GilbertoOrtegaJr 11/05/2016Homens sem mulheres- Haruki MurakamiEste é o sexto livro que leio de Haruki Murakami, e o primeiro que leio em papel, todos os outros quatro foram em e-books. A primeira coisa que noto neste livro é a capa, feita meticulosamente e de muito bom gosto, com algumas linhas, e pequenos círculos que lembram bolhas de sabão, porém em cores preto, branco e rosa (que em mãos formam uma peça linda, como a grande maioria dos livros da editora Alfaguara).
O livro é formado por sete contos, que em comum têm protagonistas solitários, e buscam analisar relações ou momentos passados de suas vidas, quando já estão na meia idade como são alguns dos casos, em outros, ao contrário do que sugere o título do livro, não está em jogo uma história de amor, somente personagens que convivem entre si, sem que necessariamente tenham ou já tiveram um relacionamento passado.
Em Dri my car , um ator contrata uma motorista particular por estar com sua carteira suspensa, aos poucos os dois vão se aproximando e se conhecendo melhor, até que o ator decide contar ao motorista que após o falecimento de sua mulher ele decidiu se tornar amigo do último amante dela.
Yesterdey é o conto onde o narrador relembra um amigo que ele tinha, este amigo mesmo tendo uma namorada linda, vive em conflito por causa da pressão que ele mesmo se exerce para que entre em uma determinada faculdade, e ele acaba pedindo ao narrador para que tenha um encontro românico com sua namorada. E anos depois o narrador se encontra com a ex-namorada do seu amigo, e ambos relembram deste estranho garoto.
No conto Órgão independente um escritor relembra seu amigo Tokai, um cirurgião, que costumava fazer bastante sucesso com as mulheres, mas sem nunca se envolver profundamente de forma emocional. Até que um dia ele acaba se apaixonando por uma mulher, que passa a não corresponder ao sentimento de Tokai, e então ele começa a literalmente sofrer de amor.
Sherazade traz ao leitor a história de um homem que é impedido de sair de sua casa, e cujo único contato com o mundo exterior é a sua empregada, que ele não conhece o nome, e nem nada da identidade dela, mas além da faxina ela faz sexo constantemente com ele, e após o sexo ela acaba lhe contando histórias do seu passado, sejam elas reais ou imaginários.
Kino é de longe meu conto preferido, onde após ser traído e abandonado por sua mulher, um homem decide abrir um bar, este bar não faz muito sucesso, mas tem entre seus clientes está um homem que sempre aparece no bar para ler, e uma misteriosa mulher que se envolve com Kino. Este é um conto lindo, ao menos para mim já valeu o livro todo, onde um dos principais temas é a autodescoberta.
Em Sansa apaixonado Murakami faz o inverso daquilo que Franz Kafka fez em seu livro A metamorfose, neste conto um inseto acorda em forma de humano, em uma casa onde não sabe de nada, e pela manhã ele recebe a vista de uma chaveira corcunda, pela qual ele acaba se apaixonando.
Por fim no conto Homens sem mulheres, que dá nome ao livro, um homem é acordado no meio da noite por um telefonema que o informa que uma de suas ex-namoradas acabou se matando. E isso é o fio condutor para que ele passa a criar uma teoria sobre todos os homens que estão sem mulheres, ou foram deixados por elas.
Eu escolhi este livro para ler, pois conheço o autor e que gosto muito do seu estilo, mas não consideraria este livro imperdível, apenas para quem tem interesse em conhecer a obra toda de Haruki Murakami. Seus contos são divertidos e tem toques inusitados, que nos deixam pensando naquilo que acabamos de ler, valendo a pena como ótimo livro para quem deseja conhecer o estilo do autor antes de se aprofundar na leitura de seus livros.
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