spoiler visualizarNanáh Zoti 27/01/2017
O PIOR LIVRO QUE EU JÁ LI
O livro faz parte da série Os Royale, e esse é primeiro volume.
Sinopse -
O livro gira em torno de Ella Harper, uma sobrevivente otimista. Ela passou a vida inteira se mudando de cidade em cidade com sua mãe, lutando para pagar às despesas e acreditando que algum dia ela ia sair da sarjeta. Depois da morte de sua mãe, Ella está verdadeiramente sozinha. Até Callum Royal aparecer, arrancando Ella da pobreza e jogando-a em sua mansão elegante entre seus cinco filhos, que odeiam ela. Cada garoto real é mais atraente do que o outro, mas nenhum é tão cativante como Reed Royal, o garoto que está determinado a enviá-la de volta para as favelas de onde ela veio. Reed não a quer. Ele diz que ela não pertence aos Royals. Ele pode estar certo. Riqueza. Excesso. Decepção. É como nada que Ella já tenha experimentado, e se ela quer sobreviver ao seu tempo no palácio real, ela precisará aprender a emitir seus próprios decretos reais.
Meu primeiro contato com o livro aconteceu de forma extremamente acidental, já que o encontrei em uma das minhas andanças sem destino pelo Skoob. Uma amiga minha escreve sobre princesas e por acaso estou fazendo o copydesk do livro dela, então achei bem interessante ver o que estava agradando o público desse tipo de história, então achar Princesa de Papel, foi uma grande sorte.
Pelo menos foi isso que achei.
A capa apesar de simples é bem bonita e me chamou ainda mais a atenção. O enredo apesar de simples, tecnicamente era promissor e por isso me joguei de cabeça e quebrei a cara.
Porque, Nanáh?!
Muito simples, e vou explicar. A história começa com Ella, chegando em cima da hora para sua aula de calculo na escola pública onde estuda pela manhã. Antes de entrar na sala, o diretor a chama para a sala e lá ela encontra o homem que basicamente é seu tutor legal. A personagem, obviamente se desespera e foge do homem, vai para o apartamento em que mora sozinha desde que sua mãe morreu, liga para o seu chefe e promete trabalhar em um tipo de categoria que antes ela não tinha trabalhado. A menina é stripper para sobreviver, e ela aceita fazer nu completo para juntar dinheiro o suficiente para ir pra outra cidade, longe do tutor que apareceu na escola pela manhã. Confuso? Eu também achei.
Veja bem, a maioria dos leitores é leigo quando as questões e diferenças entre strippers. Preconceito? Não, eu só não entendo e nem sabia que existe diferença das stripper que ficam com algum tipo de roupa, independente do tanto ou tamanho da roupa, pra aqueles que fazem nu completo. E se o escritor vai apresentar essa faceta do negócio que uma pessoa leiga não sabia, o mínimo que ele tem que fazer é explicar. Senti falta disso.
Nanáh! Mas isso não é importante!!!
Claro que é. A coisa toda da explicação ficou tão superficial, que acabou parecendo que a escritora colocou uma desculpa qualquer pra tampar um furo no enredo. Resultado? Um troço forçado e completamente sem importância.
Porque a decisão de fazer um nu completo foi extremo pra personagem? No que isso interferiu no psicológico da personagem? Isso reduziu tanto a personalidade da personagem, que eu não consegui me colocar no lugar dela, sentir o sofrimento dela. E a escritora conseguiria fazer isso, somente me explicando a diferença das duas modalidades de stripper (se é que posso chamar assim) e de como essa foi uma atitude desesperada e extrema da personagem a afetou.
Quando a guria vai se apresentar (e não, ao contrário do que ela disse no começo ela não se apresenta completamente nua.) quem está lá? O tutor, que vai dar uma de durão, tentando tirar ela de lá, mas como não consegue ele se irrita e disse que já que ela está trabalhando e ele pagou, ela deveria continuar dançando pra ele. Uma cena bem hot clichezão, mas felizmente não foi isso que aconteceu já que o homem, ao ver que ela iria mesmo dançar, pega ela e a tira da boate.
