LOHS 02/02/2017
#LOHS: Carol - uma amazona dos livros
A Irmandade Perdida é um livro que desejo muito desde o seu lançamento (no fim de 2015), mas não tinha tido a chance de comprá-lo ainda. Então, quando tive a oportunidade de pedir à nossa editora parceira, Arqueiro, não pensei duas vezes! E já adianto que não me arrependi nem por um segundo!!
A obra foi escrita pela dinamarquesa Anne Fortier, que também é a autora do incrível livro Julieta, além de ter produzido um documentário que foi vencedor do Emmy, retratando a Guerra de Inverno, quando a Rússia invadiu a Finlândia em 1939 e teve seus exércitos rechaçados pelo inverno e pelos finlandeses.
Essa mulher é uma historiadora maravilhosa. Em todas as suas criações, é possível perceber o quanto Anne estudou e pesquisou para manter o máximo de verossimilhança possível com a história conhecida atualmente.
A Irmandade Perdida é uma ficção que nos apresenta duas narrativas interligadas: uma passada entre os dias atuais e outra há cerca de 3.000 a.C.
A protagonista nos dias atuais é Diana Morgan, filha de um inglês e uma americana, filóloga (estuda a linguagem em fontes históricas escritas, incluindo literatura, história e linguística) e professora da Universidade de Oxford.
Diana é fascinada pela mitologia das amazonas! Isso porque quando era criança, sua avó paterna insistia em dizer que era uma amazona (a segunda em comando) e ensinou a Diana as regras dessa sociedade matriarcal.
Eis que durante uma de suas palestras sobre esse mito que amedrontava os gregos e vários outros homens daquela região, Diana é convidada por um homem misterioso para conhecer um achado arqueológico que acredita-se ter ligação com as amazonas!!
Apesar do medo do desconhecido e misterioso homem, Diana embarca nessa jornada que ela acredita poder talvez responder algumas das várias questões que carrega desde a infância. Será que as amazonas existiram mesmo?
" -Ai, Sra. Morgan! A senhora devia ter visto a Diana! - exclamara Rebecca mais tarde naquele dia, quando subimos correndo a escada para contar a vovó sobre o incidente. -Ela foi cruel! Quase tão cruel quanto o cachorro!
Vovó assentira de sua poltrona, com as mãos unidas no colo, tranquila.
-Que bom. - Ela olhara para as pernas enlameadas da minha calça, para meu zíper quebrado e para meu rosto corado, e seus olhos escureceram de satisfação. - Que bom que você leva jeito." Rebecca (melhor amiga de Diana) e vovó, p. 114
Ao mesmo tempo, por volta de 3.000 a.C., vamos conhecer Mirina. Uma caçadora que perde quase toda a família para uma peste e decide ir atrás da deusa da Lua para suplicar ajuda para a irmã mais nova (sua única família restante) que ficou cega.
Mirina irá atravessar o deserto e sobreviver à pântanos traiçoeiros para chegar até o templo da deusa e, apesar de toda a sua bravura, as sacerdotisas do local não a aceitarão de braços abertos.
Lili, a irmã de Mirina, não consegue sua visão de volta, mas a deusa lhe dá um presente maior: o dom da profecia. Mas infelizmente as visões da garota enxergam apenas morte e sofrimento.
Uma noite, a profecia de Lili se realiza e homens cruéis invadem o templo, matam e aterrorizam as sacerdotisas. Não satisfeitos, os bárbaros ainda levam consigo algumas das moças mais bonitas.
Mirina então, mesmo ferida, se junta com algumas das sacerdotisas sobreviventes para resgatar suas irmãs levadas à força por aqueles homens. Assim começará uma jornada de muito perigo, sofrimento e vingança, para descobrir quem eram os piratas cruéis e para onde levaram suas irmãs.
Intercalando as narrativas, Diana chega ao sítio arqueológico e conhece Nick Barrán, um homem que guarda muitos segredos e que lhe apresentará um templo enterrado no deserto há cerca de 3 mil anos.
Com a ajuda de caderno deixado a ela por sua avó, Diana consegue traduzir a mensagem nas paredes do templo. Contando assim uma história de morte e destruição do local sagrado por piratas maléficos.
A partir daí, Diana e Nick vão seguir os passos de Mirina e descobrir sobre a possível origem do mito das amazonas. As coisas vão complicar quando interessados no lendário Tesouro das Amazonas começarem uma perseguição digna dos filmes de ação.
A Irmandade Perdida é um livro simplesmente maravilhoso. Me faltam palavras para descrever o quão boa é essa obra. As narrações intercaladas de Diana e Mirina sobre a mesma jornada com milhares de anos de diferença são arrebatadoras. Esse é o tipo de livro que você não vai querer terminar e, ao mesmo tempo, não conseguirá parar de ler.
Com uma jornada repleta de batalhas e sofrimento, Mirina me emocionou fortemente. Mesmo já esperando tragédias ao longo do caminho, em alguns momentos não pude conter as lágrimas diante de sua dor.
Já Diana e Nick vão enfrentar muitos perigos modernos e viajar para lugares exóticos - desde a Argélia (no norte da África) até a Grécia e as ruínas de Troia - até conseguirem descobrir a verdade sobre as amazonas e suas lendas, em uma aventura no estilo de Indiana Jones que me cativou desde o início.
A ficção de Anne explicará em termos plausíveis a origem de muitos mitos gregos, como Medusa, Teseu, Hércules, Páris e Helena de Troia.
O texto é extremamente inteligente, mas mesmo assim de uma leitura muito fácil. Há conexões entre os personagens que serão explicadas até o fim da obra, surpreendendo os leitores até o fim!
Com tanta conversa sobre feminismo e o poder das mulheres, não poderia haver livro mais indicado no momento. São duas protagonistas fortes, corajosas e determinadas que arriscarão a própria vida para salvar àquelas(es) que amam e o que consideram correto.
Mas, caros leitores, não quero que pensem nem por um segundo que esse livro é apenas para o gênero feminino! Se você é homem ou simplesmente não tem um gênero definido ainda, com certeza também ficará enlouquecido com essa história tão bem construída e amarrada.
A Irmandade Perdida entrou no meu hall de favoritos e foi simplesmente uma das melhores leituras que já tive o prazer de fazer. Recomendo a leitura de coração aberto a todos os(as) aventureiros(as) de plantão!!
E, por favor, não se assustem com o número de páginas da obra porque vale muito a pena mesmo!!!
-Nós somos as amazonas - repetiu ela com mais firmeza, enquanto os homens olhavam boquiabertos e incrédulos para a ave morta. - Somos as matadoras de animais e de homens. Somos selvagens e habitamos lugares igualmente selvagens. A liberdade corre em nosso sangue e a morte sussurra na ponta de nossas flechas. Nada tememos; é o medo que foge de nós. Quem tentar nos impedir sentirá nossa fúria. Com isso, ela virou as costas e se afastou pelo mato alto, até os homens conseguirem ver apenas a ponta de seu arco. E então, bem na hora em que eles se lembraram de respirar outra vez, ela desapareceu." Mirina, p. 410
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