Ana 15/03/2021“A guerra 'feminina' tem suas próprias cores, cheiros, sua iluminação e seu espaço sentimental. Suas próprias palavras. Nela, não há heróis nem façanhas incríveis, há apenas pessoas ocupadas com uma tarefa desumanamente humana”.
Em seu livro, Aleksiévitch reconstrói um período importante da história: a Segunda Guerra Mundial, que dividiu o mundo entre Eixo e Aliados. Conhecemos os países, os heróis, os motivos, os resultados. Mas a narrativa oficial está longe de ser a única. "A guerra não tem rosto de mulher" traz relatos da participação feminina no conflito, especialmente no exército soviético. Logo no começo, descobrimos que aproximadamente 1 milhão de mulheres soviéticas lutaram nas mais diversas especialidades militares.
Não se trata de um livro de fácil leitura. Não pela escrita, nem pela condução da história, mas pela dureza nos relatos. A morte, que permeia toda a narrativa, ainda assombra as narradoras. Tudo o que se pensa durante a guerra é em retornar com vida, mas ao contrário dos homens que retornavam como heróis, as mulheres eram marginalizadas. Continuar na carreira militar não era uma opção. Feridas, não serviam mais aos olhos dos homens para esposas. Abusadas, eram identificadas por outras mulheres como vulgares e destruidoras de lares.
Sem medo de decepcionar com a indicação, reitero: As histórias contadas por Svetlana Aleksiévitch valem cada página lida.
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