Juan199 09/03/2024
“As rugas são as cicatrizes das emoções que vamos tendo na vida”
Autor(a): Afonso Cruz
Faixa etária: +12
Idioma: Português (de Portugal)
Música: Money (Pink Floyd)
Em um mundo distópico materialista em que tudo é contabilizado e sistematizado, uma garota pede de presente para seu pai um poeta.
Fiz essa leitura por conta de um projeto de literatura na minha escola, mas já conhecia o livro através de um vídeo antigo do Paulo Ratz.
O livro é bem curto. Não chega a ter 100 páginas (contando com as páginas em branco). Terminei no mesmo dia que comecei, em duas viagens de ônibus (+-45min cada).
Apesar do tamanho, no entanto, a obra é bastante complexa. Há uma crítica visível e irônica sobre a sociedade, bem como à desvalorização cada vez maior da arte, que passa a ser tratada como mais um produto. O livro aborda, ainda, temas delicados tais quais a violência doméstica e o bullying, mesmo que em segundo plano.
Há uma cena que me chamou muito a atenção, em que, quando a protagonista declara para seus colegas na escola que adquiriu um “poeta de estimação”, ela é xingada de “inutilista”. Isso me fez refletir muito sobre o papel da literatura e da arte no geral no nosso cotidiano. Afinal, qual a utilidade da arte? Se eu compro um quadro, ele tem realmente uma função além de adornar uma parede? O que eu estou fazendo quando gasto horas e horas do meu dia consumindo filmes, livros e músicas? Apenas apreciando arte alheiamente?
Mudando um pouco de assunto, devido ao número reduzido de páginas, há pouco desenvolvimento dos personagens. O autor, contudo, consegue superar esse obstáculo com maestria ao dar maior ênfase na realidade descrita que nos protagonistas em si. Sobre a escrita, a princípio senti certa estranheza (justamente por não se tratar do português brasileiro), mas logo me adaptei.
Enfim, é uma leitura bastante tranquila e que vai te fazer pensar horrores no banho ksksks.
OBS: Se você tiver ficado interessado, procure não usar meios piratas (eu sei que às vezes é difícil) para comprar o livro. Afinal, a literatura em língua portuguesa continua bastante rara, e é preciso incentivar os escritores menores quando encontramos obras assim :)