O Mito de Sísifo

O Mito de Sísifo Albert Camus




Resenhas - O Mito de Sísifo


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Claudio.Kinzel 20/12/2019

É preciso imaginar Sísifo feliz
Camus descreve o absurdo, conceito essencial e principal de sua filosofia existencialista, que pode ser resumido, a grosso modo, como a perplexidade do ser humano diante de um mundo sem sentido em si. Para tal, descreve alguns personagens absurdos, como o comediante, o amante e o aventureiro. Sísifo representa o herói absurdo, aquele que negou os deuses e, apaixonado pela vida, encara de bom tom o fardo diário representado pela pedra que sabe que inevitavelmente cairá. A tragédia consiste em adquirir consciência do absurdo, coisa que a maioria dos mortais, entorpecidos pela religião ou outros sistemas ilusórios, não vê com claridade. Sísifo sabe disso e mesmo assim segue em frente. Como sugere Camus, é preciso imaginar Sísifo feliz, isto é, é preciso aceitar a realidade absurda e ainda assim seguir em frente.
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vicareno 24/10/2019

A vida absurda: ensaio de filosofia
Obra brilhante de filosofia. É como se fosse um grande ensaio sobre a existência e o absurdo que ela encerra em si. A grande chave do livro é justamente essa discrepância entre a "solidez" da realidade e o absurdo que lhe é inerente: se o fim é certo, que diferença faz o que fazemos com a nossa vida?
Sempre que me deparo com reflexões niilistas, lembro da advertência de Pondé de que é preciso ter estômago para lidar com a vida como ela é, sem muletas metafísicas.
Mas creio que radicalizar o "viver a vida" seja a resposta (ou o que nos resta). Afinal, não foi essa a chave que nos legou Nietzsche com seu conceito de "amor fati"?
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Karamaru 30/06/2019

O ETERNO ABSURDO
“O mito de Sísifo: Ensaio sobre o absurdo”, de Albert Camus, é daquelas obras para se ler devagar, meditando longamente em alguns trechos a fim de organizar o raciocínio. Não é uma leitura fácil, mas é, ao mesmo tempo, necessária e gratificante – dificilmente se sairá inerte dela, ainda que alguns questionamentos fiquem abertos ou sejam maximizados ao terminá-la.

Nesta obra, Camus, debruça-se sobre a questão do suicídio. Na verdade, ele procede a uma investigação sobre a gênese do pensamento suicida, e, de início, deixa claro que “julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”. Alguém ousaria discordar dessa afirmação do pensador francês? Provavelmente não.

Para discutir tema tão complexo, o autor, por repetidas vezes, alerta que neste ensaio deixou de lado a atitude “espiritual” mais comum à sua época (que pode ser a nossa também!): a atitude que se apoia sobre o princípio de que tudo é razão e que tem em vista dar uma explicação do mundo. Por isso, o leitor é convidado a pensar “fora da caixa” e a considerar o pensamento absurdo.

Na verdade, diria que tal convite é praticamente um desafio, já que “é sempre cômodo ser lógico. Mas é quase impossível ser lógico até o fim”. E, talvez, não haja, paradoxalmente, forma mais apropriada de se pensar no suicídio que não passe pelo crivo do absurdo, posto que “o divórcio entre o homem e a vida, tal qual entre o ator e seu cenário, é o próprio sentimento da absurdidade”.

Pela minha percepção, dividi o ensaio numa espécie de gradação ascendente, que se inicia com a tomada da consciência absurda, o reconhecimento do homem absurdo e, na sequência, a ação absurda, a revolta, a qual, para Camus, é atitude mais coerente e sábia ao se tomar conhecimento dos dois primeiros movimentos (e, aqui, encaixa-se perfeitamente o mito de Sísifo).

No decorrer do ensaio, Heidegger, Kierkegaard, Nietzsche e outros são citados. Por fim, o autor discorre sobre “a criação absurda”, analisando brevemente textos de Kafka e Dostoiévski, linhas deliciosas, diga-se de passagem. É interessante constatar, sob o olhar de outro, como os grandes autores da literatura trabalharam com eficiência temas caros à filosofia.

