The Epic of Gilgamesh

The Epic of Gilgamesh Sin-léqi-unnínni
Anônimo
Anônimo




Resenhas - A Epopéia de Gilgamesh


127 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Márcia 24/08/2022

Ele que o abismo viu - Sin-léqi-unnínn
Ele que o abismo viu é um poema épico, um dos registros literários mais antigo da história do mundo. É uma história conhecida a mais de 4.000 anos.
As tabuinhas de argila sobre essa história foram encontradas em escavações na região que já foi conhecida como Mesopotâmia, hoje em dia é o Iraque.
Foram encontradas 12 tabuinhas, sendo a última encontrada em 2014.
5.000 anos atrás o ei de Uruk , que era a grande cidade da Mesopotâmia da época. Esse rei tinha um rival em outra cidade e, ele resolve enviar uma mensagem a esse rei. Ele manda um recado por escrito em uma tabuinha de argila a ser entregue ao outro rei.
Quando o rival recebe a tabuinha escrita, ela acha tão extraordinário que nem se importa com a ameaça que está escrita.
Ele fica tão maravilhado que ele jura lealdade ao rei de Uruk e assunto resolvido. Essa é uma das histórias da Epopeia de Gilgamesh.
A Epopeia de Gilgamesh vai contar a história do rei fundador da cidade de Uruk. E o livro começa descrevendo a cidade de Uruk, uma das cidades mais antigas do mundo.
A Epopeia de Gilgamesh descreve como Gilgamesh se tornou o grande rei sábio de Uruk .
No começo do livro, descreve o povo de Uruk totalmente insatisfeito com o rei, sofria muita opressão, trabalhava muito, as virgens em sua noite de núpcias eram obrigadas a dormir com o rei. A população de Uruk se reúne e pede aos deuses uma providencia.
Os deuses se reúnem e decidem que seria uma boa ideia criar um homem tão forte quanto Gilgamesh.
Gilgamesh é descrito no livro como um homem muito grande, muito forte., bonito, inteligente.. Ele é filho do rei anterior com uma deusa. Ele é considerado divino por causa disso.
A Deusa Aruru, a Deusa da Ciação, ( ela foi a Deusa que criou a humanidade) cria um homem a partir do barro com as mesmas características de Gilgamesh. Ela cria o Inkidú.
Inkidú é criado como um selvagem, no meio dos animais. Gilgamesh então envia uma prostituta para ensinar Inkidú a arte do amor e da convivência humana.
Gilgamesh não está nenhum pouco satisfeito com a presença de Inkidú na cidade e por um determinado motivo, Gilgamesh e inkidú lutam e essa luta demora horas porque eles são equivalentes. Em um determinado momento, Inkidú para a luta e jura lealdade ao rei, a partir desse momento, eles se tornam amigos inseparáveis.
Eles anseiam por aventuram, então Gilgamesh se lembra que há um monstro tomando conta de uma floresta afastada da região. Os dois decidem ir até a floresta vencer esse monstro. Inkidú tentar fazer Gilgamesh mudar de ideia , mas não adianta . Eles vão até a floresta vencer o monstro. O monstro se chama Umbaba.
Com a ajuda divina, Gilgamesh e Inkidú conseguem vencer Umbaba.
Ao voltar para Uruk, com a cabeça de Umbaba, Gilgamesh é recebido por Istha (que é a deusa da caça e do amor). Isthar está apaixonada por Gilgamesh , ela propõe casamento , várias coisas para ele. Gilgamesh não está nada interessado na proposta. Ele a rejeita.
Isthar fica furiosa e ela vai pedir aos outros deuses a permissão de enviar para Urúk o Touro do Paraíso. Gilgamash e Inkidú matam o touro com extrema facilidade e Inkidú ainda desafia Isthar. Agora, Isthar está rejeitada e humilhada.
Isthar volta e conta aos deuses o que ocorreu, eles se arrependem de ter criado Inkidú e decidem matá-lo.
No dia seguinte Inkidú começa a sentir mal e fica acamado, Gilgamesh fica o tempo todo ao seu lado, cuidando de Inkidú. Inkidú morre e Gilgámesh entra em luto profundo.
Gilgámesh começa a perceber que a morte também vai encontrá-lo em algum momento, afinal ele é humano. Gilgámesh nunca tinha se questionado em relação a isso.
Após o funeral de Inkudú , Gilgámesh sai pelo mundo, ele não quer ter o mesmo fim de Inkidú.
Durante suas andanças, Gilgámesh sai a procura de Upa-Napíshti, que é um imortal . Um homem que recebeu a imortalidade dos deuses.
Gilgámesh que saber como foi, afinal , ele também quer essa imortalidade.
Gilgámesh consegue chegar até onde mora Upa-Napíshti depois de muitos percalços. Upa-Napíshti tenta convencer Gilgámesh a desistir da imortalidade, afirmando que ele deve aproveitar o tempo que ele tem, o que a vida lhe proporciona.
Nada convence Gilgámesh, então .Upa-Napíshti conta como ele conseguiu a vida eterna.
Em dado momento os deuses decidiram que a humanidade não deu certo, decidem acabar com tudo e mandam um dilúvio para terra. Um dos deuses era amigo da humanidade, então ele diz para Upa-Napíshti construir uma arca e embarcar a sua família e pares de todos animais que ele conseguir encontrar .
chove durante 7 dias e 7 noite e tudo fica inundado. Os deuses se arrependem e dão um premio para Upa-Napíshti e sua esposa por ter salvo a humanidade e os animais, eles concedem a vida eterna para os dois.
Upa-Napíshti após contar a história para Gilgámesh , sugere que Gilgámesh fique 7 dias e 7 noites acordado, igual ao que ele fez durante o dilúvio, e pode ser que dessa forma ele consiga a vida eterna.
Gilgámesh acha que vai ser fácil ele ficar acordado, escolhe um cantinho da casa de Upa-Napíshti e fica ali esperando. Gilgámesh cai no sono imediatamente.
Upa-Napíshti e sua esposa diz que vida eterna Gilgámesh não vai conseguir mas , talvez, a juventude duradoura e indicam uma planta , que ao ser comida, fornece a juventude prolongada.
Gilgámesh para em rio para se banhar e nesse momento, uma serpente come a planta da juventude. Depois desse episódio, Gilgámesh se convence que ele não conseguir a vida eterna e nem a juventude prolongada. Dessa forma, ele enxuga as lágrimas e vai embora.
Quando ele esta se aproximando de Urúk , ele percebe que o seu grande feito é aquele imensa cidade. Enquanto a cidade existir, ele será lembrado.
Gilgámesh se torna o melhor de todos os reis, o mais justo, o mais preocupado com o bem estar dos cidadãos.
A história termina com o ei voltando para sua cidade como um rei sábio, e Urúk é sim o seu grande legado.

