Resenhas - O olho mais azul

Mari Carneiro 19/10/2023

Fiquei alguns dias refletindo sobre essa leitura e eu ainda não sei o que dizer. Foram surgindo livros com a mesma temática pra mim recentemente e eu ainda não me sinto capaz de digerir nenhum por completo.

rodrigues256 18/10/2023

Devastador
Foi uma leitura difícil e demorada, tanto pela dureza de determinadas cenas e falas, quanto pelo impacto que algumas narrativas ressoaram em mim. O debate racial retratado no livro apresenta situações que ainda acontecem hoje em dia, mesmo que a história se passe em 1940 nos Estados Unidos. Entre os temas estão a violência física e emocional que pessoas negras sofrem diariamente, o auto-ódio gerado por tantas agressões e a desumanização desses indivíduos. Em muitos momentos, tive que pausar a leitura para refletir a força que alguns discursos carregavam.

Pecola é uma criança negra que passa por diversas violências apenas pela cor de sua pele, e a solução mais coerente em sua mente infantil para fugir disso seria ter olhos azuis. Se os tivesse, as pessoas a olhariam com admiração, ao invés de desprezo. Essas cenas retratam a realidade enfrentada por jovens negros atualmente: seus traços são alvo de ridicularização e a cor de sua pele é tratada com desprezo. Nesse ambiente, surge o sentimento de auto-ódio e o desejo de se tornarem alguém diferente, com características consideradas mais "aceitáveis" pela sociedade, assim como acontece com Pecola Breedlove.

Com uma escrita marcante, Toni Morrison narra uma história com vários personagens que influenciam direta e indiretamente na destruição de Pecola. É doloroso acompanhar o rumo no qual a vida dela está levando. Seria possível montar uma tese acadêmica apenas debatendo sobre alguns trechos, o que acredito já terem o feito, em vista que esse livro foi uma leitura recente do meu grupo de estudos.

Recomendo a obra de Morrison para todo mundo, alertando antes para temas que podem ser gatilho para algumas pessoas: estupro, incesto, racismo, violência doméstica entre outros tópicos.

Malphys 15/10/2023

?Essa é uma história terrível sobre coisas preferimos ignorar?. Ao longo de toda a narrativa, o livro causa incômodo e reflexão. As personagens são reais, os acontecimentos ficcionais estão, na verdade, enraizados na sociedade.

A história de Pecola levanta a discussão sobre racismo, violência doméstica, famílias disfuncionais, a busca pelo embranquecimento e a invisibilidade social; porém, a história não leva essas pautas para um lugar de ?pena? mas sim, para o lugar de sentimento incômodo que envergonha por percebermos que estamos constantemente ignorando esses assuntos em detrimento dos nossos privilégios e do nosso conforto estrutural, optando, na maioria das vezes, por ?não enxergar?.

A narrativa não poupa o leitor do sofrimento, mas provoca a necessidade de colocar em foco as discussões apresentadas.

Aline 11/10/2023

Tentando escrever resenhas, vamos lá
Terminei de ler a última página e chorei, as mãos tapando o meu rosto. Que livro fantástico. A história é curta, precisa, fatal. Termino como testemunha de males imperdoáveis, praticados por pessoas dolorosamente perdoáveis. As palavras são palpáveis, o texto flui e, entre viagens no tempo, risadas com cores e manchas nas roupas, Toni acaba comigo. Acaba com a pessoa que eu era antes, pelo menos.

Marga Maciel 06/10/2023

Para refletir
Uma leitura que faz você pensar o seu papel enquanto mãe, que te faz querer pegar aquelas meninas no colo e dar o carinho, o consolo que tanto lhes faltou.
Faz você querer ter a oportunidade de mostrar a Pecola o quanto ela é bela na singularidade e complexidade dela.
O livro trás temas tão antigos, e ao mesmo tempo tão atuais, que é impossível não se sentir solidária a toda falta de estrutura que se formou em uma determinada família, e que se faz tão presente em muitas de hoje.
Acredito que todos os seres humanos, tem um pouquinho de Pecola dentro de si, seja por sua não aceitação física, seja pelas mesmas dores emocionais, enfim.
Vamos cuidar e proteger nossas meninas, na sua individualidade, mostrando a elas que cada uma importa, sendo como for.

Dani.Odete 06/10/2023

Angustiante!
Esse é o primeiro livro que senti vontade de reler no momento que terminei. Ele é tão rico de reflexões e realidade que tive a sensação de ser impossível absorver todo esse conhecimento em uma só leitura. Rico e cruel em detalhes que fazem seu estômago revirar,me trouxe um misto de indignação pela realidade e vontade de fazer algo para que essa realidade mude. Simplesmente um livro incrível.