Eis uma obra para ser lida e relida ao longo dessa nossa estranha existência. E, se tal existência é absurda, como o parece ser, pelo menos tentemos escalar os muros absurdos que nos cercam. Como disse Nietzsche (replicado no ensaio de Camus, por meio deste e outros excertos), “o que importa não é a vida eterna, é a eterna vivacidade.”
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Jabez 25/06/2019

Instigante, provocante e absurdo.
Camus sabe delinear muito bem seu pensamento, sabe propor ou tecer ótimas provocações ao existencialismo. É denso e merece muito ser lido.
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GabRM 06/06/2019

O mito de Sísifo
Um ensaio bem atordoante. Muitas ideias/linhas de pensamento que devem ser refletivas com profundidade.
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none 10/05/2019

Pensei que fosse melhor
E o artigo sobre Dostoiévski que foi substituído pelo ensaio sobre Kafka? Onde foi publicado? A editora Record parece estar mais preocupada em encaixar Camus numa briguinha ideológica que outra coisa melhor. Por que dois tradutores? A tradução ficou soando francês a maior parte do tempo. Camus não é um autor fácil e esses ensaios são complexos. Discutem o absurdo. Nada mais propício para o momento em que vivemos. O homem revoltado teve melhor edição que esse clássico. Uma pena.
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Thay 14/04/2019

O absurdo e o suicídio:

"Começar a pensar é começar a ser minado. A sociedade não tem muito a ver com esses começos. O verme se acha no coração do homem."

"Matar-se é de certo modo, como no melodrama, confessar. Confessar que se foi ultrapassado pela vida ou que não se tem como compreendê-la."

Os muros absurdos:

"O cansaço está no final dos atos de uma vida mecânica, mas inaugura ao mesmo tempo o movimento da consciência. Ele a desperta e desafia a continuação. A continuação é o retorno inconsciente à mesma trama ou o despertar definitivo. No extremo do despertar vem, com o tempo, a consequência: suicídio ou restabelecimento."

"De quem e de que, de fato, posso dizer "conheço isso"? Este coração, em mim, posso experimentá-lo e julgo que ele existe. Este mundo, posso tocá-lo e julgo ainda que ele existe. Para aí toda a minha ciência, o resto é construção. Porque, se tento agarrar este eu de que me apodero, se tento defini-lo e sintetizá-lo, ele não é mais do que uma água que corre entre meus dedos. Posso desenhar um por um todos os rostos que ele sabe usar, todos aqueles também que lhe foram dados, essa educação, essa origem, esse ardor ou esses silêncios, essa grandeza ou essa mesquinhez. Mas não se adicionam rostos. Até esse coração que é o meu continuará sendo sempre, para mim, indefinível. Entre a certeza que tenho da minha existência e o conteúdo que tento dar a essa segurança, o fosso jamais será preenchido. Serei para sempre um estranho diante de mim mesmo."

"Compreendo que se posso, com a ciência, me apoderar dos fenômenos e enumerá-los, não posso da mesma forma apreender o mundo."

"Querer é suscitar os paradoxos. Tudo é organizado para que comece a existir essa paz envenenada que nos dão a negligência, o sono do coração ou as renúncias mortais."

"O absurdo nasce desse confronto entre o apelo humano e o silêncio despropositado do mundo."

O suicídio filosófico:

"O absurdo essencialmente é um divórcio. Não está nem num nem noutro dos elementos comparados: nasce de sua confrontação."

"Existe um fato que parece inteiramente moral: é que um homem é sempre a presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas."

"A única saída verdadeira está precisamente ali onde não há saída conforme o julgamento humano. Do contrário, para que teríamos nós necessidade de Deus? As pessoas só recorrem a Deus para obter o impossível. Para o possível, os homens se bastam."

"Procurar o que é verdadeiro não é procurar o que é desejável."

"Pensar é reaprender a ver, dirigir a consciência, fazer de cada imagem um lugar privilegiado."

"Para o homem absurdo, havia ao mesmo tempo uma verdade e uma amargura nessa opinião puramente psicológica de que todos os aspectos do mundo são privilegiados. Que tudo seja privilegiado redunda em se dizer que tudo é equivalente."

A liberdade absurda:

"O homem reencontrará aí, enfim, o vinho do absurdo e o pão da indiferença com que alimenta sua grandeza."

"Viver uma experiência, um destino, é aceitá-la plenamente."

"Para um homem sem antolhos, não existe espetáculo mais belo que o da inteligência lutando contra uma realidade que o ultrapassa."