comentários(0)comente



Bia 01/08/2022

Não é meu tipo de livro
É MUITO interessante ter em mãos uma tradução da epopeia mais antigo do mundo, mas o livro parece ser mais sobre a tradução do que a história de fato. Muito bem feito, muito bem traduzido, cheio de informações e detalhes, mas pra mim não rolou. Esperava mais literatura, é mais histórico do lado da palavra.
comentários(0)comente



lauravuada 29/07/2022

Epopeia de Gilgamesh
É um livro interessante de ler. Ele conta as aventuras do herói Gilgamesh, conta desde a sua criação até sua vida adulta, e aqui nos mostra algumas de suas aventuras com seu fiel amigo, Enkidu.
comentários(0)comente



samucacn 24/07/2022

Epopeia ou Épico de Gilgamés é um antigo poema épico da Mesopotâmia, uma das primeiras obras conhecidas da literatura mundial. Acredita-se que sua origem sejam diversas lendas e poemas sumérios sobre o mitológico deus-herói Gilgamés, que foram reunidos e compilados no século VII a.C. pelo rei Assurbanípal.
comentários(0)comente



Andrey 16/07/2022

Comentários sobre as edições traduzidas por Brandão
Meu objetivo com esta resenha é: fornecer informações sobre a edição “Ele que o abismo viu: epopeia de Gilgámesh” de tradução e com comentários do professor Jacyntho Brandão da editora Autêntica.

