Bruuh 17/04/2017“Juntando os pedaços é uma obra incrível que precisa ser lida por todos”Publicado pela Editora Seguinte, Juntando os pedaços é da mesma autora de Por lugares incríveis, Jennifer Niven.
A obra traz a história de dois adolescentes que estão passando por dificuldades físicas e psicológicas, com um único objetivo em mente: sobreviver ao ensino médio.
Jack Masselin tem 17 anos e possui prosopagnosia, uma condição neurológica onde a parte do cérebro que reconhece rostos não se desenvolve como deveria. Ou seja, ele não reconhece seus familiares, amigos, colegas, nem a si mesmo.
“É isso que acontece comigo: eu entro em um lugar e não conheço ninguém. Em qualquer parte, no mundo inteiro.”
Jack é descolado e popular na Martin Van Buren (MVB) e morre de medo que seus amigos descubram sobre sua situação. Nem mesmo sua família sabe das dificuldades que Jack passa para reconhecê-los e como isso o afeta.
Então para não virar a caça, ele acaba sendo o caçador. E está prestes a cometer uma ação ridícula com a menina nova da escola, Libby Strout.
“Não quero machucar ninguém. (...). Ainda que acabe machucando.”
Libby Strout tem 16 anos e está retornando à escola após anos estudando em casa. Ela ficou conhecida como a “Adolescente mais gorda dos Estados Unidos” ao ser resgatada em sua própria casa com um guindaste.
“(...). Mas só sei que perdi minha mãe, comi até quase morrer, fui resgatada da minha própria casa enquanto o país inteiro acompanhava, aguentei os exercícios, as dietas e a decepção nacional e recebi e-mails raivosos de estranhos.”
Libby sofre de ansiedade e tem medo de morrer, sofreu bullying quando estava no fundamental e ainda mais depois do acidente. Muitos fizeram vídeos, mandaram cartas e até acusaram o seu pai de negligência e abuso. Mas agora chegou o momento de Libby. De sair de sua concha e viver sua vida. Após cuidar de sua saúde, tudo o que ela mais quer é passar pelo ensino médio.
“Então eu me pergunto: o que o ensino médio pode fazer comigo que já não tenha sido feito?”
Mas sim, há muitas e muitas coisas. E Jack Masselin comete bullying com Libby, que revida e também é castigada, resultando em trabalho voluntário e orientação.
Porém, enquanto ambos passam pelas consequências de seus atos, Jack e Libby encontram um no outro algo que nunca esperavam: compreensão. Jack começa a enxergar suas atitudes e o quanto deve muda-las. E Libby passa a compreender o porquê Jack fez o que fez.
“De repente vejo a mim mesmo como os outros me veem – sou uma daquelas hienas chatas e barulhentas, jogando coisas nas pessoas que não merecem.”
Juntando os pedaços é uma obra incrível, que faz o leitor refletir sobre muitas coisas. Jennifer aborda questões da adolescência, além de doenças sérias e do quando precisamos compreender o outro. Com capítulos curtos e alternados, além de uma escrita ágil, o leitor devora rapidamente o livro.
“Não julgue um homem sem antes se colocar no lugar dele.”
Jack e Libby não são personagens comuns. Eles não seguem o padrão e mostram do quando o “ser diferente” traz medo, que acarreta em uma série de problemas.
“O único crime que cometi foi ser gorda.”
Libby é tão consistente, uma personagem que faz o leitor sentir na pele sobre o quanto o ser humano pode ser babaca, cometendo bullying e cyberbullying simplesmente por não ir com a cara da outra pessoa.
- Se todo mundo que tem alguma coisa para falar de mim passasse esse tempo, sei lá, sendo gentil ou desenvolvendo uma personalidade ou uma alma, imagine como o mundo seria.
E a autora foi além, mostrando a outra face. Jack, o agressor. Ele se sente culpado pelo o que fez e não, ele não coloca a culpa em sua situação com a prosopagnosia. Mas dizer que esta não mexe com ele psicologicamente é outra história. Além das dificuldades de reconhecer o outro, Jack está com problemas em casa.
“De repente me sinto velho e muito, muito cansado. É exaustivo ter que ficar procurando as pessoas que você ama.”
A realidade das escolas que é abordada na obra é algo crível e impactante. A autora não usou de situações absurdas para provar seu ponto.
“Para cada pessoa rindo neste corredor, outras cinco parecem horrorizadas ou tristes.”
Além disso, os personagens também são muito reais, e trazem personalidades marcantes. Como Jack, que ama inventar e cuidar de seus irmãos. Que só quer ser alguém melhor. Ou Libby, que é viciada em Supernatural e sonha em ser dançarina.
“Por mais que seja assustador correr atrás dos sonhos, é mais assustador ainda ficar parado.”
Em suma, esta obra é simplesmente fantástica e o tema está super em alta. Então leiam esse livro, e se você está sofrendo procure ajuda, fale. Crie um novo mundo, mas nunca desista.
“Nunca vamos deixar aquele mundo para trás. Só vamos criar um novo.”
Precisa de ajuda? Ligue para o Centro de Valorização da Vida (CCV)
Telefone: 141
E-mail, chat e Skype no website http://cvv.org.br/
site:
http://oracullo.com/