Gabriel.Juca 27/04/2021
Um livro polêmico
Este é um livro que divide muitas opiniões. Li ele pela primeira vez no primeiro semestre da universidade, no curso de Agronomia. Não um curso de linguística. Um curso de agrárias. E na época eu pensei: por que tenho que ler um livro linguística? No que vou usá-lo na minha carreira profissional?
E o livro me impressionou.
Trazendo para o cenário atual, em abril de 2021, nós temos sendo transmitido o BBB, onde está participando uma mulher paraibana. Por vezes, seu jeito de falar foi tomado como agressivo e/ou histérico por alguns participantes. No início do reality, a paraibana ficou isolada, pisando em ovos, por não saber o que ela fazia para irritar tanto as pessoas. Um detalhe importante a ser colocado é que essa tal participante é advogada. Trago isso como um exemplo de preconceito linguístico, onde mesmo uma pessoa que está em uma das carreiras mais altas na pirâmide, sofreu por causa do preconceito.
A maioria dos comentários negativos que li sobre o livro trazem como argumento que o "autor normaliza o erro"; que isso seria inadmissível para um professor; que quando uma sociedade é ignorante, poda-se por baixo. Eu achei bizarro esses comentários. Tenho consciência que um livro é uma mídia aberta à interpretações. Mas são interpretações tão diferentes da que eu tive que eu achei que li o livro errado. Mas pensando depois, cheguei a conclusão de que é exatamente o ponto em que o livro queria tocar.
Existem duas formas de preconceito: o baseado na superioridade, e o baseado na ignorância. O último é fácil de contornar. Basicamente, basta oferecer informação, orientar. O primeiro já é mais complicado, porque é consciente. Você se achar superior porque fala "vidro" em vez de "vrido", é deplorável. O que absorvi do livro é que a função da língua é se fazer entender, é comunicar. Se com "vrido" você me fez entender que estava falando de vidro, a língua cumpriu seu papel. O autor não defende o erro, mas tira a obrigatoriedade do "ser culto". Pra mim, a grande dor que esse livro traz é cutucar a ferida da academia que, por vezes, se acha superior aos outros por causa de um diploma.