Resenhas - Duas Narrativas Fantásticas

Isabela 05/01/2021

Primeiro contato com o autor e devo dizer que gostei bastante! principalmente da narrativa: "o sonho de um homem ridículo". Indico também, como uma resenha posterior a leitura, o vídeo da Claire Scorzi que fez uma análise fantástica no youtube!

SamuellVilarr 13/01/2021

A Dócil e O Sonho de um homem ridículo, Dostoiévski.
Duas Narrativas que são consideradas pelo próprio autor, fantásticas.
São histórias que passam pelas partes mais vagas e melancólicas da consciência humana. Dostoiévski propõe personagens em situações que provocam a consciência humana, e com isso prossegue com a história, fazendo passagens e mais situações que envolve toda essa atmosfera. Mas isso em linhas de uma forma literal e extremamente bem escrita.
Diria que essas histórias são um resultado de uma consciência intensa sobre as questões da vida, juntamente com uma forma de transmitir esse conteúdo buscando as inóspitas e complexas dimensões do Psicológico humano. Fala sobre o suicídio e muitas outras questões nas narrativas. Também diria para encerrar, que vale a pena ler não só isso por isso, mas por que as histórias em si são muito boas. E você pensar como é possível todas essas questões podem ser transferidas para um texto literal e ficcional, é admirável e uma das formas mais interessantes que o ser humano conseguiu desenvolver para expressar e retribuir em uma folha a sua compreensão e a sua imaginação sobre todas as questões.

@biaverona 15/01/2021

Incrível!
Meu primeiro livro do Dostoiévski e sinto que não podia ter começado melhor! 2 contos que fazem com que você entre na cabeça do personagem e sinta tudo que ele está sentindo. Me surpreendi ao perceber que foi uma leitura fluida. Super indico ??

Mel Rasera 17/01/2021

Quanto mais Dostoiévski melhor!
Uma deliciosa forma de se aprofundar em Dostoiévski. Seus contos mostram a Rússia e o escritor de forma até mais direta que seus maravilhosos romances.

Renata (@renatac.arruda) 14/02/2021

Breve impressão de leitura
A primeira novela, "A Dócil", é o puro fluxo de consciência de um marido transtornado com o suicídio da esposa, tentando entender, ao lado de seu caixão, como as coisas chegaram àquele ponto. Ele sabe muito bem e é aí que está o seu horror. De tudo que se poderia falar, o que me chamou a atenção foi o quanto o homem confessa sentir prazer na desigualdade que há entre ele e sua jovem esposa, tanto do ponto de vista material, quanto na grande diferença de idade (achei curioso ler aqui a questão da relação óbvia de poder num relacionamento entre um homem de 40 anos e uma menina de 16, enquanto até hoje haja quem diga que não há nada de mais nisso). Isso dá a ele uma frágil ilusão de controle mas, no fim, vemos que ele não tem, e não pode ter, controle algum sobre o destino alheio.

Já "O sonho de um homem ridículo" é mais difícil de comentar numa impressão de leitura assim, mas chama a atenção a atualidade da crítica que ele faz ao chamado "progresso", imaginando, através de um sonho, que só um homem considerado ridículo pelos seus pares poderia ter, um mundo utópico, ainda não contaminado pelos valores da humanidade terrestre. Mas, se parar pra pensar, talvez nem tudo que ele narra seja assim tão utópico, talvez seja o que hoje a gente entende como "primitivo"? Talvez. Trazendo pra realidade de agora, lembrei do livro "Ideias para adiar o fim do mundo", do Ailton Krenak, e só consegui pensar naquela máxima que diz que é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do capitalismo

Ricardo.Gumiero 14/02/2021

Um conto ok e outro bom
O conto a Docil, ja escrevi que não gostei, já o Homem Ridículo esrava achando 4 estrelas até o finalzinho, mas achei que o autor ficou se repetindo parecendo que tinha que esticar o conto, então pra mim foi 3,5. Foi meu primeiro contato com Dosto e fiquei muito mal impactado... ja li outros autores russos que deixam a narrativa dele no chinelo... mas não vou julga-lo apenas por essa obra, agora parto para uma novela dele Notas do Subterrâneo a qual já sei que sintetiza muito do seu trabalho e na sequência um livro. Vamos la...

Atila.Carlos 08/03/2021

Se me perguntassem, eu não recomendaria essa leitura como sendo o primeiro contato com Dostoievski. Não que seja demasiado profundo ou não acessível, não é isso. Eu diria que nesses contos encontramos a mesma maestria intelectual e literária que o autor pôs em textos maiores como "crime e castigo" e/ou "o idiota", só que de forma condensada. E é essa a questão que talvez possa assustar num primeiro contato.
Todavia, são contos excelentes!

O primeiro conto é um pouco maior, é a persona da esposa, seu jeito e forma de agir, segundo o narrador, claro, é um tanto quanto instigante. Talvez o segundo exija um pouco mais do leitor, uma pesquisa no YouTube possa ajudar na compreensão totalitária da mensagem que o autor quis transmitir. Recomendo se por acaso você deixou algo passar. Isso é normal.
Recomendo a leitura. Quanto mais Dostoievski, melhor!

