois acho os estilos de ambas as autoras parecidos no modo de construir histórias que navegam simultaneamente entre passado e presente e também vejo certa semelhança na forma de construir tramas do destino que influem na vida de muitas pessoas ao longo dos tempos. Vale ainda destacar que O jardim esquecido é um relançamento, agora pela nova casa editorial de Kate Morton aqui no Brasil, a editora Arqueiro, mas antes disso a editora Rocco o lançou com outra capa e com o título de O jardim secreto de Elisa.