Coisas de Mineira 24/04/2020
Não fale com estranhos é um relançamento de 2016, que está com a jacket da série homônima adaptada pela Netflix, do autor Harlan Coben.
Aqui, encontramos Adam Price, um advogado que parece viver o sonho americano ao lado de sua esposa Corinne e dos dois filhos, Thomas e Ryan, que moram em uma típica cidade de classe média do interior estadunidense, onde todos os vizinhos se conhecem e se mede o status de uma família pelo tamanho de suas casas e os carros da garagem.
Mas, essa vida de sonhos tem uma reviravolta quando Adam é abordado por um estranho que lhe confidencia um segredo – e sim, a primeira coisa que me lembrei foi de minha mãe inúmeras vezes repetindo que eu não devia falar com estranhos. Ela estava certa, como sempre!
“Sabia que a sorte, a aleatoriedade e o caos tinham seus próprios planos e que cedo ou tarde a felicidade e a segurança se dissolveriam feito poeira no ar morno da primavera.”
O segredo revelado em Não fale com estranhos acaba por tirar Adam da sua bolha perfeita, e ele se enche de dúvidas. Ao confrontar sua esposa, ela, que primeiro nega, mas depois não consegue manter a mentira, pede um tempo ao marido para que possam conversar. E marca um jantar, para que esta conversa se dê longe dos filhos.
Adam chega cedo ao restaurante, mas Corinne não aparece, enviando uma mensagem de texto pedindo um tempo, que ele não a procurasse e cuidasse das crianças.
Como Corinne não aparece em sua casa, no dia seguinte Adam vai até a escola onde a esposa leciona, já que ela é uma pessoa muito responsável e não deixaria seus alunos sem aula. Acontece que um professor substituto aparece, e nada de sua esposa.
Adam, que foi defensor público durante muito tempo, percebe que não é interessante buscar a polícia pois, ainda que Corinne tenha enviado uma mensagem, o desaparecimento prolongado acabaria por cair em seus ombros – afinal, eles discutiram antes da esposa desaparecer, e o marido é sempre o primeiro suspeito nesse caso.
“A intuição de Adam dizia que as palavras do estranho soavam verdadeiras, e esse era o problema. Sempre havia o risco de que uma mera intuição resvalasse para a certeza absoluta.”
Ao mesmo tempo, o estranho vai aparecendo para outros personagens, sempre com a bandeira de que está fazendo um favor ao trazer à tona segredos muitas vezes obscuros.
E, quando parece que só teremos Adam atrás de sua esposa, dois crimes são cometidos e ele se vê no meio de uma trama bem mais complexa.
Não fale com estranhos não foi meu primeiro contato com o autor, portanto estava com altas expectativas. Mas, como são muitas historias e personagens nesse livro, demorei um pouco a me conectar com o que estava sendo apresentado. A historia é narrada em terceira pessoa, e os primeiros parágrafos
é narrado na terceira pessoa, e cerca de cinco tramas são apresentadas, até que sejam amarradas na metade final do livro.
Adam é um personagem mediano, mas gostei de muitas das atitudes que ele tomou. Na verdade, ao final, ele acabou subindo bastante no meu conceito. Um personagem secundário que poderia ter sido mais explorado é a policial Johanna Griffin, chefe de polícia, que acaba tendo uma participação bem interessante na finalização dos eventos. Também me condoí pelo filho caçula, Ryan, que chegou às lágrimas logo no início pela falta da sua mãe, tendo ficado perdido porque somente ela encontrava o uniforme de Lacrosse!
“Segredos revelados eram segredos destruídos.”
Interessante a cruzada do “estranho”, que trouxe uma fala bastante interessante:
“Se você julgar o mundo pelo que vê no facebook, fica se perguntando: por que será que tanta gente precisa tomar Prozac?”
A capa de Não fale com estranhos ainda não segue a nova padronização das reedições que a Arqueiro tem trazido do autor, acredito que ainda seja lançada repaginada. Uma boa diagramação ajuda a deixar a leitura fluida, e o ponto alto é mesmo a fluidez dos textos do Coben.
Não fale com estranhos traz um final surpreendente – ao menos para mim, que não pensei nessa conclusão, e, apesar de não ser um dos livros favoritos do autor, é um thriller psicológico daqueles em que a gente se pega lendo só mais um capítulo até o final…
Por: Maisa Gonçalves
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