ELB 31/01/2017
Every Little Book
O livro se passa em uma cidade litorânea - Seashell Island - com um belo cenário, mas que apresenta uma separação social muito grande. Existem os ricos que vêm passar temporadas em suas casas em uma parte da cidade e os moradores de lá que ficam na outra parte dela. E são eles a mão de obra da cidade. E nesse contexto temos a primeira critica social do autora. Ao apontar o local como para quem é de fora é "O Paraíso à beira-mar." e para quem nasceu, eles só pensam em ir embora.
Essa é a história da Gwen, uma menina com uma família mais comum do que ela mesma imagina. Com os pais separados, ela vive com a mãe, avô, o irmão e um primo que foi criado como irmão. O pai vive em outra casa, mas está lá constantemente para lavar roupa. Além de que Gwen e o primo Nic trabalham na alta temporada para o pai - que tem uma lanchonete/restaurante.
Desde o começo da historia, há um segredo, algo que aconteceu no passado da Gwen e que a incomoda, e isso tem a ver com o Cass, mas não é explicado de primeiro momento. O que é nítido é a fama da Gwen com garotos, que nem é uma fama tão absurda assim. Ela apenas ficou com meninos da mesma equipe de natação, rotulando-a como 'mascote' da equipe. Tudo que Gwen quer é esquecer isso, se formar e cair fora da ilha. Claro que isso é complicado, quando Cass começa a trabalhar como o faz tudo na ilha e parece estar em todos os lugares que ela está.
A partir desse ponto, Gwen volta a se aproximar de Cass, e temos o começo da história dos dois, além da solução dos mal-intendidos do passado entre eles.
"(...) e pela primeira vez me dou conta de que nenhum de nós está vendo a mesma coisa. Que todos os nossos horizontes terminam em lugares diferentes."
Eu li o outro livro da autora lançado pela editora Valentina, e não entendia como todo mundo amava o livro e eu achava ok. Mas depois dessa leitura, eu consegui me encontrar com a escrita da Huntley, e agora tudo faz sentido, e posso apreciar a riqueza de mensagens deixado em cada livro escrito por ela.
Assim como o outro livro, acho que um padrão na escrita da autora, ela apresenta questões sociais, de caráter, também sobre o significado da amizade, da família. Questões levantadas e abordadas para o público alvo do livro, o que torna a escrita condizente.
O que eu mais aprendi a gostar nos livros da Huntley é essa critica social que sempre é abordado pelos olhos de um adolescente. Como eles pensam, como a sociedade pode reprimi-los e mudar o rumo da vida das pessoas. Mas a abordagem é de uma forma tão limpa, clara, que é impossível não amar o livro e seus personagens.
A estrela faltando na classificação (para o livro ser 5) é pelo começo do livro, que demorou para me pegar. A escrita estava meio confusa para mim, o que tornou a leitura arrastada, e tive que fazer algumas pausas antes de realmente mergulhar no livro. A história começa com um acontecimento, que muitas vezes é comentado, mas não revelado, além de que os personagens já se conhecem, o que parece que te deixa um pouco perdido, como se você fosse jogado no meio da vida da Gwen e pego o bonde andando.
Os personagens secundários têm uma grande participação aqui, é como se não apenas a história da Gwen e do Cass fosse contada, mas várias historias em paralelo também. E cada uma delas é tão real, e tão bem apresentada, que você para e pensa, depois analisa e entende que muitas pessoas passam por isso, e que resulta é uma mudança na forma como você vê as pessoas.
Preciso ressaltar a Gwen, uma mocinha forte, decidida, trabalhadora, boa filha e irmã. Uma menina com um caráter incrível e com um senso de moralidade que dá inveja aqualquer um. Mesmo pressionada pelo pai, ou mesmo pelo patrão, ela sempre escolhe fazer a coisa certa, sempre tem consciência das consequências de seus atos.
Tem muito mais coisa para se falar, muitos personagens para serem abordados, mas não tem como fazer isso aqui, senão ficaria gigantesco. Mas posso adiantar, que toda vez que você pegar um livro da Huntley tenha em mente que será apresentado para você, muitos personagens, e todos possuem seus próprios dilemas. Não existe personagem a toa nas historias, se está presente é para dizer algo.
Esse livro é muito mais do que um romance, é sobre moralidade, arrependimentos, possibilidades. É sobre famílias, amigos, e simplesmente ser o que você é, não ligar para os rótulos que podem aparecer no seu caminho.
" …finalmente entendi que às vezes nós nos apegamos a uma coisa… uma pessoa, um ressentimento, um arrependimento, uma ideia de quem somos… porque não sabemos o que buscar em seguida. "
site: http://www.everylittlebook.com.br/2016/10/resenhaspensei-que-fosse-verdade.html