Queria Estar Lendo 20/01/2020
Resenha: Cilada para um marquês
Cilada para um marquês é o primeiro volume da trilogia Escândalos e Canalhas, da Sarah MacLean. Ela me foi muito indicada por quem curte romance de época, então resolvi dar uma chance pra ver se encontrava outra autora queridinha - e encontrei!
A história segue Sophie Talbot. Sua família ascendeu a aristocracia recentemente, o que significa que boa parte da sociedade vê ela e suas irmãs com olhares muito atentos - e as irmãs Talbot respondem construindo um rastro de escândalos, um mais cabuloso do que o outro. Para Sophie, o posto de garota rebelde ainda não foi conquistado, mas acaba caindo sobre ela em um baile.
Quando confronta uma situação ruim com seu cunhado, Sophie faz um escândalo e resolve fugir para deixar a sociedade - que detesta - e a crise para trás. Sua fuga, no entanto, envolve um marquês com reputação de canalha; e em vez de se afastar de novas crises, ela cria uma maior ainda - e que vai envolver seu coração também.
Sarah MacLean com certeza ganhou seu espacinho no meu coração de leitora com essa história. Tal como a Tessa Dare e a Lisa Kleypas, ela está aí para provar que dá pra escrever romance de época com personagens femininas fortes e, principalmente, que se envolvem em relacionamentos saudáveis. Com todos os clichês do gênero e mais, mas mantendo um desenvolvimento sensato, que dá alegria de continuar a trama.
Sophie, desde o princípio, se mostrou uma protagonista decidida, com personalidade marcante e presença cheia de força. Ela é doce e emocional, extremamente ligada à família e ao passado - quando viviam em uma cidadezinha longe de Londres e da aristocracia problemática - e é lá que espera reencontrar seu lar. É apaixonada por livros e pela liberdade que eles concedem; entende que os escândalos das irmãs são parte de quem elas são, do legado que construíram, e acaba aceitando participar disso se significa que vai ter controle sobre a própria vida.
"Felicidade! É esse o cheiro dos livros. Felicidade. Por isso eu sempre quis ter uma livraria. Existe vida melhor do que vender felicidade?"
Sua busca por pertencimento e independência são importantes para seu crescimento. Ela evolui notavelmente desde a primeira página, de uma garota acuada em um canto do salão até uma moça disposta a levar um tiro se puder proteger outras pessoas. Sophie aprende os limites de sua força e de suas escolhas, as consequências e conquistas que vêm com elas.
Seu parceiro de aventura, ainda que ele não tenha planejado nada disso, é Rei. Um marquês cheio de sarcasmo e de carisma que encanta todo mundo por onde passa, independente dos escândalos que carrega - o que, ironicamente, também mostra a podridão da sociedade em que os dois vivem, já que ele não é diferente das irmãs de Sophie (só é julgado de maneira diferente por causa do seu gênero, como sempre).
Rei foi um pouco difícil no começo. Não por ser insuportável ou respondão, mas porque não conseguia me ligar a ele com a Sophie tão em destaque. Conforme se aproximou dela e começou a se abrir, deixando o escudo de provocações e picuinhas de lado para conviver amigavelmente com ela, passei a gostar muito mais dele - para, no fim, estar me importando bastante. Não foi um dos meus mocinhos de época favoritos, mas com certeza tem seu charme e seu encanto; teimoso como uma porta que dá vontade de gritar, mas dá pra gostar.
"Você não faz ideia do que eu mereço."
"Eu sei que você merece mais do que isso."
O relacionamento entre os dois é o básico de sempre: eles se detestam e não suportam a presença um do outro até que começam a se entender e então flertar e de repente estão se pegando, mas alguma coisa os impede de concretizar isso em forma de amor. O drama foi interessante; diferente do que eu esperava, conseguiu me surpreender com uma revelação ali no fim. Foi um mistério moldado em teimosia e em rancor e serviu para explicar a aura em volta do passado do Rei.
As irmãs Talbot me ganharam demais, então mal posso esperar para ler mais a respeito delas. Seraphina, principalmente, teve alguns momentos surpreendentes e divertidos, apesar de tudo que ela vem vivendo. A relação da Sophie com as irmãs é muito doce e amável, o tipo de relação familiar gostosa de acompanhar.
A edição da Gutenberg é muito linda, com tradução e diagramação impecáveis. Alguns errinhos escaparam da revisão, mas nada incômodo demais - eu AMO as capas da editora para os seus romances de época, e com o box da trilogia não foi diferente.
Cilada para um marquês é aquele tipo de romance para desestressar, fazer sorrir e emocionar em momentos inesperados. Tem protagonistas simpáticos e uma história de amor escorregadia muito bem desenvolvida.
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