A editora Autêntica, por meio da coleção Clássica, lançou duas versões, ambas traduzidas por Brandão: a) a primeira com comentários e certas particularidades; b) a segunda sem comentários.

Diante da edição dessas duas versões, tenho a intenção de contribuir com o leitor desejoso de acessar esta obra, para que possa optar por aquela versão que melhor atenda aos seus anseios. Destaco, no entanto, que somente li integralmente a primeira das versões, i. e., aquela com comentários.

A edição com comentários foi publicada ineditamente em 2017 – possuindo várias reimpressões – com a tradução direta do acádio para o português pelo professor Jacyntho Lins Brandão, quem também insere introdução e comentários. Esta edição pode ser subdividida em três partes – além das referências e do índice onomástico: introdução, que compreende as páginas 13 a 42; a tradução da epopeia, inserida nas páginas 43 a 135; e comentários do tradutor, da página 136 à página 306.

Observe-se, então, que os comentários do tradutor não foram alocados em notas de rodapé ou de final de capítulo, mas em uma sessão autônoma. Ademais, acredito que uma sessão destinada aos nomes próprios utilizados, sobretudo dos deuses, seria muito útil.

Na edição comentada, logo nos primeiros parágrafos da introdução, Brandão sumariza o enredo da epopeia de Gilgámesh, o que pode ser incompatível com a intenção de alguns leitores que desejam conhecer a história por si mesma. Para além disso, de forma sucinta, mas suficientemente aprofundada, Brandão discorre sobre aspectos atinentes aos nossos conhecimentos sobre a tradição literária antiga, a inserção da epopeia de Gilgámesh nessa tradição e sobre aspectos da tradução.

Diferentemente, a introdução da versão sem comentários é mais enxuta. Não conta com um resumo do enredo, sobre pormenores das civilizações mesopotâmicas ou sobre o nosso conhecimento acerca delas. Limita-se, em geral, a mencionar as versões existentes sobre a epopeia e como a tradução foi construída, mas de forma muito mais pragmática.

Seja como for, na minha opinião, apesar da natureza “acadêmica” da introdução na edição comentada, considero-a essencial para o melhor aproveitamento na leitura da epopeia traduzida. (Não me deterei mais pormenorizadamente aqui, porque na prévia de visualização de ambas as versões no site da editora, a introdução completa de cada uma delas está disponível).

A propósito disso, parece-me ser a natureza “acadêmica” da edição comentada que tem causado desconforto em alguns leitores. Talvez não tanto pela introdução em si, mas pelas opções escolhidas na elaboração da tradução e sua relação com a sessão de comentários.

Nas palavras do coordenador da coleção, Oséias Ferraz, a coleção clássica da Autêntica seria destinada “[...] aos leitores atentos [...] que desejam ou precisam de um texto clássico em edição acessível, bem cuidada, confiável”. Por esse motivo, não seriam estas edições “acadêmicas”.

Apesar disso, Brandão se justifica na introdução afirmando que “[...] o que se espera de um tradutor de línguas clássicas são traduções comentadas” (p. 32). Nesse espírito, os comentários estão repletos de reflexões não apenas sobre traduções alternativas, traduções comparadas e notas sintáticas ou semânticas, mas também sobre aspectos culturais, paralelos a outros textos antigos, a forma de reconstituição dos versos e conjunturas sobre o significado de certos trechos.

E aqui é conveniente apontar que, existindo distintas versões históricas desta epopeia – mais ou menos completas – há tradutores que optam por reconstituir o texto, tornando-o menos lacunoso, a partir da informação de distintas versões. Esta, contudo, não é a opção adotada por Brandão na edição comentada. Em seus dizeres “[...] eu não quis produzir um texto compósito, em que as lacunas nos manuscritos do poema clássico se completassem com as lições da versão antiga, de fragmentos das versões médias ou mesmo de traduções para outras línguas, em especial o hitita, como muitas vezes se faz, oferecendo ao leitor um texto que jamais existiu em época alguma ou lugar”. (p. 27).

