Maria - Blog Pétalas de Liberdade 10/08/2017Resenha para o blog Pétalas de Liberdade "Minerva fechou a mão ao redor da resposta aos seus sonhos. O tempo de ser cautelosa já tinha passado. Ela ansiava por uma noite da qual se lembraria." (página 25)
Vocês sabem que eu sou apaixonada por romances de época, né? Então, quando vi que a editora Gutenberg publicaria "Codinome Lady V", li a sinopse e fiquei encantada pela capa, quis demais ler esse livro. Aproveitei uma promoção relâmpago na Amazon e comprei pouco depois do lançamento. E o que acontece quando se vai com muita sede ao pote? Pois é, eu gostei de "Codinome Lady V", mas não superou minhas expectativas.
Com narração em terceira pessoa, conheceremos Minerva Dodger, que após seis temporadas ainda não tinha se casado. Ela era filha de Jack Dodger, que, ao contrário da esposa, não era um aristocrata, mas era um homem muito rico que havia dado um dote enorme para a filha. Esse dote fazia com que somente os caçadores de fortuna se interessassem em lhe propor casamento, apenas por causa do dinheiro, e as propostas iam ficando cada vez piores com o passar dos anos.
"- Nós não gostamos da ideia de você não se casar - a mãe interveio -, de ficar sozinha.
- Eu não vou ficar sozinha. Tenho amigos. Tenho família. Não preciso de um marido para completar minha vida." (página 239)
Minerva não era considerada bonita para os padrões da época, nem se comportava de forma submissa como esperavam que as moças se comportassem. Minerva era inteligente, tinha a mesma vocação para negócios que o pai, e não se sujeitaria a um casamento sem amor após ver como os pais se amavam e como o irmão e a melhor amiga dela também tinham um casamento baseado nesse sentimento. Mas Minerva queria saber como era ser desejada, como era se sentir valorizada não por seu dote, e por isso decidiu ir até um clube chamado Nightingale, onde mulheres poderiam encontrar amantes em segredo, mesmo que fossem amantes de uma noite só, sem manchar sua reputação. Eis que ela encontrou o Duque de Ashebury!
Ashebury (ou simplesmente "Ashe") ficou órfão ainda criança, e foi morar com mais dois garotos órfãos na Mansão Havisham, onde já havia um garoto. Os quatro se tornaram amigos desde então. Adultos, viajam pelo mundo em aventuras. Agora que Ashe estava na cidade, ficou fascinado ao encontrar uma misteriosa mulher no Clube Nightingale, uma mulher mascarada que se apresentou como Lady V, e mexeu com ele. Agora, Ashe precisava descobrir quem era aquela mulher.
"O perfume de verbena ainda o envolvia. Se ela não fosse Lady V, ele comeria seu chapéu na Trafalgar Square." (página 93)
Como vocês devem imaginar, Lady V foi o apelido que Minerva usou, e ela também ficou balançada por Ashe, mas ele nunca havia reparado nela antes do encontro no clube. Eis que a curiosidade de Ashe e a atração de ambos fará com que finalmente se aproximem, mas além de problemas do passado que atormentam Ashe, ele descobre que sua situação financeira não está boa, mas Minerva jamais se casaria com um caçador de fortunas. O que lhes digo é que o final feliz desses dois será bem trabalhoso.
"Com a aversão que tinha a caçadores de fortuna, como Minerva iria entender que ele não era nada disso?" (página 204)
Acredito que a abordagem humana dada aos personagens seja o maior acerto da autora. A história se passa por volta de 1878, em uma data mais recente do que a maioria dos romances de época que li, e é bem visível como a diferença entre nobres e ricos não nobres já estava ruindo, assim como é possível perceber que as mulheres tinham um pouquinho mais de liberdade. Com isso, foi possível que Minerva expressasse ainda mais as suas qualidades. Eu gostei muito da forma como ela tinha amigos do sexo masculino, e de como eles recorriam a ela em questões de negócios. Jack Dodger, o pai da protagonista, também roubou a cena em vários momentos. A forma como ele amava a filha e como colocava a felicidade dela acima de qualquer convenção da época é encantadora, ainda nos dias atuais Jack Dodger é um exemplo de pai. E Ashe também foi um personagem interessante e bem construído, a relação dele com os outros três garotos com quem viveu na Mansão Havisham (e com o dono da casa) é um dos pontos altos da obra.
"(...) Ele deu um sorriso compreensivo para a filha. - Case-se com um açougueiro, um padeiro, um fabricante de velas. Ou não se case. Eu não ligo. Nem sua mãe. Tudo o que nós sempre quisemos é que você seja feliz." (página 98)
"- Meu Deus! Não, papai!Meu dote já é grande o bastante para atrair caçadores de fortuna do outro lado do oceano. Tem mais a ver comigo. Não sou o tipo de mulher por quem os homens se apaixonam. Eles não me acham muito dócil.
- Se não a admiram, que se danem. Não mude por nenhum deles.
Jack Dodger defenderia seus filhos até a morte. Minerva o amava por isso." (página 97)
Agora, vamos falar sobre os aspectos que foram diferentes das minhas expectativas. Primeiramente, achei alguns personagens masculinos muito saidinhos, cantando as moças de um jeito meio descarado, eu não imagino pessoas se expressando dessa forma em pleno século dezenove. Há muitos personagens no livro, e fuçando no Goodreads (espécie de Skoob gringo) eu descobri que esse não é o primeiro livro da autora, que há um livro sobre os pais da Minerva, sobre a melhor amiga dela e sobre outros personagens de "Codinome Lady V", e isso faz com que durante a leitura fique aquele "gostinho de quero mais", há uma curiosidade de conhecer melhor como Jack Dodger, um plebeu, desafiou a nobreza para se casar com a mãe de Minerva, fica uma vontade de saber mais sobre a vida dos quatro garotos em Havisham... Parte dessa curiosidade pode ser sanada com a publicação de mais livros da autora no país, mas se eu já tivesse lido algum desses livros, estaria mais habituada com o ambiente em que a obra se passa.
Sobre o aspecto físico, a editora Gutenberg trouxe uma capa linda (todo mundo que viu o livro na minha casa ficou encantado pela capa), páginas amareladas, detalhes no início de cada capítulo, letras, fonte e diagramação de bom tamanho. Em tradução literal, o título original "Falling Into Bed with a Duke" ficaria como "Caindo na cama com um duque", mas "Codinome Lady V" ficou bem mais interessante, concordam?
Enfim, fica a minha recomendação para quem procura um romance de época que se passa numa época posterior a da maioria dos romances de época, com tudo de bom que os livros do gênero possuem: diversão, romance, além de uma história que realmente prende o leitor.
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