Laisera 26/01/2022
O Sol Também é Uma Estrela - Destino ou Casualidade?
A narrativa de Nicola Yoon é sensacional, de modo que é fácil se envolver com os personagens e com a trama que é muito fluída. Em primeira pessoa, somos guiados pela Natasha e pelo Daniel, mas também acompanhamos em terceira pessoa personagens secundários e explicações para determinados eventos, artifícios que só acrescentaram expressividade ao livro e o deixou ainda mais interessante. O fato de alguns capítulos serem narrados em outros pontos de vista além do deles, contribui muito para a construção da empatia, faz com que você perceba que o mundo é imenso e existem tantas pessoas com crenças e sonhos diferentes dos seus. Mostra que cada personagem, ainda que não seja o principal e que apareça por poucos momentos no livro, também tem sua própria história, seu sonhos, seus problemas, suas razões e suas decepções, mostra que cada pessoa carrega um universo infinito dentro de si.
Apesar de termos aqui um romance juvenil, o livro vai muito além e levanta aspectos relevantes, com uma narrativa leve, singela e as vezes poética, aborda temas bem pesados como o preconceito, as diferenças culturais, imigração, conflitos e pressões familiares, suicídio, traição, depressão, bullying e todos os impactos que essas questões possuem na vida dos personagens de uma forma sutil, mas que passa a mensagem que a autora quer, levando o leitor a refletir bastante sobre todos os temas abordados e as consequências de nossos atos sobre a vida de outras pessoas. Outro ponto alto do livro é a riqueza cultural, tanto coreana quanto jamaicana sem estereótipos.
Embora a construção dos personagens seja bem feita e o crescimento de cada um deles no decorrer da leitura, a história toda se passe em um só dia, o que acaba tornando a história apressada e um pouco inverossímil.
O livro ?O sol Também é uma Estrela? mostra o impacto que temos um na vida do outro. Ensina que o amor é sobre distinções que decidiram coexistir e que reciprocidade tem a ver com o quanto você está disposto a se entregar nesse precipício que é se relacionar, sobre como o perdão é uma forma de recomeçar, e que esperança é ver apenas pequenos pontos de luz na escuridão, mas deixar-se iluminar por completo, é o impossível se tornar possível.
?Acho que todas as nossas partes boas estão conectadas em algum nível. A parte que divide com outra pessoa o último biscoito de chocolate do pacote, que faz doação para uma instituição de caridade, que dá um dólar para um músico de rua, que trabalha como voluntária, que chora com os comerciais da Apple, que diz eu te amo e eu te perdoo. Acho que isso é Deus. Deus é a conexão com a melhor parte de nós." - O Sol Também é uma Estrela