"Conhecemos a alternativa: ou nós não somos livres, e Deus todo-poderoso é responsável pelo mal, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso."

"Não posso compreender o que pode ser uma liberdade que me seria dada por um ser superior. Perdi o sentido da hierarquia. Só posso ter, da liberdade, a concepção do prisioneiro ou do indivíduo moderno submetido ao Estado. A única que conheço é a liberdade de espírito e de ação."

"O absurdo me esclarece sobre esse ponto: não há o dia de amanhã."

"Tudo é permitido não significa que nada é proibido."

"Para um homem consciente, a velhice e o que ela pressagia não são uma surpresa. Ele justamente só é consciente à medida que não se oculta o horror."

"O fim definitivo, esperado mas nunca desejado, o fim definitivo é desprezível."

"De todas as glórias, a menos enganosa é a que se vive."

"Um homem é um homem mais pelas coisas que cala do que pelas que diz."

"Todo pensamento que renuncia à unidade exalta a diversidade."

"O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas e esse destino não é menos absurdo. Mas ele só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente."

"Quanto mais apaixonante é a vida, mais absurda é a ideia de perdê-la."
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Amanda Bento 25/03/2019

history forgets the moderates
Camus escreve com muita facilidade sobre seu fascínio pelas repetições que não são justificadas, sua escrita tranquila e fluente chega a ser carismática enquanto ele disseca os aspectos absurdos da existência. O conceito do absurdo nesse livro é explanado nos primeiros capítulos pela comparação ao mito de Sísifo (o mortal condenado a rolar a pedra até o topo de uma montanha e vê-la cair até o ponto inicial para assim subir de novo, durante toda eternidade) afirmando que o homem moderno se assemelha com essa figura pois sempre está a mercê do absurdo e se empenha em continuar. É um livro sobre movimento e aceitação do absurdo.
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Samarithan 27/12/2018

Uma vida absurda
Neste ensaio, Camus aborda a questão do suicídio (segundo ele, o único problema filosófico realmente sério), discorrendo à sua maneira sobre o sentido da vida e se esta vale a pena ser vivida, partindo da concepção que a existência humana é absurda.
Apesar de ser um livro relativamente curto, as diversas reflexões propostas pelo autor pedem uma leitura profunda, sendo necessário retornar em páginas anteriores para absorver melhor certas ideias. Os capítulos onde Camus exemplifica seu pensamento por intermédio de personagens existentes na literatura são muito elucidativos e a alegoria final que é feita com o Mito de Sísifo demonstram a genialidade do autor!
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Peleteiro 20/12/2018

Uma obra-prima filosófica
Dostoiévski trouxe a maravilhosa tese do "homem extraordinário" no seu livro intitulado Crime e Castigo. Não satisfeito e inspirado por ele, Nietzsche veio e trouxe a ideia do "Super-homem", em sua obra "Assim falou Zaratustra", entretanto, penso que nenhum deles alcançou a perfeição do homem absurdo aqui apresentado, que enxerga a vida com um otimista fatalismo. Sem dúvidas, "O Mito de Sísifo" se apresenta como uma verdadeira obra-prima existencialista. Uma aula sobre a vida e o homem. É impossível sair inerte da leitura. Camus é absurdo! No melhor sentido da palavra.
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Fernanda.Kaschuk 31/07/2018

Uma leitura absurda do espírito moderno.
"Este mito só é trágico porque seu herói é consciente. O que seria a sua pena se a esperança de triunfar o sustentasse a cada passo? O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefa, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente." (CAMUS. 2018, 123)
Esse ensaio de Camus elucida seus devaneios acerca do sentido da vida e possíveis nexos causais do suicídio. Para além dos estudos sobre tal enquanto fato social, Camus se volta a particularidade de cada sujeito na medida em que estabelece uma relação com o mundo absurda, no sentido de tomar consciência do vazio de si bem como de sua realidade. Desde a felicidade contemplativa dos gregos até o amor fati de Nietzsche, vislumbrando o necessário pessimismo de Dostoievski explícito em seus personagens tão intrínseca e imoralmente humanos, Camus aborda os mais variados delírios literários a fim de sutilmente dissecar os motivos pelos quais um homem dá fim a própria vida, ou vive a morte em cada segundo de vida quando cai no abismo da razão.
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Kildary 27/06/2018

