Thaís Brito 19/03/2023
Não foi leitura, foi travessia
Há livros que parecem uma viagem a outro país. Você coloca os pés nele pela primeira vez apenas com uma ideia vaga do que vai encontrar, sem imaginar os aprendizados que aquele novo território vai trazer e sem dominar o idioma falado naquele lugar. E você termina a leitura como quem volta para casa depois de uma jornada que revolucionou seu interior, tendo aprendido a passear pelos becos e pelas veredas, dominando as gírias e expressões locais e trazendo de volta um sentimento de pertença.
Mulheres Que Correm com os Lobos, para mim, entra para a lista de leituras que proporcionam uma travessia. Com ele, consegui enxergar e dar dimensões mais aproximadas às feridas antigas. Compreendi mais ainda a força de cultivar uma vida interior pulsante, ousada, minha e de mais ninguém. Fiquei encantada com as histórias e com as reflexões sobre o ciclo de vida-morte-vida em todos os aspectos do que experimentamos. Fui inspirada a recuperar sonhos adormecidos e a querer conhecer mais ainda o que corre aqui por dentro - o tal rio debaixo do rio, os ensinamentos da Mãe Selvagem, as luzes que a intuição vai acendendo para indicar caminhos.
É uma delícia de leitura, e eu fui ficando triste ao ver que estava terminando essa jornada de descobertas e símbolos! Com certeza, voltarei a ele em momentos de dúvidas.