Bia 12/01/2021
Amei conhecer a escrita da Lorraine
É o meu primeiro contato com uma obra da Lorraine Heath, e posso dizer que estou extremamente satisfeita.
A escrita da autora é fluida e leve, nem um pouco cansativa. Se eu tivesse que definir, diria que ela traz a leveza da Julia Quinn e a sensualidade e reflexão da Sarah MacLean, o que pra mim é perfeito já que é uma intercessão de duas das minhas autoras favoritas. A única dificuldade que tive em relação a forma de escrita dela é em relação aos diálogos, que eram muito diretos. Senti falta de uma descrição de o que os personagens estariam sentindo enquanto conversavam. Mas isso é uma percepção pessoal, e algo mínimo, que de maneira nenhuma atrapalhou ou tirou méritos da leitura.
Confesso que o plot de mulher mascarada/vida dupla/etc me preocupou um pouco, por não ser um enredo que me convença – alô “Um perfeito Cavalheiro”, mas felizmente aqui, foi melhor desenvolvido, sem muita enrolação ou justificativas ridículas pra que a Lady V fosse reconhecida/revelada.
Os protagonistas são muito bons. A autora consegue demarcar com precisão a personalidade de cada um deles. Sobre a Minerva, eu termino o livro completamente apaixonada e encantada por essa mulher. Ela é, provavelmente, a mocinha mais realista, pragmática, objetiva e simplista que eu já tenha lido em qualquer outro romance de época. Impossível essa mulher não ser capricorniana – talvez por isso tenha amado tanto, a identificação com ela veio fortíssima. Marquei as duas passagens a seguir para tentar exemplificar essa percepção que tive dela:
“Embora ela desejasse desesperadamente ter filhos, não estava disposta a pagar qualquer preço para tê-los.”
“– Estou solteira por escolha, porque me recuso a carregar o fardo que é um homem que não me ame.”
Eu amei que ela não foi uma daquelas mocinhas que, à primeira palavra de afeto do mocinho, já se joga nos braços dele. Digo isso quanto à parte sentimental da coisa, porque quanto à física, ela fica muito satisfeita em se entregar aos prazeres que o Ashe queria e poderia proporcionar – essa é a premissa do livro, afinal! Seu objetivo primário. Mesmo quando o Ashe começa a demonstrar interesse por ela, ela é muito realista e honesta com seus sentimentos, encarando tudo aquilo como simples desejo. E quando o Ashe passa a cortejá-la, falando em casamento, ainda assim ela não se entrega de cara, pelo contrário, ela duvida e posterga até o último instante. Essa falta de romantismo dela e excesso de pragmatismo, inclusive, me fizeram ter um pouco de dificuldade de acreditar e shippar o casal no começo da história, sei lá, parecia que não ia dar liga. Mas deu! Minerva e Ashe tem muita química!
Importante falar, que apesar de todas essas características que eu dei pra Minerva, ela está longe de ser uma mocinha chata. Pelo contrário, ela tem um gênio ótimo e personalidade forte, além de ser inteligente e demonstrar isso sem receios, sempre com tiradas irônicas que a deixavam mais divertida.
Quanto ao Duque, durante o livro, a gente pode perceber que o Ashe era um homem com bastante sucesso entre as mulheres, confiante em relação a isso, e eu gostei que essa característica não era usada por ele pra enaltecer a si próprio, sabe? Ele não ficava se vangloriando por isso – talvez um pouco, nos momentos de seduzir a Minerva, mas de maneira geral, não era uma ~questão~. Ele sabia que a sociedade o via dessa forma, e ele vivia assim, e ok, vida que segue, nada demais.
Outro ponto do Ashe é em relação aos seus traumas. O livro já começa bem forte, explicando os acontecimentos que impactaram os meninos de Havisham. Fora o trauma do Ashe em relação aos pais, a última coisa que ele falou pra eles antes de eles irem embora, a explicação do porquê ele se dedicar tanto às fotografias, especialmente as fotografias dos corpos femininos, buscando a beleza da forma humana para tentar esquecer. Uma carga emocional bem grande, gostei muito como a autora trouxe tudo isso.
Importante salientar que ele foi BASTANTE cretino em alguns momentos, hein? Especialmente depois que decidiu casar com a Minerva. Mas vou relevar... Vou relevar porque ele se redime no final do livro. Os capítulos em que ele começa a perceber que está apaixonado pela Minerva, ao conversar com seus amigos, é maravilhoso! Eu amei! Consegui esquecer que ela um cretino.
“– Mas você precisa de dinheiro.
– Eu preciso mais de você.”
Outra coisa que eu AMEI foi a relação da Minerva com o pai. Muito bonita e emocionante, especialmente no final.
Também gostei de a autora já começar a trazer um pouco da história a ser contada no próximo livro, do Edward, apesar de que, confesso que não simpatizei com ele aqui nesse livro, vou ter me esforçar bastante no livro dele. Já quanto ao Locke, teve uma pequena aparição, mas já foi o suficiente pra me conquistar. Não vejo a hora de ler o livro dele.
Enfim, é um livro muito bom, muito bom mesmo, fiquei muito feliz e satisfeita em conhecer o trabalho da Lorraine. Mas vou esperar a releitura no futuro pra ver se ele realmente é um livro nota 5. Por enquanto vou deixar um 4,5 com bastante gosto.