AdemarSilveira 27/03/2021

Duas narrativas fantásticas- Fiódor Dostoiévski - 7,5/10
Dostoiévski é um escritor fantástico, dos meus livros favoritos da vida tem dois escritos por ele, mas confesso que fiquei um pouco decepcionado com esse livro. São duas narrativas ?fantasticas?apesar de não ter nada fantasioso, vou dividir minha avaliação por conto/novela.

A Dócil - 8/10

Como ocorre com "A morte de Ivan Ilitch", de Tolstói, em "A Dócil" a narrativa se inicia no momento presente, passando então pela reconstrução de fatos passados que culminaram na atual situação, tema da novela - o suicídio de sua esposa.

Tal reconstrução é realizada sob a ótica de um marido, que recorda momentos de sua vida particular e de matrimônio, sempre tentando justificar suas ações em relação à sua esposa (ao menos no início do texto), de forma que possa compreender o porquê de sua mulher ter optado pelo suicídio, ante a possibilidade de ficar com ele (e ser venerada), após o momento de sua redenção.

O conto, sem dúvidas, é outro que faz parte de nosso cotidiano e que serve para avaliarmos as nossas ações, nem sempre tão inteligentes e dignas como pensamos.

O sonho de um homem ridículo - 7/10

O início desta narrativa apresenta um personagem que se define como uma pessoa ridícula, sem perspectiva e sem nada, inclusive que chega a negar ajuda a uma menininha, que encontrara na rua, desesperada.

Já sem forças para seguir vivendo, pensa em se suicidar, até que, momentos antes de sua ação, adormece e possui um sonho estarrecedor, indo para um lugar onde há humanidade, respeito e felicidade entre os seres que lá habitam, remetendo ao Éden.

Ocorre que este Éden vem a ser corrompido por ele, responsável pela introdução de mentiras e outros atos que vieram a desestabilizar completamente o lugar, agora já repleto de individualismo, doenças, com todos os habitantes procurando a "consciência da vida", sempre de forma complexa, sem enxergar os mínimos detalhes e simplicidade que eles mesmos já tinham vivido, lá mesmo.

Quando acorda, depara-se com a arma que utilizaria para se matar, mas vê que "agora que encontrou a verdade", isto é, que sabe que é possível existir um local verdadeiramente humano, está revigorado e tentará, com todas as suas forças, transmitir esse conhecimento, principalmente para aqueles que caçoam dele e desses pensamentos "ridículos".

Paula.Moreira 02/04/2021

Leitura prazerosa
Gostei muito da primeira novela. Achei divertida a forma confusa e contraditória com que o narrador conta o ocorrido. Já na segunda história, não sinto que tive uma grande conexão. Apesar da mensagem em si ser bonita, o texto me pareceu um pouco piegas.
Como um todo, o livro me proporcionou uma leitura muito prazerosa e tranquila.

Lilian 15/04/2021

Sou suspeita em falar de Dostoiévski, amei as novelas...a forma que ele demonstra a mente humana em temas tão complicados, é incrível ...amei...

Brun 22/04/2021

De fato, fantásticas
Sobre ''A Dócil'', Dostoiévski demonstra as contradições de um homem lidando com o seu passado nobre e sua nova realidade, que ele insiste em dizer que é passageira. Suas dificuldades de lidar com o que ele chama de ofensas da sociedade fazem com que ele crie um "sistema" onde o isolamento pretendia protegê-lo de todos. O usurário sonha em se mudar com a mulher que ama (e de fato ama) para um lugar distante "onde se possa viver com os vizinhos". Está passagem demostra que ele não deixa de estar conectado com a sociedade mas deseja uma outra.

Sua relação com a mulher é ambígua e igualmente contraditória. Ele a quer domada, mas desde as primeiras vezes que a viu sabe quem ela é: vigor, juventude e geniosa. Sua opção foi pelo silêncio e afastamento. Ao final, seu estratagema falha, ele se rende a ela mas já é muito tarde.

O tempo todo ele fez julgamentos sobre o que ela devia estar pensando, do que os outros pensariam dele. De forma magistral Dostoiévski mostra a incapacidade em se ter "a alma" das pessoas por mais cativas que elas estejam. Os duelos que ele travava com sua esposa estavam apenas sem sua cabeça, atormentado pela vergonha da covardia e a necessidade de sua atual função.

Já sobre ''O sonho de um homem ridículo, ao contrário do livre, de forma bem superficial,. a história gira em torno da recusa em ajudar uma criança. E as reflexões do personagem acerca disso são bem pesadas. Mais ainda, seu sonho e a contemplação de uma humanidade perfeita, bem como a aceitação de sua imperfeição. No fim, o ensinamento é que devemos lutarmos pelo bem comum. É impressionante como as coisas simples da vida podem nos ensinar grandes coisas.

Luana.KAlen 23/04/2021

A dócil
Aqui você é imerso nos pensamentos de um homem que reflete sobre o suicídio de sua jovem esposa, principalmente sobre o que o ele possa ter influenciado a cerca de tal ocorrido. Pondera considerando a característica inerente da moça de ser alguém ingênua e basicamente boa, o que se resume no termo "dócil" traduzido do russo, no qual ao ser exposta a uma relação onde a inocência da idade e a postura "severa" do marido a fez tomar atitudes reprováveis ao seu ver, e a mudança brusca de comportamento do mesmo que resultou em uma crise de consciência e então no desfecho fatídico. Ao final fica-se somente o luto.