É preciso imaginar Sísifo feliz
"Com o puro jogo da consciência, transformo em regra de vida o que era convite à morte – e rejeito o suicídio. Conheço sem dúvida a surda ressonância que percorre essas jornadas. Mas só tenho uma palavra a dizer: que ela é necessária."
Sísifo é provisoriamente o homem absurdo e necessariamente um anti-fausto.
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Murilo.Duarte 07/06/2018

Um absurdo.
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Raquel.Faria 26/04/2018

O Mito de Sísifo
Me sinto honrada quando leio bons livros, com boas ideias e boa discussão. Dois livros que abordam o absurdo da nossa existência, conformidade e vãs expectativas. Seríamos todos estrangeiros a nós mesmos, ao nosso meio e aos nossos pares? "O Estrangeiro" conta a história de Mersault: o anti-heroi mais honesto que já conheci. "O Mito de Sísifo" é um ensaio desenvolvendo a questão do Raciocínio Absurdo, do Homem Absurdo e suas criações. Foi meu primeiro ensaio filosófico. Sou leiga, mas foi bem gostoso de ler!

site: https://trazumcappuccino.wordpress.com/2018/04/17/resenha-o-estrangeiro-o-mito-de-sisifo/
Malu Caires 13/05/2018minha estante
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Letra Capitular 25/07/2017

O Mito de Sísifo
“Os deuses tinham condenado Sísifo a rolar um rochedo incessantemente até o cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo por seu próprio peso. Eles tinham pensado, com as suas razões, que não existe punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.”

Eu confesso. Iniciando a leitura do O Mito de Sísifo, pensei que este seria mais um grande livro ficcional no qual a condição humana estaria sendo exposta, porém não imaginava que este ensaio se tratava de um marco para a teoria do absurdo. Albert Camus, escreve este texto em 1941, apresentando a discussão filosófica do absurdo, discutindo com autores como Heidegger e Kierkegaard, apresentando Don Juan como um homem absurdo e exemplificando a vida sem sentido com o mito de Sísifo, presente na mitologia grega.

No primeiro capítulo, o suicídio é questionado. Seria ele o fim do homem que aceita o absurdo da existência? Para Albert Camus, não há sentido na existência humana. Nós, ao passar dos séculos criamos e recriamos motivos fúteis e ideias sobre-humanas para conseguirmos ver uma luz no final do túnel, um modelo de existência que daria sustentação a tese da razão à existência. Camus compreende que o homem absurdo, quando confrontado com a inexistência de ‘um amanhã’ deve continuar a percorrer seu caminho, entendendo a contradição. O suicídio assim, seria a única forma de fugir do absurdo, compreendendo somente o indivíduo e a morte; este surgiria como esperança ao homem, frente o absurdo da vida. Porém, para o autor, o suicídio não é uma solução ao problema existencial do absurdo, mas uma fuga. Para Camus, o suicídio é o único problema filosófico realmente, sério.

” Começar a pensar é começar a ser atordoado.”

O autor, ao falar da aceitação do absurdo pelo homem, apresenta três consequências deste fenômeno que seriam a revolta, a liberdade e a paixão. Explico. A revolta primeira, quando se compreende que a vida é absurda e que não há sentido lógico no que fazemos e como vivemos, a liberdade de perceber que compreendemos este absurdo e que estamos livres das amarras que outrora nos prendiam e, a paixão à vida absurda.

“ Assim, o absurdo torna-se deus (no sentido mais amplo da palavra) ”.

O absurdo é atual. O desejo por uma razão é presente em nossas vidas, a estabilidade financeira e emocional, o trabalho, o consumo, as linhas filosóficas. Porém, para Albert Camus, viver é morrer a cada dia que termina.

“ Anteriormente tratava-se de saber se a vida deveria ter um sentido para ser vivida. Agora, parece, pelo contrário, que será tanto melhor vivida quando menos sentido tiver. ”

Este é um livro para ser lido e relido. Entendo que há um grande paralelo entre a realidade escrita por Camus na década de 1940 e a dos dias atuais. Vivemos para trabalhar e trabalhamos sem ver sentido; rezamos à um deus por fé, sem prova alguma de sua existência; almejamos um amor romântico, criado e idealizado por Hollywood; acreditamos fielmente nesta sociedade e em seus valores, sem querer ver uma outra alternativa..

Nossa existência é absurda.

site: https://letracapitularblog.wordpress.com/category/sem-categoria/albert-camus/
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