Naty__ 28/03/2017Para aprender...Quem me acompanha nas redes sociais sabe que estou sofrendo de um mal: ressaca literária. Desde O livro dos Baltimore, nenhum livro tem conseguido prender a minha atenção por completo. E digo isso porque já li outros e ficou aquela coisa morna, só terminei rápido (e ainda considero demorado) pelo fato de os livros serem pequenos, ou seja, coisa de dois dias em cada um (o que poderia ser feito em duas horas cada). Sim, O livro dos Baltimore mexeu com as minhas emoções e com a minha estrutura. Pensava que não fosse sair dessa ressaca que parecia eterna, e então comecei A promessa.
Na verdade, iniciei a leitura ainda com efeitos do livro do Dicker. Demorei em torno de 7 dias para ler 100 páginas, o que consigo fazer em apenas 1 dia. Porém, quando cheguei na página 150 eu simplesmente deslanchei na leitura e finalizei em 2 dias. O livro não começa nada devagar, toda essa minha lerdeza foi decorrente do Joël Dicker que não soube me ensinar a me conformar com o desfecho de uma história.
Em A promessa nós temos o queridinho Myron Bolitar, o que há algum tempo eu não me simpatizava tanto quando li À toda prova. Porém, no decorrer dos livros com esse personagem acabei criando gosto pelo protagonista, principalmente em O medo mais profundo. Agora estamos juntos, novamente, e Bolitar tem uma grande missão a cumprir: uma promessa.
É difícil tentar entender as circunstâncias de forma oposta ao que nos é mostrado. A mídia revela o rosto de Katie Rochester como desaparecida. Os pais estão aflitos e imploram por qualquer informação. Mas as coisas não são tão simples quanto parecem, afinal, a polícia não está convicta de que ela tenha sido sequestrada e sim de que fugiu, já que antes de desaparecer ela sacou uma certa quantia de um caixa eletrônico.
Essa mesma garota, Katie, foi encontrada pela Dra. Edna Skylar na estação de trem. O que a doutora não imaginaria é que a jovem pediria algo para ela tão importante e assustador: “Por favor, a senhora não pode dizer a ninguém que me viu”. E o que a Dra. Skylar poderia fazer nesse caso? Katie parecia bem, parecia saudável e estava de mãos dadas com um rapaz que aparentava ter 30 anos. Sem que ela pudesse responder, a garota desapareceu.
Tempos depois é a vez de Aimme Biel desaparecer, uma das adolescentes que fez uma promessa com Bolitar. Desesperada, ela liga de madrugada para o nosso protagonista e pede uma carona. Sabendo do combinado, ele não pensa duas vezes e decide ajudá-la. No entanto, há algo errado naquele caminho solicitado por Aimee. O lugar é escuro, deserto e, conforme declara, é o endereço de uma amiga. Mas Bolitar não é besta e sabe que há algo errado nisso, porém, para honrar sua palavra, ele não pode fazer perguntas. Então é a vez de ajudar e ficar calado.
Quanto você está disposto a ajudar alguém? E se a vida dessa pessoa dependesse da sua palavra? Como seria possível salvar alguém que não consegue se ajudar? São questionamentos que fazemos durante a leitura e, principalmente, percebemos o arrependimento de Bolitar ao tomar aquela decisão. Afinal, foi a última vez que Aimee foi vista. Atormentado pela culpa, ele decide investigar onde está a garota e quem são as pessoas que podem fazer o mal a ela. Contudo, é preciso tomar cuidado, um passo adiante pode significar riscos de ter a sua própria vida ceifada. Existem pessoas vigiando Bolitar e, qualquer deslize, ele pode pagar caro por isso.
Precisa-se deixar claro que nos dois casos existem ligações para que pensemos que um está interligado ao outro, ou ao menos que a coincidência é grande demais. Afinal, as duas garotas simplesmente desaparecem e retiram dinheiro da conta exatamente no mesmo caixa eletrônico. A gente se pergunta, por diversas vezes, se foi apenas uma fuga ou se elas foram sequestradas. Qual a verdade, afinal? Além desse mistério no desaparecimento das duas garotas, existem outros elementos apresentados ao leitor.
É difícil não tirarmos algum tipo de lição dos livros de Coben. Nesse não seria diferente, não poderia sê-lo. A gente aprende a importância das pessoas e do sentimento que temos por elas; aprendemos que uma mágoa não é o que devemos absorver das pessoas, afinal, ficamos com isso em nós, nos corroendo e nos prejudicando; aprendemos que um sentimento passado pode vir à tona, basta estar perto da pessoa, mas esse sentimento pode ser diferente do que era, pode significar apenas que aprendemos e amadurecemos – que não queremos mais aquela dor para nós, aquele sentimento desenfreado e nem sempre recíproco. A gente aprende que precisamos sempre aprender, que não basta olhar nos olhos das pessoas, elas são capazes de mentir, persuadir e nos enganar com coisas ínfimas (e até das grandes – como no caso do livro). Aprendemos que precisamos estar sempre atentos, tanto às coisas que nos falam e ao silêncio; atento a um sorriso e ao olhar sereno. Aprendemos que nossa vida é uma eterna aprendizagem e tudo depende de como encaramos as coisas ao nosso redor. O que você escolheu para si hoje: aprender ou cuidar das coisas que os outros estão aprendendo?
Cada um tem a opção de plantar o que quer. Podemos plantar muito trabalho; muito estudo; muito dinheiro; muitas horas à toa, vendo filmes, séries, novelas e acompanhando pessoas nas redes sociais; podemos plantar muitas coisas, mas a justiça é feita e somos obrigados a colher tudo o que plantamos. Então, o que você quer colher amanhã? Reflita e plante hoje, agora, o que você deseja colher amanhã. Pois é impossível plantarmos melancia e colhermos feijão. Prometa isso para si, seja o melhor para si, outra pessoa não pode ser por você.