Vê 04/01/2017Sabe aqueles livros fofos que gostamos de ler em uma tarde chuvosa ou quando estamos à procura de uma leitura relaxante e sem compromisso? Uma História Incomum sobre Livros e Magia, UHILM, como vou chamá-lo daqui para frente, cumpre muito o bem o seu papel de história delicinha!
Kai e Leila são duas jovens que estão praticamente em lados opostos do globo. Elas nunca se conheceram. A única coisa que as une, mesmo que indiretamente, é um misterioso e mágico livro que começa a lhes contar uma história que já aconteceu há algum tempo.
Kai está passando um tempo com a tia-avó, uma mulher bastante peculiar, mas com a qual pode descansar um pouco de sua mãe e da perda de seu pai. Já Leila está no Paquistão com os tios, mas sente-se deslocada por não saber a língua nativa e, muitas vezes, boiar na conversa dos familiares.
Ambas as garotas tem suas vidas completamente diferentes, mas algo nelas começa a mudar quando se deparam com O Cadáver Excêntrico. Não bastasse o título estranho do livro, ele está completamente em branco.
Kai é a primeira a interagir com o exemplar, quando ele começa a lhe contar a história de Ralph Flabbergast e como ele conheceu Ewina Pickle, há muitos anos, no mesmo lugar onde Kai agora vive. Ansiosa para conhecer mais detalhes sobre a vida destes personagens, ela se arrisca a "continuar" a história, embora o livro não a obedeça e continue no seu próprio ritmo.
Leila, por outro lado, primeiro tenta se livrar do livro, mas, ao perceber que ele reaparece a todo momento perto de si, fica quase impossível ignorá-lo. Ela começa a acompanhar a história dos mesmos personagens e as intervenções de Kai, sem que ela nem faça ideia de que outra menina também está lendo o mesmo livro.
Cada uma tem suas próprias aventuras e descobertas, mas senti durante todo o livro que Kai ganhou muito mais destaque e desenvoltura do que Leila. Para mim, ela não passou de mera expectadora da história. Kai foi quem realmente cresceu.
Agora, você deve estar pensando: "Ok, na capa temos a silhueta da cidade de Kai, a silhueta da cidade de Leila, arabescos que lembram a cultura paquistanesa, dois braços de meninas sobre um mesmo livro...mas o que aquela borboleta tem a ver com a história?". Eu digo: muita coisa! A mariposa-celestial é um dos pontos mais abordados no livro, principalmente porque trata-se de um inseto que teria desaparecido da região de Kai, mas que é muito citado n'O Cadáver Excêntrico. Por quê? Ora, se eu contar muito, a surpresa estraga!
Toda a história tem um quê de mágica, mas sem grandes surpresas. O ponto alto de UHILM é a descoberta de como essas duas meninas, aparentemente, sem nada em comum, na verdade tem um papel importante diretamente relacionado a O Cadáver Excêntrico.
Como mencionei antes, Kai, notoriamente, tem um destaque e evolução muito maiores do livro do que Leila, o que eu achei um pouco injusto, já que a menina também tinha grande potencial de se desenvolver. Algumas cenas com ela, inclusive, acabaram ficando um pouco exageradas, como se a autora quisesse dar emoção à personagem, mas eu acho que ela pedia um pouco mais de destaque e não de emoção.
O final é uma fofura, ele não deixa aberto para continuações, mas, ao mesmo tempo, convida o leitor a imaginar o que viria dali para frente. Todas as pontas soltas são amarradas e O Cadáver Excêntrico acaba tornando-se uma ótima ideia de jogo para fazer com os amigos. Afinal, que história criada por tantas cabeças não poderia ser divertida?
Embora em certos momentos você sinta raiva da família de Leila, ao perceber que a irmã mais nova sempre a ofusca e, como se não bastasse, a própria história de Papademetriou também a ofusca, é impossível não torcer para que ela também tenha seu próprio final feliz.
A edição da Arqueiro está linda, a capa tem um toque aveludado que eu simplesmente amo nos livros! A diagramação está confortável e o trabalho artístico nas páginas dá todo um toque delicado à leitura.
Realmente é um livro para ler a qualquer momento e guardar sempre perto do coração. Talvez você não o ache a história mais revolucionária de todas, pode até achar um pouco bobinha. Mas é aquele bobinho que nós procuramos sempre que precisamos de alguma história aconchegante. E Uma História Incomum sobre Livros e Magia é uma história super aconchegante!
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