Viviana Mendonça 03/10/2023

Excelente livro
Um livro que prende em sua história.
Uma leitura que traz reflexões de tempos antigos e ainda muito atuais.
Pecola, a personagem principal narrada por uma de suas poucas amigas, nos remete a essas reflexões que deixam a leitura rica.

Byby 30/09/2023

A destruição tem cor azul
Esse livro me destruiu em tantos níveis. Recebi a indicação de uma bibliotecária maravilhosa logo após dizer que, em termos literários, gostava de "drogas mais pesadas". Tenha cuidado com o que você deseja. Toni é incrível, e por isso mesmo me sinto destroçada.

Clau ð» 27/09/2023

Ótimo livro. A autora faz uma construção muito interessante de como o que é considerado belo e/ou feio se enraiza na mente. Traz tb a ótica dos outros personagens que se complementam perfeitamente.

Milla 25/09/2023

Visceral e angustiante

Aborda pautas ainda tão evidenciadas na atualidade: a crueldade da sociedade em relação aos traços negroides, à cultura, ao colorismo?
Traz a reflexãoes acerca do conceito de beleza, intrinsicamente moldada por padrões caucasianos?
Expõe
a violência, marginalização, o abuso, o isolamento, as vivências, o cotidiano de pessoas negras em um país completamente segregado racialmente ? tudo isso muito bem escrito em uma narrativa envolvente, bem amarrada, com personagens complexos e muito bem desenvolvidos?
Recomendo a todos

Denise 25/09/2023

A escrita de Morrison não foi muito fácil pra mim a pesar de bastante fluida. Muito poética, achei que, por vezes, chegou a romantizar algumas violências cometidas com as personagens.

O livro traz de forma muito dura a necessidade da representatividade, da identificação, da valorização das características das pessoas e nos revela a dureza e crueldade do racismo dentro até da própria comunidade negra.

A pesar de não ter achada uma leitora fácil, me despertou a vontade para outras leitoras de Morrison

Marco459 21/09/2023

Bom livro
Retrata o racismo , sexismo e mazelas sociais e estruturais de Pecola Bredlove. Em algumas ocasiões fiquei confuso sobre quem estava narrando a história, mas pode ser que o problema esteja em minha pessoa rs. No mais vale a pena ler a história da primeira negra a ganhar um prêmio Nobel de literatura. Não achei excepcional , mas sem dúvida uma leitura boa e com algumas reflexões importantes.

Barbara 19/09/2023

"Sua pobreza nos mantinha generosos. Até seus devaneios usamos, para silenciar nossos próprios pesadelos. E ela nos deixou fazer isso e, portanto, mereceu nosso desprezo. Nela, afiamos o nosso ego, com a fragilidade dela reforçamos nosso caráter, e bocejávamos na fantasia de nossa força."

Joao Felipe 16/09/2023

Leitura dolorosa e bem reflexiva, talvez não seja nessa minha geração em que relatos como esse sejam mínimos, é a historia e com ela deve se aprender, que os ensinamentos do passados e as lutas possam dar forças pra quem hoje está aqui e luta por elas.
Vida longa a literatura de Toni Morrison e a literatura negra.

Luana1472 11/09/2023

Livro triste, mas ainda muito relevante.
Até a metade eu achei o livro triste, mas os diálogos das duas irmãs de certa forma deixavam a história "leve". Entretanto da metade par ao final é só triste mesmo, e o final consegue ser um soco no estomago.
Assim como os livros do Itamar, esse livro causa um certo desconforto, não pela descrição das cenas, mas porque a história é tão real que pode estar acontecendo agora.
Eu tentei sentir raiva dos pais e dos outros personagens, pela forma como eles tratavam a Pecola, mas então percebi que não poderia esperar outra coisa deles, pois eles foram criados e moldados daquela forma, e não havia outra coisa que eles pudessem oferecer a ela. E os pensamentos de Claudia nas ultimas páginas exprime isso de forma muita clara:

"Éramos tão bonitos quando montávamos na sua feiura. A simplicidade dela nos condecorava, sua culpa nos santificava, sua dor nos fazia reluzir de saúde, seu acanhamento nos fazia pensar que tínhamos senso de humor. Sua dificuldade e expressão nos fazia acreditar que éramos eloquentes. (...) Quem é mau, ama com maldade, o violento ama com violência, o fraco ama com fraqueza, gente estúpida ama com estupidez, e o amor de um homem livre nunca é seguro."