A opção de Brandão é nítida. Seu objetivo inicial, menos que recontar a epopeia de Gilgámesh em português a partir de distintas versões, é traduzir a versão clássica então atribuída a Sin-léqi-unnínni.

Assim, a fidelidade a essa versão vai implicar que, na ocorrência de danos às tabuinhas, os versos não são reconstituídos a partir de outras fontes (talvez, a única exceção, é o uso pontual de Atrahasis na tabuinha 11). E esse é o principal aspecto que diferencia a versão com comentários da versão sem comentários, pois, mesmo nas tabuinhas mais bem preservadas (1, 6 e 11) há significativas lacunas.

A existência dessas lacunas pode ser problemática. Por exemplo, nos versos 59 a 61 da tabuinha 3, lê-se “----/---- para/ ----/ ---- brilhar”. Em outros casos, como na tabuinha 2 (conforme explica-se nos comentários, p. 177) e na tabuinha 7 (cf. comentários da p. 231), estima-se que por volta de 25 versos inteiros foram perdidos.

Em decorrência disso, os comentários expostos na terceira parte não são apenas acessórios para a leitura da tradução da epopeia, mas se mostram essenciais para a compreensão de seu enredo. Desse modo, por existirem comentários das mais variadas naturezas, a leitura visando o seguimento do enredo pode se tornar mais pesada e morosa.

A versão sem comentários, diferentemente da proposta inicial de Brandão, privilegia o seguimento da narrativa, ao reconstruir a epopeia da forma mais completa possível, valendo-se de outras fontes que não a versão clássica.

Colocadas essas breves informações, passo a algumas considerações finais.

Primeiramente, acho louvável que a editora Autêntica tenha se preocupado em trazer duas versões visando alcançar dois perfis distintos de leitores a partir de um trabalho nitidamente sério de pesquisa e tradução.

Sobre a versão sem comentários – e acredito que isso é uma escolha deliberada da editora – esta edição deve atender quem busca ter o primeiro contato com a história (e, digamos, gostaria de não ter spoilers) ou privilegia o relato da epopeia. Em contrapartida, convém ter em mente que este relato é, inevitavelmente, uma adaptação. Além disso, a versão com comentários auxilia a entender que ainda existem muitas dúvidas sobre a epopeia, e que a versão mais completa poderia desestimular outras interpretações (ou mesmo traduções) que seriam igualmente possíveis. (Repito, contudo, que não li essa versão integralmente para pontuar justamente).

A versão com comentários, por sua vez, tem o ponto baixo na fluidez da leitura, sendo sempre dependente dos comentários. É uma leitura que exige dois marcadores. Por outro lado, as reflexões ali existentes nos ajudam a compreender a profundidade e a complexidade que ainda hoje incidem sobre o nosso conhecimento acerca da epopeia. Consequentemente, convida-nos a sermos “co-responsáveis” pela sua compreensão, ao apontar distintas perspectivas que, cada qual com seu valor, oportuniza diferentes interpretações.

Na minha opinião, ainda que a leitura da versão com comentários demande certa paciência, seu valor não pode ser desprezado. Somente os comentários relativos à Tabuinha 11 já seriam suficientes, para mim, para optar por esta versão.

De todo modo, para quem quiser experimentar o formato dado à tradução na versão com comentários, e de forma gratuita, sugiro a leitura do texto publicado por Brandão na revista “Nuntius antiquus”, v. 10, n. 2, p. 125-160, de 2014. Apesar de existirem algumas diferenças na tradução e no local onde são inseridos os comentários, esta tradução da Tabuinha 1 se assemelha ao formato final dado à edição com comentários.
Monteiro 06/01/2023minha estante
Comentário sensacional e super sensato. Parabéns! Agora eu já tenho uma melhor ideia do que posso esperar da Epopeia de Gilgamesh na edição de 2017 da editora Autêntica.




