Lethycia Dias 17/02/2023DESESPERADORFiz uma leitura bastante lenta para a pouca quantidade de páginas do livro, mas acho que o tempo que levei se deve à densidade da história.
Olga se vê pouco a pouco consumida pelo abandono do marido, mergulhando numa série de questionamentos sobre o que o levou a deixá-la, lamentando tudo de que abriu mão enquanto esteve casada com ele, se sentindo rejeitada, inútil, gasta, descartável. Esse é um tipo de livro em que não se pode esperar da protagonista uma conduta moralmente correta, justificada, adequada para "ensinar" algo ou atender a alguma demanda de comportamento em sociedade. Olga age por raiva, despeito, ciúmes, arrependimento, inveja, carência, solidão. E, por mais que digamos "Eu nunca agoria assim depois de um término" para nos sentirmos superiores a essa mulher, quem garante que também não teríamos pensamentos ou atitudes parecidas, ainda que não tão extremas quanto as dela?
A separação a leva a um nível de irracionalidade que coloca a si mesma (e também a outros) em perigo. A reta final da história é simplesmente desesperadora, e eu consumi essas páginas sentindo uma vontade de largar o livro e gritar, como se pudesse fazer com a própria personagem entender a situação.
Foi sem dúvidas uma leitura intensa, e até difícil de avaliar com uma simples nota. Mas com certeza me deixou curiosa para ler mais de Elena Ferrante.
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