Duda.dudagabooks 14/11/2019Uma história de superação, amor, coragem e com pitadas de empoderamentoQue delícia terminar uma leitura com quentinho no peito! É maravilhoso quando encontramos num livro uma personagem que não é caricata, nem dócil, mas ao mesmo tempo muito ciente do mundo à sua volta e certa sobre as suas vontades. “Um Amor para Lady Johanna” foi um desses livros que me deixou com o coração na mão diversas vezes e, ao mesmo tempo, tive que parar a leitura para gargalhar em algumas passagens. Foi o primeiro livro de Julie Garwood que li e sou mais do que grata pela agradável surpresa.
A história começa com um prólogo de dar nos nervos; não porque é ruim, muito pelo contrário, mas sim porque somos apresentados a um personagem nojento e misógino: o bispo Hallwick. Para dar razão ao meu comentário, transcrevo o trecho que despertou meu descontentamento com o personagem:
“– O senhor se esqueceu das mulheres, Bispo Hallwick. Qual a posição delas perante o amor de Deus?
O bispo coçou a testa, enquanto ponderava a questão.
– Eu não me esqueci das mulheres – disse finalmente. – Elas são as últimas na hierarquia do amor de Deus.
– Abaixo dos estúpidos bois? – o segundo aluno questionou.
– Sim, abaixo dos bois.”
A Lady Johanna, por sua vez, é a recente viúva de outro troglodita. Ela foi orientada pelo odioso bispo que mencionei anteriormente. Não é spoiler nenhum dizer que o seu falecido marido abusava tanto psicologicamente quando fisicamente da mocinha e esse comportamento serviu para deixá-la bastante traumatizada com os homens. Por esse motivo, quando ela é apresentada a MacBain, o líder de dois clãs das Terras Altas, sente medo dele – e do seu cachorro! Contudo, apesar de sua aversão, aceita casar-se com ele.
A sua adaptação no novo lar é muito difícil, muito porque o novo marido é todo grosseirão e a trata como uma inválida. O comportamento amedrontado da moça também não ajuda a sua situação e, lá pelas tantas, ela também recebe o apelido de “Corajosa” por uma das mulheres do clã Maclaurin – apelido este que significava exatamente o contrário. Mas Lady Johanna é obstinada e ignora tais percalços no caminho; ela se empenha em ser carinhosa com o seu marido e em agradar as vontades dos clãs (Lorde MacBain é líder de dois clãs que não se dão muito bem, aliás).
Destaco um diálogo que me deixou muito tocada pela personalidade dela:
“– Você sabe ler? – perguntou Gabriel.
– Sim – ela respondeu – Insisti em aprender.
– Por quê? – seu marido perguntou.
Ela deu de ombros.
– Porque era proibido. – ela sussurrou [...].”
Prefiro não dizer muita coisa para não soltar spoilers, mas revelo a vocês: Lady Johanna conquista tanto a nossa afeição quanto a de todos os outros personagens a cada capítulo. Eu tentei, mas não consegui ver qualquer defeito nela. Como vítima de abuso, ela foi mostrando a sua evolução e recuperação. O marido dela tem muito a ver com isso, pois apesar de turrão, ele a trata com tanto zelo e amor que ajuda a esposa a superar seus medos. Ele se torna, definitivamente, o seu protetor.
Não preciso dizer que fiquei completamente apaixonada pelo casal, né?
“Um Amor para Lady Johanna” é uma leitura extremamente agradável, com diálogos inspiradores e passagens muito engraçadas. Adorei me divertir com as desavenças dos clãs MacBain e Maclaurin, bem como a forma que o casal principal se comunica – muitas vezes de forma confusa, pois nem um e nem outro entende direito o seu comportamento. Para exemplificar meu comentário, transcrevo:
“– Gabriel?
– Sim?
– Você me faz querer arrancar os cabelos.”
Essa resenha já ficou muito grande e, apesar de ter muitos outros trechos destacados que gostaria muito de apresentar a quem tiver interesse na leitura, devo terminar por aqui para não estragar a surpresa. A história se tornou uma das minhas favoritas e logo que terminei já senti vontade de ler tudo de novo para ter mais uma vez as sensações que tive durante a leitura. Recomendo MUITO mesmo. Preparem-se para se apaixonar!