Fernanda631 31/07/2023
A Traidora do Trono (A Rebelde do Deserto #2)
A Traidora do Trono (A Rebelde do Deserto #2) foi escrito por Alwyn Hamilton.
Amani jamais imaginou que sua fuga da Vila da Poeira fosse transformar sua vida tão completamente. Seu desejo íntimo de ser livre, deixou de ser apenas dela e agora faz parte da rebelião. O Príncipe Rebelde deseja tomar o poder, dele por direito, em busca de igualdade entre os povos e contra o pai, o Sultão tirano de Miraji. Ao lado de Jin, irmão do príncipe, Amani descobriu sua real importância nesta causa e que pode contribuir muito mais do que ser apenas a melhor atiradora do deserto.
Como uma demdji, descendente de um djinni, A Bandida de Olhos Azuis possui poderes extraordinários e com o deserto em suas mãos, ela auxilia a rebelião em diversas batalhas, porém num descuido, ela é traída e acaba virando prisioneira do próprio Sultão, no palácio de Miraji. Ao mesmo tempo em que tenta arrumar uma forma de fugir num lugar que parece ser ainda mais perigoso que a própria guerra, Amani acaba descobrindo o outro lado da moeda, quanto mais tempo passa dentro do palácio, mais o sultão semeia a dúvida sobre quem é realmente o vilão neste país.
"A Traidora do Trono" é a continuação de "A Rebelde do Deserto". O livro continua sendo narrado apenas pela protagonista, Amani. Ele não começa imediatamente após o final de "A Rebelde do Deserto". No final do primeiro livro, os rebeldes conseguiram uma importante vitória sobre o exército do Sultão, e dominaram um ponto estratégico do deserto.
"A Traidora do Trono" começa narrando a invasão de uma importante cidade: Saramotai. Desde a grande vitória dos rebeldes até o momento da invasão da referida cidade, eles venceram as tropas do Sultão em outras batalhas; e em uma dessas batalhas, Amani chegou a levar um tiro. Foram meses de recuperação, o que abalou Jin, que abandonou o acampamento rebelde, para se infiltrar no exército estrangeiro que dá suporte ao Sultão. Logicamente Amani ficou magoada com a atitude dele, mas já recuperada ajuda na invasão de Saramotai, e resgata muitas pessoas, dentre elas, sua tia. Mas não demora para as coisas voltarem a ficarem difíceis para os rebeldes.
O acampamento deles é descoberto, e atacado. Na fuga, o grupo se divide em dois. O grupo liderado por Amani consegue escapar, entretanto ela é traída de uma forma inesperada, o que a leva ao palácio e as garras do Sultão.
Alwyn Hamilton vai tecendo sua história, nos envolvendo numa trama destemida de acontecimentos e reviravoltas, tudo que qualquer leitor ama. O ponto alto desta fantasia é sem dúvidas, o fato dela trabalhar os cenários do deserto e tudo aquilo vinculado a cultura árabe. Aos olhos dos leitores, a descrição dos cenários, as características dos personagens e seres, os detalhes dos vestuários, tudo contribui para que o leitor se sinta ainda mais imerso nesta história incrível.
Uma vez imersos e encantados por este mundo, é fácil se envolver com o enredo e com estes personagens. Amani é fantástica. Determinada, fiel e muito forte, ela é uma guerreira, que entrega tudo para uma causa que o acaso se encarregou de recruta-la. Mas longe dos membros da rebelião e de seus amigos, ela também demonstra outra faceta, ela é humana, fraqueja, hesita e duvida das próprias forças e de suas próprias convicções por muitas vezes. Neste turbilhão de emoções, Amani se mantém fiel, principalmente ao seu coração.
Quanto ao romance, que foi tão mais presente no primeiro livro, em A Traidora do Trono ele acaba tomando pouquíssimo espaço, inclusive ele até poderia não existir que não faria nenhuma diferença na trama. Ele é presente, acontece, mas só agrega.
A Traidora do Trono amadurece a história, traz novas perspectivas e planta novas incertezas na cabeça do leitor. Aqui temos uma nova visão sobre a política de Miraji, trazendo à tona um perigo que pode vir de fora. Estes conflitos são percursores para que Amani, consiga analisar toda a situação do país com outros olhos e perceba que nem tudo será tão glorioso e heroico para os rebeldes.
Como os capítulos são curtinhos, a leitura é bastante dinâmica e a velocidade dos fatos deixam tudo mais envolvente. As vezes chega a ser difícil se recuperar a tempo de um acontecimento a outro. Irão acontecer muitas coisas aqui e Alwyn não tem medo de moldar sua história para chocar o leitor, então preparem-se para sentir, vibrar, chorar e dar aquele suspiro de alivio de vez em quando.
O final é arrebatador, daqueles que nos faz questionar sobre o futuro da rebelião e para onde esta guerra vai nos levar depois de tantas peças caídas. Sem dúvidas, um pequeno aquecimento para onde Alwyn Hamilton está nos levando.