Lucy 20/10/2022
A Santa Mitomaníaca
Este é aquele tipo de romance sem romance. O livro se foca mais em coisas irrelevantes e desinteressantes, como os encontros de Grace e seu amigo gay dançarino em um asilo ou de sua paixão (obsessão) pela Guerra Civil Americana. O casal principal só se beija aos 70%, sem qualquer desenvolvimento posterior e sem mais tempo para aprofundar a relação dos dois (não que a autora tenha tentado).
Grace é a Madre Teresa, que se sacrifica por todos sem receber nada em troca. Sua avó constantemente a ofende, seus pais vivem diminuindo seu trabalho como professora, e sua irmã caçula, de quem ela é completamente apaixonada e cuida como uma filha desde que nasceu, está namorando de seu ex-noivo (que a trocou faltando 3 semanas para seu casamento), mas ela ainda assim quer confortá-la. Para fazer sua irmãzinha se sentir melhor por apunhalá-la pelas costas, Grace inventa um namorado perfeito. E assim, ela pode ser uma vaca falsa sem sentir remorso.
É incrível como ninguém se importa com os sentimentos de Grace. Ninguém julga a Natalie por estar com um homem que estava prestes a se casar com sua irmã. Todos aceitam Andrew na família como se nada tivesse acontecido. E Grace se bota no lugar de conciliadora, fazendo de tudo para fazer sua irmã linda, loira e perfeita feliz. Mas Nat (eca) não se importa com a felicidade dela! Que droga de pessoa fica com o ex-noivo da irmã!? Quem convida a ex do namorado para um jantar com os sogros que elas uma vez compartilharam? Eu odeio gente boazinha e fofinha como Natalie foi feita para ser. Tudo que vi foi um ser egoísta e sonso. Mesmo que desconfie da veracidade do relacionamento de sua irmã com esse homem perfeito, ela prefere viver na mentira para se sentir bem consigo mesma. Por isso a única pessoa que gostei no meio desse bando de gente sem escrúpulos foi Margs. Sempre grossa, mas sensata.
A trama principal também é patética. Grace é uma mulher adulta de 30 anos que inventa homens para agradar sua família ou para se sentir melhor. Maturidade? Já ouviu falar? Parece um livro do século passado, com todos a sua volta dizendo o quanto ela está velha e precisa encontrar um homem para ser feliz. Ela está irremediavelmente desesperada por um príncipe que não existe. E o vizinho. Eu ?gostei? do pouco que vi do O?Shea, mas não o suficiente para me apaixonar por ele. Nem Grace. Eles mal interagem, não há tempo deles se aproximarem e se conhecerem antes de já dizerem estar apaixonados. E, sinceramente, após a primeira e única vez deles, ele levantou uma enorme bandeira vermelha. Não é normal alguém agir com tanta fúria sem ter qualquer compromisso com você. Qualquer coisa ele fica furioso. Eu cairia fora.
Não odiei (tirando a mentirada ridícula sobre o perfeito médico cirurgião pediátrico e qualquer cena envolvendo a nojenta da Natalie), mas é o tipo de livro que não me apetece. Ele se perde no meio de tanta coisa e não aprofunda a relação do casal principal, o que tira qualquer emoção de um romance. Como posso torcer por alguém que mal tive contato? Estava mais empolgada por Stuart do que por Cal. Entretanto, não foi ruim. No geral. Tem livros piores. Mas também há livros melhores.