Marcos 31/05/2022

Apenas recomendações
Recomendo fortemente essa edição, os comentários são essenciais. Apenas senti falta de um texto com a cosmogonia, se é que da pra chamar assim, da mitologia suméria. Faz falta e precisei buscar na Internet, o que nem sempre é facil, um material de qualidade falando da criação dos deuses e outras divindades.

E resolvi não falar muito do livro na resenha porque fiz mais de 50 anotações no livro todo, ele é riquíssimo e te dá outra perspectiva de mundo (essa visão será muito ampliada se já tiver lido O Processo Civilizador do Norbert Elias).
comentários(0)comente



malucpinheiro 07/05/2022

Essa edição, para mim, tornou-se um tanto cansativa porque as explicações antes do texto eram extensas, detalhadas, traziam ?spoilers? e se tornavam confusas, tendo em vista que vinham antes da história. Sugiro, a quem for ler, comece pela própria Epopéia de Gilgamesh, pela própria história. Depois, pode ler as explicações, elas farão mais sentido nessa ordem.
Quanto a história, é muito interessante saber-se lendo o primeiro livro escrito na humanidade. Só isso, já vale a leitura! Ainda mais quando vemos que certos símbolos e angústias são tão antigos: cenas que reaparecerão em muitos dos nossos mitos, e a solidão, o amor, a amizade, a lealdade, a morte, o luto, a busca pelo reconhecimento, o medo da morte e a busca pela imortalidade, as desilusões.
almeidalewis 12/06/2022minha estante
O Estevão Jacinto é q é referência nesse assunto




Mariana 29/04/2022

Sempre ouvi falar de A Epopeia de Gilgamesh, mas nunca soube ao certo sobre o que se tratava. Achei que foi uma experiência positiva conhecer essa história e ela com certeza me surpreendeu, até pela parte que provavelmente inspirou a historia bíblica da Arca de Noé.
Essa versão em prosa tornou al leitura mais fácil.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Procyon 10/04/2022

Ele que o abismo viu ? Resenha
Gilgamesh era rei na cidade de Uruk (na antiga Mesopotâmia, atual Iraque), por onde existiam dois deuses protetores: Anu, o deus do céu, e Ishtar, a deusa da fertilidade e do amor. Gilgamesh era filho de uma rainha-deusa, a rainha Ninsuna, com o rei anterior Lugalbanda (há considerações de que seu pai seria, na verdade, um demônio). Sua constituição se dá, então, como dois terços divino e um terço humano: o que significa que ele era poderoso, mas sobretudo mortal. Como rei, ele exercia sua soberania de forma tirana: mandando a população construir muralhas, recrutando jovens em expedições militares, além de desvirginar as noivas do reino. Os súditos, então, começaram a clamar pela intervenção divina. Para travar os excessos do rei, os deuses então criam, a partir do barro, Enkidu, um ser tão poderoso quanto Gilgamesh, feito sob forma e semelhança com o deus Anu, e é deixado em uma região montanhosa longe da civilidade. Enkidu vivia então como no paraíso, desnudo, sem acesso à humanidade, vivendo como os animais selvagens, além de desfazer as armadilhas que os caçadores faziam. Certo dia, um jovem caçador, vendo a criatura desarmando as armaduras, avisa pai, e este pede ajuda ao rei de Uruk. Gilgamesh o aconselha que encarregue uma das sacerdotisas de Ishtar (as prostitutas sagradas). Enkidu é seduzido, provando dos prazeres carnais durante 7 dias. Ele é ensinado a comer pão e a beber, tornando civilizado, e, consequentemente, desvirtuado de sua natureza. Ele conduzido até a cidade de Úruk, por onde fica sabendo das desmedidas do rei, e, no momento em que Gilgamesh dirige-se à câmara nupcial, seu igual o rebate. Os dois lutam na rua, de um modo espetacular, o que serve para selar sua profunda amizade. Gilgamesh, encontrando seu igual, parte com ele para aventuras envolvendo monstros e deuses.

