Marina Garcia ( 22/09/2019
É um pouco complicado descrever Jardins da Lua, a primeira coisa que veio na minha mente é "não é uma leitura fácil", mas logo em seguida já pensei "e não seria essa a graça da história?". Estar habituada ao "caminho do herói" podia ser um tiro no pé se eu por fim não comprasse a ideia de Steven Erikson. Ele não é um autor piedoso que vai pegar na sua mão para contar a história de como o seu mundo se formou, por que as coisa são como elas são, ele te distraí na calmaria inicial e te joga no meio do fogo cruzado depois sem te explicar nada. Filho, você que pegue as respostas depois, anda ou a história te atropela.
Acostumados estamos com explicações do tipo "fulano usou tal magia..., magia essa que funciona da seguinte forma..." ou "sabe fulano da casa tal? Fulano? É, o fulano lá daquela casa tal que antigamente aconteceu isso que desencadeou naquilo e agora está ali por causa disso e disso", eu entendo quem pare nos 10, 20, 30% iniciais do livro. Eu larguei Jardins da Lua duas vezes antes de encarar a terceira e em todas elas eu não comecei de onde havia parado anteriormente, senti necessidade sempre de partir do começo.
Ler Jardins da Lua é não saber para onde está sendo conduzido, é caminhar sem saber onde está. São séculos e séculos de história, de mitos, onde deuses e homens caminham lado a lado, um interferindo nas atitudes dos outros sem saber que são capazes disso, aí reside a complexidade do mundo criado e compartilhado por trás das mentes de Steven Erikson e I. C. Esslemont. Jardins da Lua é apenas um capítulo no meio de uma imensa história que promete inúmeras possibilidades.
Estou tentada a embarcar futuramente em uma releitura, mas primeiro vou deixar a poeira baixar, respirar os ares de outro mundo, em seguida dar uma conferida na história de O Lamento do Dançarino antes de voltar, ou chutar o balde e segunda-feira adentrar Os Portais da Casa dos Mortos, ainda não me decidi.