Livros da Julie 19/12/2022Mais um épico volume dessa saga!-----
"A vida é um pote de merda"
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"ainda havia idiotas que acreditavam que uma mulher não deveria reinar"
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"tinha sido levado a essa humilhação por amor. As mulheres são capazes disso. Elas têm poder. Todos podemos dizer que o juramento ao nosso senhor é o mais forte, que conduz nossa vida, mas poucos homens não abandonariam os juramentos por causa de uma mulher."
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"Há ocasiões em que os demônios nos perseguem, fazem com que tenhamos dúvidas"
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"Os cristãos fingiam que ele [Deus] era bom e perfeito, mas era igualmente capaz de perder as estribeiras"
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"Se o objetivo da vida era ser um tirano imprevisível, assassino, seria fácil ser como deus, mas eu suspeitava que tínhamos um dever diferente: tentar melhorar o mundo.
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"Não é difícil ser um senhor, um jarl ou mesmo um rei, mas é difícil ser um líder. A maioria dos homens deseja seguir, e eles exigem prosperidade de seu líder. (...) Deixe homens de pé ou sentados por dias e eles se entediam, e homens entediados criam problemas. Eles devem ser surpreendidos e desafiados, devem receber tarefas que acreditam estar acima de sua capacidade. E devem temer. Um líder que não é temido deixará de governar. Mas o medo não basta. Eles também devem amar. (...) um homem que ama seu líder vai lutar melhor que um homem que meramente sinta medo dele. (...) lutamos uns pelos outros, e um homem deve saber que seu líder irá sacrificar a própria vida para salvar qualquer um dos seus comandados."
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"Os que lideram por meio do medo podem se tornar grandes reis de terras tão extensas que ninguém conheça as fronteiras. Mas também (...) podem ser derrotados por homens que lutem como irmãos. (...) um líder que comanda por meio do medo também precisa ter sucesso. Precisa levar seus homens de vitória em vitória porque, no momento em que se mostrar fraco, fica vulnerável"
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"Só um homem fraco bate numa mulher"
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"para a maioria de nós o futuro é uma névoa, e só vemos até onde a névoa permite."
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"Ninguém livra seu lar de uma praga de vespas batendo nelas uma a uma, e sim encontrando o ninho e o queimando."
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Guerreiros da tempestade é o nono livro da série Crônicas Saxônicas, lido com as @mafaguifinhos e @nleituras.
Como sempre, os tempos de calmaria têm dia e hora para acabar. Alguns anos após os mércios terem estabelecido sua presença definitiva no norte do reino, os vikings noruegueses, liderados por Ragnall, saíram da Irlanda para tentar a sorte na Britânia. No entanto, a porta de entrada ideal para a invasão era justamente o rio que passava por Ceaster, antiga fortaleza romana que se encontrava sob o comando de Uhtred.
Nosso herói sabia que teria muito trabalho pela frente para dizimar o exército forasteiro que já se espalhava pela área e angariava apoio entre os dinamarqueses além da fronteira. Como de costume, ele não poderia contar com a ajuda de Wessex, pois o rei Eduardo se mantinha reticente em enviar tropas para auxiliar sua irmã Æthelflead, Senhora da Mércia, e adentrar a Nortúmbria. Para culminar, uma terrível notícia se somou à grave situação: a filha e o genro de Uhtred estavam sendo mantidos sob cerco pelo líder norueguês.
Escolher com qual dos problemas lidar primeiro não era nada difícil para nosso bravo guerreiro. Ele tinha coragem e ousadia suficientes para resolvê-los de forma efetiva à sua própria maneira, sabendo pesar e equilibrar suas responsabilidades e lealdades, ainda que não agradasse a todos.
Diferentemente dos últimos livros, que seguiram um ritmo geral mais lento à exceção de uma ou outra grande batalha, este já começou animado e tenso, com direito a perseguições, confrontos diretos, trocas de insultos, armadilhas, vigílias, paredes de escudos, decisões impulsivas e combates ferrenhos ao longo de todo o enredo.
Cornwell nos transporta novamente ao norte da Inglaterra, onde, com a conquista longamente ansiada de uma importante cidade nortumbriana, são sedimentadas as bases para concretizar a formação do país. O autor também nos leva à Irlanda, para acompanhar os conflitos com os nativos que ajudavam os vikings a dominar territórios ingleses. Nesse ínterim, descobrimos a história do irlandês Finan, o grande amigo e braço direito de Uhtred, antes de os dois se conhecerem como escravos.
Nessa jornada de afirmação de poder e apoio à família, Uhtred reencontra antigos desafetos e faz novas amizades. Os inimigos aparecem onde menos se espera, mas laços importantes (e fundamentais ao destino dos saxões) também são formados de modo inusitado. Para o seu eterno espanto, atos de surpreendente bondade e grande sabedoria são encontrados em meio aos cristãos, onde costumavam imperar a vaidade e o interesse.
Apesar da extensa reputação e da posição agora intocável como senhor da guerra, é difícil manter em mente a antiga imagem de Uhtred em toda a sua "glória de batalha", depois do que lhe aconteceu no último volume. No entanto, este livro afasta o foco de todos aqueles problemas, embora a trama se mantenha coerente com a idade e a condição física do protagonista. Com grande alívio, constatamos que sua habilidade estratégica continua admirável e testemunhar suas táticas de guerra é um deleite. É natural que ele, como todo bom cristão (ou pagão), também esteja sujeito aos reveses da sorte, mas os suporta com dignidade. Sua inteligência e audácia sempre vêm ao seu auxílio quando mais necessita e lhe garantem um bom resultado.
Como vemos até hoje, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, "a guerra tinha a ver com terras". Desde sempre, os povos lutam entre si para conquistá-las ou defendê-las. Cornwell se debruçou sobre o tema para nos trazer esse romance épico, e não nos desaponta. O autor nos faz reviver, com muito sangue, riso, suor e lágrimas, a emoção febril e ensandecida da batalha entre duas enormes forças antagônicas e a ação espetacular que arrebatou mais um pedaço do futuro território inglês.
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