Eles partem para a lendária Floresta dos Cedros, onde combatem e vencem o seu guardião, o monstro Humbaba, que cuspia fogo. Enkidu demonstra remorso dizendo que haviam ?transformado a floresta em deserto.? Após o seu regresso a cidade com a madeira da floresta e a cabeça do monstro, a deusa do amor tenta seduzir Gilgamesh, que a rejeita. Como vingança, Ishtar convence Anu, o deus supremo do panteão sumério, a enviar o Touro de Céu, que causa grande devastação. Os dois matam o touro com incrível facilidade, porém, Enkidu, ao ver Ishtar próximo às muralhas de Úruk, corta um pedaço da criatura e lança-o contra a deusa, que fica furiosa. Enkidu é, então, marcado pelos deuses para morrer, adoecendo gravemente. Gilgamesh lamenta-se amargamente, e, após sua morte, o rei se vê desesperado com a consciência de sua condição de mortal, lançando-se em uma busca pela imortalidade.


Nesta busca o herói encontra Utnapistim, sobrevivente de um grande dilúvio que acabara com toda a humanidade. Utnapistim conta a Gilgamesh sobre uma planta que cresce sob o mar e que confere a imortalidade; com grande dificuldade o herói consegue obtê-la, mas, em um momento de descuido, a planta é roubada por uma serpente. Gilgamesh retorna a Uruk, encontrando as grandes muralhas construídas por ele, que seriam sua grande obra duradoura. Assim decide se tornar o melhor rei que Uruk já teve.

Gilgamesh, de acordo com a lista de reis da Suméria, o quinto rei de Úruk. Ele possui um caráter semilendário, sendo conhecido por ser o personagem principal da Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em tabuletas escritas com caracteres cuneiformes. Gilgamesh, inclusive, surge como a primeira ideia de um herói nacional. Ele, segundo as lendas, era um rei sumério, que foi o primeiro império a surgir na região mesopotâmica (o berço da humanidade). Eles foram os inventores da escrita cuneiforme, a primeira forma de registro escrito da humanidade. Histórias contadas passaram então a serem escritas. Foram criadas as primeiras bibliotecas, com tabuinhas de argila que passaram a se espalhar por outros recantes do mundo, de forma que diferentes traduções de ?Ele que o abismo viu? surgiram em diferentes partes do mundo, servindo também a outras línguas de outros povos que cultivaram entre si níveis variados de interação ? a saber, no idioma acádio, eblaíta, elamita, persa antigo, hurrita, hitita, palaíta, luvita, urartiano e ugarítico. O mundo de Gilgamesh, portanto, supõe e depende inteiramente da escrita cuneiforme, sendo a primeira verdadeira obra da literatura mundial, o texto literário mais antigo a ter uma longa circulação e l mais antigo texto da qual recuperou-se traduções em várias línguas.

?Ele que o abismo viu? é um longo poema cuja versão ?padrão? foi compilada no último terço do II milênio a.C.em acádio, baseada em histórias mais antigas. Na obra, o rei é apresentado como filho de Lugalbanda e uma deusa, Ninsuna (ou Nimate Ninsum). Gilgamesh era, assim, um semideus, descrito como dois terços deus e um terço humano, dotado de força sobre-humana. Segundo a lista de reis sumérios, ele era filho de um ?demônio? ou ?fantasma? (no qual o significado da palavra no texto é incerto) e seu reinado teria durado 126 anos.

