@blogleiturasdiarias 02/03/2017Resenha | Cilada Para Um MarquêsFalar em romance de época, e não lembrar de Sarah Maclean é porque você ainda não leu nada dela. Afinal com uma das melhores escritas do mercado, a autora junto com a Gutenberg nos presenteia com mais uma série. Dessa vez, é Escândalos e Canalhas. Vamos conhecer mais sobre o primeiro volume, Cilada Para Um Marquês?
Sophie é a filha mais nova da família Tabolt, família que era pobre e conseguiu seu título de nobreza através de compra, e as más línguas dizem de forma ilícita. Seu pai trabalhando com extração de carvão, e sua família com nenhum treinamento aristocrático, eles logo viram a piada da sociedade londrina. Com todas as filhas metidas em confusões e escândalos, Sophie irá causar um de grande repercussão com o marido de sua irmã mais velha, que lhe fará sair correndo da festa em que estava. Sem muitas opções de fuga, ela vê uma alternativa quando reconhece o marquês de Eversley saindo da casa de uma moça — tentando escapar da ira do pai da dama — precisando de sua carruagem o mais rápido possível, o que ela também queria.
Com a maior fama de libertino e de arruinar casamentos, o Rei — apelido dado ao marquês — vê que não será uma boa ideia dar carona para uma das Irmãs Perigosas, apelido dados as meninas Talbot, em vista que estão atrás de homem ricos para casarem-se, até mesmo acabando com suas reputações, e por isso resolve negar ajuda. O que eles não esperavam, é que essas ações iriam unir-lhes de qualquer maneira. E em uma viagem não esperada, os dois irão passar por altas aventuras, perigos, paixão e quem sabe no final por amor.
Posso passar meses sem ler nada da autora, porém é sempre pegar algo escrito por ela e ter certeza de me apaixonar. A simplicidade e ao mesmo tempo a complexidade que temos dos personagens, nos fazem ter uma leitura muito rápida e fluida. Conhecemos de primeira os protagonistas superficialmente, e a medida que a leitura avança, temos um desmembramento das personalidades, conhecendo-os um pouco mais a fundo, conectando-os com a andar da história. Essa situação de fechar, e deixar "redondo" o enredo, além de ser característica da escrita dela, faz com que fiquemos mais interessados e presos nas páginas. Eu praticamente fiz a leitura em 1 dia.
"Elas nunca enxergaram a verdade — que as irmãs Talbot poderiam se casar com príncipes da família real e mesmo assim não seriam bem-vindas na Sociedade. A aristocracia tolerava sua presença porque não podia se arriscar a perder a inteligência do novo conde, ou os fundos que vinham com cada uma de suas filhas. Casamento era afinal, o negócio mais lucrativo na Inglaterra." pág. 19
O que talvez considere um pouco negativo, por talvez não estar mais com paciência no momento, é a alta quantidade de drama nas 50 páginas finais. Vemos uma sucessão de acontecimentos descritos por causa de atitudes de ambos os protagonista. Sei que isso é necessário para render a narrativa e para o leitor se afeiçoar mais ao casal, entretanto após ler tantos romances de épocas seguido, acabei enjoando um pouco. Deve funcionar e muito bem para quem for ler entre livros pesados, ou não irá ler vários do gênero de forma sucessiva. Apesar de tudo que falei, isso não tira o mérito, nem a nota 5 que dei. Acho que isso é mais questão de momento do que erro da trama em si.
As figuras principais, possuem personalidades bem fortes, fazendo com que tenhamos bastantes cenas dos dois batendo de frente, e de ocorrências de humor, onde você dará altas risadas e talvez esse seja o principal diferencial aqui. Como falei, li muitos romances de épocas um atrás do outro, e se houvesse muitas mocinhas de mesma aparência e jeito, iria enjoar rapidamente. Aqui não. Trabalhamos ao mesmo tempo com uma mulher decidida, mas que seu lado insegura em certos momentos fala mais alto, como temos inusitadamente a mesma situação no lado masculino. É praticamente em âmbito que os dois possuem bastantes igualdades em caráter e são cabeças duras.
O desenvolvimento e os cenários construídos — em que alguns momento envolve a Escócia e eu adoro — foram bem satisfatórios fazendo com que o leitor não queira parar em nenhum momento a leitura. Sempre alerto para a questão das cenas adultas, em que a autora tem uma mão mais descritiva, mais esdrúxula no palavreado, que no conjunto não afeta a obra. É sempre bom avisar pois tem pessoas que não gosta.
Na parte física mais uma vez tenho que falar: a editora Gutenberg arrasa. Sei que houve inicialmente um pequeno desagrado com a primeira capa escolhida, e a editora atenciosamente abriu votação para outras onde o público escolheu esta. Não tem tanta referência quanto outros livros da mesma, mas está dentro do contexto. Outro elogio é a diagramação que ficou bem parecida com manchetes de jornais da época, junto com cada título de início de capítulo. Achei de uma criatividade absurda e que tem super a ver com o que é tratado aqui — afinal para ser escândalo, tem que ter saído em algum jornal de fofoca. Só a revisão, que possui alguns erros de gramática, contudo não afeta a leitura.
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