Arthur 12/02/2023
Existe sentido na vida?
Não faz muito tempo que em uma conversa com uma amiga disse que "não é por ser livro que uma obra é boa". Dessa fala se retira que o universo das produções literárias e também acadêmicas é heterogêneo, diverso em temas e também em qualidade. Dessa forma, existem leituras que te mergulham em reflexões de forma muito mais densa que outras. Esse foi o caso - comigo - de "O mito de Sísifo".
Sempre, desde muito novo, questionei o sentido da vida, passando por várias nuances desse pensamento: desde a crença em algo superior, missão, a ideia egocêntrica e megalomaníaca de que poderia ter vindo ao mundo para realizar algo grandioso, até a fase das negações. Nesse sentido, Camus e a sua ideia de absurdo dialogam bastante comigo: "a vida não tem sentido". Não um sentido maior, pelo menos. Importante mencionar que dar cabo da própria vida, para o autor, seria confirmar essa ausência de sentido. Portanto, há que se preencher de sentido, "desafiar os deuses", consciente de que não há um sentido maior, sobretudo ao se tratar dessa lógica de produção mecânica e obediente. Para Camus, o ser humano se torna um sujeito extremamente interessante ao tomar consciência desse absurdo e nos poucos momentos em que, de fato, possui algum controle sobre a sua existência mediante aguçamento da criticidade, atribui um significado pessoal, individual, e porque não desafiador, à sua existência condicionada exploração de sua força e de seu tempo para fins que, a ele, o indivíduo, são inalcançáveis.
Imagino que o não ser filósofo tenha me deixado passar muita coisa dessa obra, e talvez até distorcido o meu entendimento, mas me arrisco a dizer que há nela uma crítica ao positivismo, e um flerte com o materialismo-histórico.