A primeira parte do poema se contem a fazer uma ode a Gilgamesh, narrando as proeza e grandeza do herói, e sua decorrente arrogância e tirania. O poema narra como Gilgamesh, depois do dilúvio, passa por experiências existenciais marcantes que o levam a compreender os limites da natureza, os quais se impõem mesmo para alguém como ele, filho de deuses. Nessa primeira parte, após enaltecer a natureza superior do herói, em que os habitantes pedem aos deuses uma solução, Enkidu é dado como um companheiro à altura de Gilgamesh, a personificação do homem primitivo, de forma que ele é atraído pela cidade (representada pela mulher civilizatória presente na figura de Shámhat) ? dando cabo da queda do homem e a perda da pureza ?, em uma espécie de iniciação que principia a transição do mundo animal para a sociedade humana. A partir confronto com o rei Gilgamesh, que resulta no selo de sua amizade, e vencem Humbaba e o Touro do Céu (daí a constelação) em rumo de fama; existe também a revelação do lado sombrio de Ishtar, em que todos que se relacionavam com ela morriam ? sombrio como a Lua Nova. A segunda parte se inicia de modo lúgubre, pois Enkidu abatido pela doença, onde são seguidos prolongados lamentos. Gilgamesh toma consciencia do destino e parte em busca da imortalidade, tendo contato com seres extraordinários. Após seu retorno, a ação fecha-se como se abrira, aquilo que o herói traz consigo na volta não é algo material, mas sim a certeza de que a vida humana tem seu lugar no espaço de convivência com outros homens, configurado pela cidade. Dessa forma, ?Ele que o abismo viu? se faz como um poema cíclico. A história de formação do grande rei de Uruk que aceita o Inevitável para viver bem o tempo que lhe foi dado.

Esse material passou milênios desconhecido. A edição que aqui se faz presente é uma tradução comentada, configurada de forma primorosa pela edutora Autentica, reunindo, também, notas imprescindíveis. É uma edição crítica baseada nas descobertas do assiriólogo Inglês Andrew George e traduzida por Jacyntho Lins Brandão para a Língua Portuguesa. Faz pouco mais de um século que a matéria de Gilgamesh se introduziu no nosso cânone da literatura antiga, de modo que milênios foram esquecidos para o computo da história. Portanto, o texto, rico em sua composição, torna-se indispensável para a leitura de grandes épicos da antiguidade. A história suméria serviu de influência para a formulação da narrativa hebraica sobre o dilúvio, além muito outros aspectos, sendo também perceptíveis semelhanças com a literatura (e a mitologia) grega, e até mesmo com Homero.
comentários(0)comente



IGDrumond 31/03/2022

Ele que o abismo viu
?Gilgámesh que o abismo viu, o fundamento da terra,
Seu caminho conheceu, ele sábio em tudo?

O primeiro registro escrito da história da humanidade é simplesmente uma obra prima!
Uma narrativa envolvente, um protagonista que se humaniza cada vez mais com o decorrer da obra (mesmo indo em busca da imortalidade) e uma excelente jornada do herói: essa é a Epopeia de Gilgámesh

Ao final do poema propriamente dito, os comentários de Jacyntho Lins Brandão sobre cada tabuinha ajudam na compreensão e contextualizam o leitor em relação à mitologia do antigo povo mesopotâmico!

10/10
comentários(0)comente



Jonathas dos Santos Benvindo 17/03/2022

Acho que a resenha é mais pela qualidade do livro em si do que pelo texto. O livro é cheio de anotações que auxiliam muito a compreensão, linhas cronológicas com vários eventos da época em que o texto foi escrito, como foi feita a tradução e muitas outras coisas. O texto é um pouco confuso mas é bem interessante em certas partes, mas tem muitas palavras faltando justamente por que o original também estava faltando essas palavras, e o texto (isso é bem legal) narra sobre o dilúvio que também aparece na Bíblia, ou seja, com isso sabemos que essa história esteve presente em mais de um cultura - tendo ele de fato acontecido ou não. Enfim, uma leitura rápida mas complexa. É bom conhecermos a história da literatura do mundo. Ja li os principais da literatura ocidental e agora iniciando a leitura da literatura oriental.
comentários(0)comente



Marconi Moura 08/01/2022

8,0
O nascimento da literatura. A primeira epopéia da humanidade, foi escrita cuneiforme em tábuas de argila há mais de 3000 anos na Mesopotamia. Inclui um dos primeiros relatos do mito do Dilúvio. Outro destaque é a presença de mais um par homoafetivo da antiguidade - Gilgámesh e Enkídu - assim como Pátroclo e Aquiles, Alexandre e Hefestion, o imperador Adriano e Antínoo.  Comentários riquíssimos do tradutor expandem muito a experiência da leitura.
comentários(0)comente



127 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR