John.Spectrum 08/09/2023
Horror de Viés Feminista
- Uma mulher, deprimida por falta de autonomia pessoal, chega a uma casa de campo junto com seu marido, onde deve permanecer em repouso, por indicação médica. Num dos quartos da casa, ela se depara com um papel de parede que lhe causa repulsa. Porém, com o passar dos dias, ela se sente cada vez mais atraída pelos desenhos nesse papel de parede, enquanto sua saúde mental se deteriora.
- O conto, com 58 páginas e de cunho feminista, relata a situação de uma mulher tolhida no seu desejo de escrever, ignorada em suas opiniões e vista como propensa à "histeria". A narrativa é feita pela própria mulher, que mantém um diário secreto, no qual ela trata, por meio de uma escrita melancólica e urgente, do preconceito que sofre, dos eventos que vão se sucedendo e das visões relacionadas ao papel de parede, que parece possuir um energia sobrenatural. Esse conto reflete vivências da própria autora e mescla o horror de um cotidiano misógino ao horror de aspecto fantástico. Cabe dizer ainda que a cor escolhida para o papel de parede dessa narrativa não pareceu algo aleatório, pois o amarelo, desde fins da época medieval, é símbolo, p.ex., de mentira, doença e degradação (ver livro "Amarelo ? História de uma Cor", do historiador Michel Pastoureau).