Kris Monneska - Conversas de Alcova 02/09/2016Leitura simples e bela Pensei Que Fosse Verdade me enganou por um momento, não sei por qual razão, mas eu imaginei que iria me deparar com uma trama mais tensa, talvez mais dramática ou com personagens mais problemáticos, mas não. Esse é um YA bem leve, sem muitos dramas e que narra uma história mais realista ou até mesmo trivial.
A narrativa ocorre em primeira pessoa e nos conta a história da vida de Gwen, pelo seu próprio ponto de vista. Ela é uma garota simples de 17 anos, que mora numa ilha e que como a maioria das garotas da sua idade começa a dar seus primeiros passos em relação a sua vida sexual e como seria de se esperar acaba cometendo alguns erros pelo caminho. Filha de pais divorciados ela divide a pequena casa onde mora com sua mãe, seu avô, seu primo Nick, que foi criado pelos seus pais e está mais para um irmão, e seu irmãozinho Em que é uma criança com necessidades especiais. Seu pai é dono de uma lanchonete na cidade e a família convive bem. Apesar dos poucos recursos financeiros e do excesso de gastos com a saúde do pequeno. Talvez para uma pessoa que viva em outra realidade, a vida de Gwen possa proporcionar uma visão mais interessante, mas para mim que cresci em um núcleo familiar próximo a esse, a vida dela é bem comum e isso acrescentou uma bela sensação de representatividade a leitura. Uma família de classe baixa, que vive numa casa simples, em que todos precisam batalhar pra sobreviver, nada de romantizar pobreza. Ganhou pontos por isso!
O foco principal da trama é o relacionamento entre ela e Cass. Ele vive numa realidade social completamente diferente da dela, o filho mais novo de uma família abastada, mas o clichê romântico para por ai. O relacionamento deles não é proibido e o que lhes impede de ficar juntos, são alguns mal entendidos que vão sendo expostos e sanados ao longo da narrativa e os tabus adolescentes da própria Gwen em relação à escolhas que fez e coisas que aconteceram . E é basicamente isso que vamos acompanhar nas páginas desse livro, junto a alguns pequenos dramas paralelos de personagens secundários.
A Escrita da Huntley é muito gostosa, mesmo simples e sem fortes emoções da narrativa flui bem e os personagens cativam, desde a Gwen e o Cass, os protagonistas, até a Senhora E e o Em alguns dos simples coadjuvantes. A ambientação do livro também está maravilhosa e nos permite, praticamente, visualizar o mar e a ilha enquanto lemos. Porém o mais interessante para mim foi a enfase no contraste entre o contexto social dos protagonistas, o que me proporcionou uma leitura bem reflexiva em relação a várias esferas que vão desde a expectativa dos jovens em relação ao futuro, quanto a situação de alguns que recebem muito cedo responsabilidades que não deveriam e que os levam a questionar a possibilidade desse futuro.
A Obra ainda abordou inicialmente, de certa forma, o machismo tão enraizado na sociedade, que louva os meninos que possuem uma vida sexual ativa e tacham as meninas que possuem o mesmo, de promiscuas e vadias. Fazendo com que essas mesmas meninas sejam abusadas, após terem as suas resistências minadas com álcool em uma festa e ainda acreditem que são as culpadas, para mim se a autora pecou em algo na história, foi não ter explorado mais essa parte. Acabou me deixando com uma sensação de impunidade.
Enfim, Pensei Que Fosse Verdade é um livro leve, que narra uma história cotidiana e realista, sem fortes emoções. Recomendo a leitura pra todos os que curtirem uma história de amor, sutil e que lhe permita relaxar enquanto lê.
O Trabalho gráfico da Valentina está maravilhoso, como sempre, a capa do livro está linda e condiz completamente com o enredo, a diagramação está inovadora, com uma aparência de revista incrível nas folhas de rosto, ficou FABULOSO! A tipografia proporciona uma leitura agradável e não notei erros de revisão enquanto fiz a leitura.
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