Paula 09/07/2018Imperdível!Apesar de todos acharmos que conhecemos detalhes da tragédia, esse livro me ensinou muita coisa. Estudamos as bombas atomicas sob o olhar norte-americano e, por isso, alguns detalhes passam ignorados por nós, como os campos de reordenação onde os japoneses em solo americano eram presos, e o bombardeio a Tóquio, meses antes, que resultou em 80 mil mortos e 110 mil feridos.
Nesse livro, o senhor Takashi Morita, dono de uma mercearia na Zona Sul de São Paulo, relembra sua vida na Hiroshima pré-guerra e como ela afetou a vida no Japão até o fatídico dia. Ele estava lá, há pouco mais de 1km do epicentro da bomba. Ele foi atingido, mas talvez tenha se salvado pelos trajes militares (diferente do resto da população, que vestia roupas frescas devido ao calor do verão). Num primeiro momento, ele foi apenas afetado com uma queimadura grave na nuca, mas seu papel na Polícia Militar do império japonês fez com que ele se deslocasse por Hiroshima no dia da tragédia, vendo, pessoalmente, muito do que havia ocorrido.
O livro mostra também as consequências da exposição à radiação; a luta dele, anos depois, para garantir que as vítimas que deixaram o Japão, como ele, recebessem oa mesmos benefícios do governo, como tratamentos médicos; e críticas à energia nuclear, citando até as usinas de Angra. A leitura é imperdível!
Minhas críticas são mínimas... No prólogo, ficamos sabendo de histórias de outras vítimas. Fiquei na expectativa de conhecer mais sobre elas, mas pouco foi dito. Esperava muito mais nesse aspecto. Fiquei também curiosa com um detalhe: no final, ao citar uma dessas histórias, Takashi cita que quem teve contato com a chuva ácida após o bombardeio não resistiu. Ele sobreviveu.