E a partir daí chegamos em uma sequência de fatos rasa, sem sentimento e com um propósito muito mal explicado. O que acontece? O tutor tira ela nos ombros, joga no carro, ela tenta fugir, ele tranca a porta, ela tenta dizer que é sequestro, ele fala do pai e ela fica quieta, ele mostra relógio sentimental que perde a importância no meio do livro, ela fica quieta, eles vão pra um aeroporto, o jatinho é particular, ela chega em uma mansão do caralho, é apresentada pra família do tutor, os filhos do tutor são lindos e filhos da puta.
Cruzes, Nanáh!
Sorry, meus queridos. Mas é exatamente isso que acontece.
Pela sinopse, já sabia que se tratava de um clichê, mas é aquela velha história. Se o clichê for bem trabalhado, não tenho problemas nenhum em ler. Só que com esse livro, aconteceu um negócio bem complicado, o problema não foi a forma que o enredo foi trabalhado, foi o enredo em si.
Como assim? Esse livro é um dos livros mais bem escritos e bem estruturados que já peguei pra ler na minha vida pacata. Mas o enredo dele é um amontoado de bosta sem fim.
Desculpe pelo palavrão, pela expressão, mas eu fiquei extremamente revoltada ao ler essa história, e tudo isso aconteceu depois que Ella chega na casa do seu tutor, o sr. Royale. Lá ela é recebida de forma bem grosseira pelos quatro filhos mais novos do sr. Royale.
Um dos filhos coloca as mãos dentro da calça de uma forma obscena, perguntando se a mocinha não estaria interessada. A escritora mostra o desconforto que a garota sentiu com a "brincadeira" sem noção, mas páginas depois tudo é esquecido. Ela simplesmente esqueceu de mencionar isso, como se fosse uma ação sem importância, quando ao meu ver aquilo foi claramente uma cena de assédio.
Mais pra frente a protagonista é drogada com LSD, o responsável por isso não foi levado a polícia, mas sim punido de uma forma bem cretina na frente da escola. E a situação mais grotesca está por vir quando os irmãos Royale salvam Ella, mas ao chegar em casa com ela - sem terem ido a um hospital - discutem quem irá "aliviar" a mocinha que está com tesão pra porra graças ao LSD que ingeriu. Acha que parou por aí? Não, claro que não! O mocinho da história fica responsável por aliviar a mocinha, enquanto ela estava obviamente drogada e sem ter noção alguma dos seus atos.
Agora se isso não é uma romantização escrota de violência sexual, eu não sei o que é. Nanáh, você não esta exagerando? Me diga caro leitor, qual é a diferença de um ser filho da puta que transa com uma mulher que está bêbada, enquanto ele está sóbrio pra isso que eu acabei de contar?
No dia seguinte Ella lembra de tudo, está tudo bem com tudo e já planeja a vingança contra o ser humano que deu LSD pra ela, além é claro de estar amando horrores do mocinho que "cuidou dela"
MUNDOOOOOOOO, PARA QUE EU EXIJO DESCER!!!
Como o livro termina? Do jeito clichê de sempre, o mocinho filho da puta trai ela, com a madrasta dele. A personagem ferida sai de casa e decide procurar um novo rumo pra vida, pelo menos enquanto o próximo livro - que eu não vou ler - não é lançado.
Boys e Amorinhas, vi uma escrita foda pra caralho sendo usada no enredo mais bosta possível. Nunca achei que ia ver isso, mas eu vi e não gostei. E o que mais revolta é que muitas adolescente vão ler o livro e achar a coisa mais fofa do mundo. O livro tem assédio, tem abuso, tem banalização da mulher a cada página e muitas adolescente vão ler e achar incrível......
A resenha já ficou gigantesca, e nem sei se vocês conseguiram chegar até aqui aonde estou escrevendo, mas queria deixar em registro que não recomendo esse livro pra ninguém, e que me sinto extremamente decepcionada com o selo Essência por publicar esse tipo de obra. Eles conseguiram a façanha de publicar meu livro favorito Pode Beijar a Noiva, da Patrícia Cabot e o livro mais detestável que eu já li, que foi sem sombra de dúvidas Princesa de Papel da escritora Erin Watt.
site: http://nanahzotirecomenda.blogspot.com.br/