DaniBooks 03/05/2020
A Filha Perdida
A Filha Perdida é uma novela que fala sobre maternidade. Mas não de forma romantizada.
Leda, nossa narradora, é uma mulher de 48 anos, cujas filhas, já adultas, foram morar com o pai, no Canadá. Ela sente como se estivesse livre depois de muito tempo. Até vai tirar férias na Costa Jônica Italiana.
Com o tempo, essa sensação de liberdade não parece tão boa assim. Um dia, está ela na praia, é uma família napolitana chega. Essa família lembra a de Leda, o que faz com que ela recorde episódios da sua infância e seu relacionamento problemático com a mãe.
Mas duas integrantes da família napolitana, em especial, chamam a atenção de Leda: Nina e sua filha Elena, de 3 anos. A relação entre mãe e filha faz com que nossa protagonista rememore a relação dela com suas filhas.
Leda não é uma figura maternal, além de ser uma personagem controversa. Ela toma atitudes estranhas, egoístas e típicas de uma pessoa amarga.
Através de Leda, Elena Ferrante nos mostra as dificuldades da maternidade. Leda é uma mulher que não se adaptou à maternidade, que tinha sonhos interrompidos. Uma mulher cujo fato de ser mãe não trouxe felicidade, nem realização.
A Filha Perdida é uma novela que dá para ler em algumas horas, com uma narrativa fluida. É uma história centrada na análise psicológica da protagonista, que se revela para o leitor descobrir o caráter e as questões que movem essa mulher.
Uma história que quebra com a visão tradicional do que a sociedade espera de uma mulher que se torna mãe. Elena Ferrante nos mostra que ter um filho não anula os desejos da mulher, suas necessidades e conflitos. E abre a discussão sobre a maternidade poder ser uma experiência ruim para algumas mulheres.
Gostei muito da leitura, gostei dos questionamentos suscitados e da construção da protagonista. Foi uma leitura rápida, porém rica.