Vanessa1409 13/10/2023
Um Eclipse de Supernatural com Smallville.
Conhecendo melhor os personagens, o texto flui deliciosamente. O sarcasmo latente da protagonista torna a leitura agradável, e a história prende nossa atenção.
Nesse segundo volume, há uma pitada extra de figuras mitológicas. E o desenrolar da trama é realmente surpreendente! Apesar da inclusão inesperada, é interessante a abordagem que a autora usou para fantasiar tal mito e, ao mesmo tempo, desmascará-lo. Meg realmente se superou!
Os desencarnados continuam sendo o principal problema da protagonista. No entanto, para quem espera por romance, terá que aguardar pelos próximos volumes, porque Meg fez apenas uma leve alusão ao adocicado sentimento. Ainda assim, para os fãs de uma boa aventura ? como eu ?, a autora não desaponta. Pelo contrário, Meg está sempre nos surpreendendo.
A impressão que temos durante a leitura é de que estamos nos deliciando com um eclipse de Supernatural com Smallville. Sem exageros, quase atingi o nirvana quando comparei a personagem Jo ? de Supernatural ? com Suzannah. Agora, pasmem: Imaginem Jo como amiga da Chloe ? de Smallville. ? Utopia? Antes mesmo de ambas as séries existirem, Meg ousou e aplicou a ideia. Para ser sincera, não a desaprovo em nada. Nota mil em nível ninja de criatividade para Meg Cabot!
Adorei a continuidade das personalidades criadas pela autora. O interessante ? e um tanto difícil de encontrar nas obras voltadas ao público adolescente ? é a vulnerabilidade do elenco. Suze, a protagonista, por exemplo, mantém seu sarcasmo típico. Porém, tem seus momentos de fraquezas ? e burrices ?, tornando-a tão real quanto qualquer um de nós. E esse é um ponto positivo de Meg Cabot, ela constrói e mantém o padrão, não sai do foco. Melhor ainda, equilibra seus personagens. Odeio ler uma trama onde a garota é a fodástica nota mil ou seu oposto, uma retardada deprimida ao extremo.
Obviamente, trata-se de um enredo sobrenatural ? fato que, por si, já foge por completo da realidade. ? Contudo, é essa jogada que nos transporta a um universo quase tão verossímil quanto a de um romance urbano. O problema é que nem tudo é perfeito, nem mesmo em um livro... Meg pecou. Ok, um crime venial, mas de uma magnitude esmagadora. Explico: A Mediadora é uma série adolescente que já está em sua décima edição. Certamente, sua versão original deve ter, no mínimo, uns quinze anos ? não sei dizer ao certo, pois não pesquisei o assunto. O fato é que as aventuras de Suze continuam em voga, e as publicações não cessam, o que nos remete ao problema em questão: os deboches da protagonista. Se uma das minhas filhas apreciasse o texto, viria confusa até mim para perguntar o que significa ?Chips?, ?S.O.S. Malibu? e ?Supermáquina?. Uma repaginada e uma pequena atualização nos termos resolveria o lapso ? apenas uma humilde sugestão de leitora e fã. ? Para a época da sua criação, A Mediadora seria perfeita. No entanto, para a atualidade, chega a ser levemente confusa. Enfim, tal observação não desabona em nada o trabalho da escritora, que, conforme acima declarado, é maravilhoso e surpreendente. Extremamente recomendado!
Passando rapidamente para citar o título desse volume, o Arcano Nove é a carta do Eremita no Tarot de Marselha. No livro, por meio de uma correspondência de Gina, melhor amiga de Suze, o arcano é dado como aquele que conduz as almas dos desencarnados pelo rumo certo. Tecnicamente, o Eremita seria um mediador. E não estou aqui para dizer que qualquer citação pagã é certa ou errada, até porque desconheço qualquer verdade como absoluta. Porém, pela minha perspectiva, O Eremita tem outro significado, que, de certa forma, não foge tanto dos padrões citados no livro. Resumindo, apenas para encerrar sem mais delongas, o Eremita é um sábio recluso, em busca de sabedoria por meio do autoconhecimento, iluminando seu próprio caminho passo a passo, um por vez, sem atropelar a jornada.
NOTA FINAL: A trama de A Mediadora é tão instigante que nos arrebata de uma forma inexplicável, conduzindo-nos àquele mundo, viciando-nos até que não queiramos mais desertar do universo de Suzannah Simon. A leitura flui, é rápida, deleitosa, sublime. Não há uma só página enfadonha, pois a protagonista está sempre nos arrancando risadas ou acelerando nossos corações em suas aventuras. E Jesse... bem... eu queria um Jesse exclusivamente para mim. Novamente, recomendo, aprovo, ovaciono, aplaudo.